Dados epidemiológicos da Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde apontam um crescente aumento dos casos de infecção pelo HIV entre os jovens e adolescentes de Ribeirão Preto, nos últimos oito anos.
O levantamento aponta que entre 2007 e 2015, a taxa de detecção da infecção pelo HIV na cidade aumentou 220% entre os meninos na faixa etária de 15 a 19 anos, e 570% na faixa entre 20 e 24 anos.
Se considerado apenas o ano de 2016, ocorreram 207 notificações de infecção pelo HIV, sendo que 89 (43%) eram de jovens até 29 anos.
A coordenadora do programa municipal de DST/Aids, Tuberculose e Hepatites Virais, Lis Aparecida de Souza Neves, explica que embora entre as meninas não tenha ocorrido aumento significativo, tem se observado também situações de vulnerabilidade em que elas engravidam e descobrem a infecção durante a gravidez, colocando em risco também o bebê.
“Este aumento vem ocorrendo em todo o país”, explica a coordenadora do programa. Ela disse ainda que, além do HIV, o Departamento Nacional de Infecções Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais alerta para o risco de propagação de outras doenças, como HPV, herpes genital, gonorreia, hepatite B e C e, especialmente, sífilis.
“Os dados preocupam, pois os jovens conhecem as formas de prevenção, mas optam por não utilizá-las. Muitos acreditam que o não uso da camisinha é devido ao sentimento de invencibilidade da juventude e a falta de estímulo familiar, além das questões de romance ainda muito comum principalmente entre as garotas”, ressalta Lis Neves.
A especialista adverte que conversar sobre sexualidade no âmbito familiar ainda é um tabu, dificultando a introdução do hábito desse cuidado com a saúde na vida do jovem.
“É comum os pais temerem que falar sobre o assunto vá despertar a sexualidade dos filhos, mas esquecem que o tema é presença constante na televisão, na música e na internet.”
A coordenadora do programa Municipal de DST/Aids, Tuberculose e Hepatites Virais disse ainda que, da mesma forma, as escolas também receiam abordar o assunto, pois além de temerem a reação dos pais, muitos educadores acreditam que não é tema para ser discutido no contexto escolar. Assim, o jovem fica à mercê das suas próprias buscas, sendo que muitas vezes descobre tardiamente importância da prevenção.
“Acreditamos que todos os espaços de convivência dos jovens devam ser aproveitados para fomentar a participação juvenil, para que os adolescentes e jovens possam atuar como sujeitos transformadores da realidade.”