A 64ª rodada do Indicador de Atividade da Micro e Pequena Indústria de São Paulo, encomendado pelo Sindicato da Micro e Pequena Indústria (Simpi) ao Datafolha, revela o mês de junho como o pior desempenho das MPI’s no ano de 2018, refletindo num semestre negativo para a categoria.
A pesquisa aponta que apenas 10% dos micro e pequenos empresários fizeram consulta por empréstimo ou financiamento, fixando o indicador de junho como o pior desde agosto do ano passado. Os dados ainda deflagram uma alta taxa de insucesso, como revela o gráfico a seguir: (imagem disponível para download no fim do e-mail)
Entre os 10% dos empresários que consultaram as linhas de empréstimo e financiamento no mês de junho, mais da metade não obtiveram sucesso, cerca de 6,4%. Dos 10%, cerca de 21% dos empresários não conseguiram sequer uma resposta. E para quase metade 43% a resposta foi ‘não’. Os dirigentes das MPI’s que conseguiram o acesso ao crédito representam apenas 1/3 dos pedidos de crédito, 36%.
A taxa de juros segue como a principal queixa dos empresários para a obtenção de crédito, já que 43% dos dirigentes das micro e pequenas indústrias a consideram como a principal dificuldade para a obtenção de empréstimo ou financiamento.
No mês de junho apenas 2% dos empresários afirmam ter capital de giro mais do que suficiente, este percentual é o pior desde setembro de 2016. E para mais da metade das empresas (56%), o capital de giro está em nível insuficiente.
O nível de inadimplência, que registrou 37% nos meses de abril e maio, subiu para 42% em junho. 12% confirmam terem deixado de pagar algum fornecedor; 4% utilizaram empréstimo para ter capital de giro, sendo que destes, 5% usaram a concessão para pagar despesas. Todos esses indicativos são maiores do que em relação ao mês anterior.
Segundo o estudo, 46% dos dirigentes das MPI’s estão sinalizando uma alta significativa nos custos de produção. Mais uma vez, o destaque nas altas se deu pelo item matéria-prima e insumos, representando 36% das respostas.
A pesquisa afirma que os números negativos da categoria refletem a expectativa econômica que não veio. Os dados revelam um aumento nas demissões, na inadimplência e nos custos de produção.
Índice de Demissões é o mais alto
O Índice de Demissões aponta que neste mês de junho os empresários passaram a demitir mais, configurando o pior índice desde março de 2017. O Índice de Contratação e Demissão das MPI’s, que mede o nível de emprego das micro e pequenas indústrias, teve piora acentuada. Em maio deste ano, o nível era de 96 pontos, ante 84 pontos no mês de junho; sendo o pior desde março de 2017.
O sentimento de crise após a greve dos caminhoneiros
No último trimestre, de abril até junho, subiu de 55% para 69% a percepção de que a crise econômica segue afetando muito os negócios. Segundo os dirigentes das micro e pequenas indústrias, ainda não há previsão para retomada do crescimento da economia. Em maio, o índice era de 65%. A ampla maioria dos empresários, cerca de 90%, afirmam que a crise econômica continua afetando seus negócios e temem que a crise possa colocar o futuro das empresas em risco.
Segundo o presidente do Simpi, Joseph Couri, o último mês do semestre foi um conjunto de frustrações. “No balanço semestral, nós não avançamos nada em relação ao semestre do ano passado. O segundo trimestre deste ano foi ruim e este mês de junho foi péssimo para a economia das micro e pequenas indústrias, tudo indica um semestre perdido”, pontua.
Para fechar o balanço econômico negativo do semestre, a pesquisa demonstra, ainda, que a greve dos caminhoneiros em maio afetou diretamente duas em cada três MPI’s. Entre as pequenas empresas, aquelas que contratam de 10 a 50 empregados, 52% declararam terem sido muito afetadas pela paralisação. Para as pequenas indústrias, 64% afirmam uma relação direta de prejuízo entre o faturamento e a greve dos caminhoneiros. Segundo Couri, a greve dos caminhoneiros foi um acontecimento que agravou mais ainda o cenário de prejuízo para os empresários.
A Pesquisa
O Indicador de Atividade da Micro e Pequena Indústria de São Paulo, encomendado pelo Simpi e efetuada pelo Datafolha, é reconhecido como sinalizador de tendência. É importante salientar que 42% das MPIs de todo Brasil estão em de São Paulo.
A íntegra das 64 pesquisas Simpi/Datafolha, desde março de 2013, está disponível no site da entidade (http://www.simpi.org.br).