Cada três crianças de 5 a 9 anos está acima do peso; A combinação de videogame, falta de atividade física e má alimentação está formando uma geração obesa que será afetada por doenças antes conhecidas apenas na vida adulta. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até 2025 o número de crianças com sobrepeso e obesidade pode chegar a 75 milhões.
Falta de atividade física associada à má alimentação é uma combinação muito perigosa. Muitas vezes os próprios pais são os culpados, já que muitas vezes é mais fácil e prático optar por alimentos prontos ou fast food.
A obesidade, que já é considerada uma epidemia, altera totalmente o funcionamento do corpo. Problemas que costumam afetar apenas adultos passam a ser detectados em crianças e adolescentes, como hipertensão, colesterol alterado, diabetes tipo 2, depressão, ansiedade, estresse, síndrome do pânico, enxaqueca e dores de cabeça, miopia transitória, problemas cardiovasculares e o desenvolvimento do câncer.
Atividade física
O sedentarismo é a principal causa da obesidade na infância, e por isso a criança precisa ser inserida ao mundo da atividade física desde bebê. Os pequenos têm o metabolismo acelerado e muita energia para gastar. É importante que os pais incentivem os filhos a praticar esportes e a criança tem que experimentar algumas atividades até escolher a sua preferida. “Desta maneira, o interesse em praticar a atividade será algo prazeroso, e não uma obrigação. Nem sempre a modalidade que os pais gostam ou desejam que o filho faça coincide com a preferência deles. Atividade física é a melhor prevenção contra a obesidade e, se realizada com prazer e sem cobrança, ajuda a potencializar os resultados”, afirma Adriana Souza, coordenadora da Escola de Esportes, unidade Eldorado.
Os hábitos familiares servem de referência para as crianças. Os pais são exemplos para os filhos em todas as etapas da vida – principalmente na infância. Segundo a educadora física, há maneiras simples de praticar atividade física em família, como brincar, levar o cachorro para passear, pular amarelinha e jogar futebol. “É importante estimular a criança a praticar brincadeiras e atividades mais ativas. Crianças que passam muito tempo no celular, computador e videogame acabam perdendo o interesse por outras atividades, além de deixar de brincar, interagir e criar novas brincadeiras com outras crianças.”
Alimentação saudável
A vida moderna tem milhares de facilidades, entre elas a comida congelada, prática, fica pronta em minutos sem trabalho algum e com preço acessível. Mas produtos industrializados tem altíssimo teor de sódio, excesso de açúcar e gordura trans. As famílias estão deixando de lado o costume de preparar sua própria alimentação. E esquecem a importância de escolher os melhores alimentos, de checar os rótulos para identificar o que estão consumindo. “Muitas crianças querem produtos que viram nos comerciais de TV, por terem embalagens coloridas e chamativas associadas a personagens famosos ou por atrativos como brindes e jogos. Devemos priorizar os alimentos frescos”, afirma a nutricionista infantil Flávia Monzillo.
A Bodytech Eldorado tem essa preocupação e, para incentivar as crianças a aprenderem a importância da alimentação saudável, criou o programa “Turminha Saudável”, composto por minipalestras para as crianças e cuidadores. O programa aborda vários temas, como por exemplo: ‘suco natural x suco de caixinha’, ‘como fazer a criança experimentar novos alimentos de forma divertida’, entre outros. Os clientes também participam de oficina ‘mão na massa’, com uniforme de chef de cozinha. “Queremos proporcionar uma vivência diferente na academia, ensinar as crianças a escolher melhor seu alimento em uma atividade prazerosa e ressaltar a importância de comer bem”, afirma Adriana Souza, coordenadora da Escola de Esportes.
Para atrair as crianças, os alimentos são divididos em quatro grupos, representados por cores e figuras lúdicas: reguladores – frutas, hortaliças, verduras e legumes (verde), construtores – leite e derivados, leguminosas e carnes (vermelho), energéticos – grãos, cereais, tubérculos e massas (amarelo), caixa preta – salgadinhos, biscoito recheado, balas, fast-food e frituras. Nessa última categoria entra o uso excessivo de internet, do celular, da televisão, do videogame e o sedentarismo. “O objetivo desta linguagem é educar as crianças sobre as diferentes funções dos alimentos e que tudo em equilíbrio pode entrar no cardápio”, lembra Flávia Monzillo.
Psicológico
A cura para a obesidade é a combinação de atividade física e alimentação saudável. Para aplicar efetivamente essa prevenção é preciso um esforço consciente, especialmente dos pais dessas crianças, uma ação bastante complexa num mundo onde o imediatismo é a palavra de ordem.
“Uma alimentação equilibrada e saudável está diretamente ligada à frustração da nossa vontade. Comer traz um prazer enorme, mas comer demais gera um custo altíssimo para a saúde emocional e física das pessoas. Os pais estão preocupados com a qualidade da alimentação de seus filhos, mas ao mesmo tempo não tem ideia de como agir para mudar isso”, afirma Deise Navarro, psicóloga, pesquisadora sobre relacionamentos familiares na contemporaneidade. A seguir, cinco dicas da psicóloga para lutar contra a obesidade:
1) Dê o exemplo: O exemplo vale mais que 1000 palavras: a primeira coisa que os pais devem fazer é dar o exemplo, começando a mudar seus próprios hábitos alimentares e também esportivos
2) Estimule a experiência de novos sabores: Proporcionar o desenvolvimento do paladar por alimentos saudáveis: variar os alimentos é essencial para que o organismo da criança tenha vontade de comer melhor. A insistência é uma importante aliada – nem sempre a primeira vez que se experimenta é suficiente, explique para a criança que é preciso comer algumas vezes antes de decidir que realmente não gosta daquele tipo de alimento.
3)Controle a alimentação desde pequeno: Alimento e afeto são coisas diferentes: embora haja uma conexão profunda entre comer e amar, não podem considerar as duas coisas como sinônimos. O amor que ensina a se alimentar bem também ensina a lidar com a frustração de não comer até não aguentar mais, mesmo que esteja delicioso. É importante controlar a alimentação da criança enquanto se pequeno, para que ele aprenda a controlar sozinho quando for adulto. Dessa forma, também estará ensinando seu filho a lidar com a própria ansiedade.
4)Estimule seu filho a fazer atividades físicas: É possível que esse tema seja chato para muitos pais que não gostam de praticar esporte, mas isso não tira a responsabilidade deles em introduzir atividades físicas na vida dos filhos. Não precisa ser nada muito sofisticado como uma aula de ballet ou futebol. Caminhar, jogar bola, andar a pé – atividades do dia a dia.
5) Aprenda a dizer ‘não’ a um desejo do seu filho: Ao negar alguma coisa é importante não voltar atrás na decisão para não enfraquecer sua autoridade e criar atritos na relação com seu filho. Muitas vezes, os pais se tornar permissivos ao tentar evitar que os filhos não passem por situações vividas por eles no passado e para não gerar sofrimento. Um sentimento de culpa comum é o fato dos pais trabalharem fora, o que deixa uma sensação de ‘abandono diário’ – tal fato pode gerar uma ideia equivocada de ter que compensar a ausência com muitos ‘sims’.