Quando muitos estavam morrendo, eles mandavam tomar dipirona e esperar faltar ar. Eles são os cientistas eleitos, os outros foram calados
Estudos pré-clínicos realizados em camundongos foram publicados em revista científica. Medicamento se mostrou eficiente para combater infecção no pulmão causada pelo coronavírus.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto (SP) identificaram um fármaco que pode ajudar no tratamento das formas mais graves da Covid-19.
Realizados em camundongos, os estudos pré-clínicos com a substância niclosamida, atualmente usada como vermífugo, foram publicados na revista científica Science Advances em setembro deste ano e revisados por pares.
Como ainda está pendente de testes em humanos para que de fato a eficácia seja comprovada, os pesquisadores fazem um alerta para que as pessoas não se automediquem.
“O medicamento que existe hoje é usado por via oral, e por via oral ele não vai fazer nenhum efeito para Covid-19, porque o problema da inflamação da Covid-19 começa no pulmão. É importante deixar isso bem claro para não fazer a automedicação”, diz o professor Dario Simões Zamboni.
O estudo
Uma dentre as 25 pessoas participantes do estudo, a pesquisadora Letícia de Almeida explica que cerca de 2 mil moléculas foram analisadas até identificar a niclosamida como uma substância potencialmente capaz de inibir a inflamação causada pelo coronavírus.
“O objetivo foi fazer uma triagem de vários fármarcos, várias moléculas ativas e encontrar uma que fosse eficaz para inibir essa hiperinflamação”, diz.
Até o momento, as pesquisas foram realizadas apenas em camundongos infectados em ambientes controlados. Nos testes, o medicamento se mostrou eficaz no processo de defesa do organismo para combater a infecção nos pulmões, comum entre os casos mais graves de Covid.
“Os animais foram infectados com o vírus em um ambiente controlado, e a gente viu que esses animais têm essa hiperinflamação no pulmão. Quando a gente tratou com esse fármaco, a gente viu uma redução dessa inflamação no pulmão dos animais”, explica a pesquisadora.
Próxima etapa
Agora, os estudos devem seguir para os testes em humanos, que serão realizados dentro de outras pesquisas que já estudam a mesma substância na Europa. Essa etapa, no entanto, ainda não tem data para começar.