O tráfego intenso e barulhento nas cidades; a música em decibéis acima do indicado em shows e boates; o som sempre altíssimo nos fones de ouvido; sem falar nos barulhos naturais da casa, escola ou do trabalho. Essa ‘overdose sonora’ que atinge a todos diariamente, voluntária ou involuntariamente, pode trazer consequências nefastas à audição, prejudicando aos poucos nossa capacidade de ouvir. Por isso, em 10 de novembro, Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez, o alerta é importante.
A perda de audição vem ao longo do tempo e pode chegar mais cedo se não nos resguardarmos quanto ao excesso de barulhos no cotidiano. E as novas gerações serão as maiores vítimas, como preveem os especialistas. Muitos jovens já incorporaram o hábito de ouvir música por meio de fones que conduzem o som alto diretamente ao canal auditivo, o que é péssimo para a audição. São os próprios médicos e fonoaudiólogos que alertam: a juventude deve ter mais consciência quanto aos riscos do som alto e proteger a audição sob pena de ter perda auditiva antes de envelhecer ou até mesmo antes da meia-idade.
A fonoaudióloga Isabela Carvalho, especialista em audiologia, ressalva, no entanto, que as consequências do uso frequente de fones de ouvido não são as mesmas para todos. Variam de acordo com o período de exposição sonora e a predisposição genética de cada um.
“Recomendamos aos jovens que usam fones que façam uma audiometria. É o exame que informa se há perda de audição e como proceder para evitar o agravamento do problema”, aconselha.
O pior é que a maioria das pessoas que já tem déficit auditivo não reconhece que ouve mal. A falta de informação e o preconceito fazem com que a consulta ao médico seja protelada, em média, por sete anos.
A especialista analisa as causas da perda auditiva.
Trânsito
Já se constata que a perda auditiva começa a surgir mais cedo entre os moradores de grandes cidades. O trânsito pode ser um vilão. Enquanto houver falhas na fiscalização de ônibus, carros, motos e caminhões, uma solução barata e inteligente é usar protetores de ouvido.
Exposição contínua a ruídos
TV, rádio, liquidificador, aspirador de pó, secador de cabelos, aparelhos de som, jogos de videogame e fones de ouvido fazem parte do nosso cotidiano. O nível de barulho em casa também tem grande impacto. É fundamental estar atento aos limites de decibéis (85 dB) recomendados, não só em respeito aos vizinhos, mas em benefício da própria saúde.
Barulho da moto
Se você quer pilotar embalado pelo ronco de sua moto por muitos e muitos anos, vale a pena usar protetores auriculares. Estudo do Instituto Nacional de Surdez e Outras Doenças de Comunicação, dos EUA, constatou que uma moto emite ruídos em torno de 95 decibéis. Ruídos acima de 85 dB podem causar alterações na estrutura interna do ouvido e perda permanente de audição com o decorrer dos anos.
Na escola
A algazarra nos pátios e dentro das salas de aula podem, desde cedo, contribuir para danos auditivos. Por outro lado, um aluno distraído, disperso, pode ter déficit auditivo e com isso não consegue prestar atenção na aula. Costuma ter conflitos de relacionamento e apresentar distúrbios de comportamento como falta de concentração ou retraimento em excesso. É preciso investigar logo para que isso não afete ainda mais o seu aprendizado.
Crianças vítimas de rubéola
Existem evidências de que a perda de audição seja a deficiência mais comum em crianças infectadas congenitamente pela rubéola. A busca de ajuda deve ocorrer rapidamente. Após teste auditivo, avalia-se o tipo de tratamento necessário para cada criança.
Ao desconfiar de dificuldades para ouvir, consulte um médico otorrinolaringologista para obter um diagnóstico preciso. A partir de avaliações como a audiometria, é indicado o tratamento adequado. Muitas vezes, o uso de aparelho auditivo devolve a alegria de ouvir, facilita o dia a dia e melhora a autoestima. Atualmente os aparelhos são minúsculos, discretos, alguns são até invisíveis, pois ficam dentro do canal auditivo, mantendo a elegância de quem os usa.