Depois de analisar os dados sobre os acidentes de trânsito em Ribeirão Preto no período de novembro de 2016 até novembro de 2017 e o impacto deles no Sistema Único de Saúde (SUS), o Boletim Saúde do Ceper/Fundace traça um comparativo do perfil dos acidentes de trânsito e seu impacto no sistema público de saúde durante o ano de 2017 em quatro cidades paulistas de portes similares e com características semelhantes.
Os dados foram coletados a partir das bases do DATASUS (departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil), como o SIH/SUS (Sistemas de Informações Hospitalares do SUS) e SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade.). O estudo faz parte do projeto acidentes de transito em Ribeirão Preto e foi financiado pela Fundação Waldemar Barnsley Pessoa.
As cidades comparadas são Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, São José dos Campos e Sorocaba, com populações de 674.405, 446.649, 695.992e 652.481 habitantes, respectivamente.
São José do Rio Preto foi a cidade com o maior índice de internações provocadas por acidentes de transporte, que são acidentes que envolvem ao menos um veículo. Uma explicação para isso é que Rio Preto, dentre as quatro avaliadas, é a cidade com a menor população (aproximadamente 447 mil habitantes), mas ocupa o segundo lugar no número de internações por essa causa, somando 1.593 internações provocadas por acidentes de transporte no ano de 2017.
Em novembro de 2017, o índice de internações provocadas por acidentes de transporte em Ribeirão Preto alcançou o de São José de Rio Preto. No mês de dezembro de 2017, Ribeirão Preto ultrapassou este indicador, devido à diminuição do número de acidentes em São José do Rio Preto.
VALOR DAS INTERNAÇÕES – O estudo também avaliou o valor total das internações provocadas por acidentes terrestres, o que pode indicar a gravidade dos acidentes. Segundo o DataSUS, valor total é o valor referente às AIH (Autorização de Internação Hospitalar) aprovadas. Este valor não corresponde, obrigatoriamente, ao que é repassado ao estabelecimento, pois as unidades podem receber outros recursos orçamentários ou retenções e pagamentos de incentivos. Portanto, este valor deve ser considerado como o valor aprovado da produção e não como o custo total devido ao acidente.
Ribeirão Preto e São José do Rio Preto são os municípios que possuem os maiores custos com internações decorrentes de acidentes de trânsito, alternando-se nas primeiras colocações do ranking. Durante todo o ano de 2017, foram gastos R$ 3.616.240,18 em Ribeirão Preto e R$ 3.640.919,28 em São José do Rio Preto, o que representa aproximadamente três vezes mais que o custo em São José dos Campos, que totalizou em 2017 R$ 1.069.364,10.
Quando se observa a média dos custos (valor total dividido pela quantidade de internações), todas as cidades ficam bem próximas, com um custo médio em torno de R$2 mil, com uma diferença média de cerca de R$500,00 entre a cidade com a maior média (São José do Rio Preto) e a cidade com a menor média (São José dos Campos).
MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS – De modo geral, nota-se a redução de óbitos em todas as cidades com tendência à manutenção do declínio destes números. Analisando o histórico quantitativo de óbitos em acidentes de trânsito no período entre 2011 e 2015, São José do Rio Preto tem o índice mais elevado de mortalidade, seguido por Sorocaba e Ribeirão Preto. São José dos Campos mais uma vez permanece com o melhor índice dentre as quatro cidades analisadas. A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana atribui o fato às políticas públicas em prol da diminuição dos acidentes de trânsito na cidade, com atuações nos setores de engenharia, fiscalização e educação de trânsito.
As cidades comparadas apresentam praticamente o mesmo perfil epidemiológico das vítimas de acidentes de trânsito, tanto as internadas como as vítimas que chegaram a óbito. Tal perfil de ‘grupo de risco’ é padrão em quase todas as cidades e estados do País: homens, jovens (entre 20 e 39 anos) e motociclistas, que compreende a maioria das vítimas.
Os altos gastos por atendimento evidenciam a gravidade dos atendimentos envolvendo acidentes de trânsito e a mobilização de recursos para tratar as vítimas. “A questão é discutida há tempos no sistema de saúde por ser impactante e de como é possível reduzi-la, uma vez que em geral acidentes envolvendo meios de transporte são resultados da imprudência dos condutores ou do déficit em infraestrutura das vias”, aponta o pesquisador André Lucirton, coordenador do estudo. “É de grande importância que o assunto seja discutido em sociedade e que informações cheguem ao maior número de condutores e usuários. Consciência coletiva é a melhor prevenção”, conclui o pesquisador.
O estudo completo está disponível no link: https://www.fundace.org.br/_up_ceper_boletim/ceper_201803_00350.pdf
Ceper – O Centro de Pesquisa em Economia Regional foi criado em 2012 e tem como objetivo desenvolver análises regionais sobre o desempenho econômico e administrativo regional do País. Sua criação reúne a experiência de diversos pesquisadores da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto) da Universidade de São Paulo em pesquisas relacionadas ao Desenvolvimento Econômico e Social em nível regional, a análise de Conjuntura Econômica, Financeira e Administrativa de municípios e Gestão de Organizações municipais, entre outros. A iniciativa de criação do Centro foi dos pesquisadores Rudinei Toneto Junior, Sérgio Sakurai, Luciano Nakabashi e André Lucirton Costa, todos da FEA-RP/USP. Os Boletins Ceper têm o apoio do Banco Ribeirão Preto, Stéfani Nogueira Incorporação e Construção, São Francisco Clínicas, Citröen Independance, Ribeirão Diesel e CM Agropecuária e Participações.
Fundace – A Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (Fundace) é uma instituição privada sem fins lucrativos criada em 1995 para facilitar o processo de integração entre a FEA-RP e a comunidade. Oferece cursos de pós-graduação (MBA) e extensão em diversas áreas. Também realiza projetos de pesquisa in company além do levantamento de indicadores econômicos e sociais nacionais regionais.