No Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, a FEHOESP-Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo faz um alerta para que médicos e profissionais de saúde estejam atentos aos casos de assédio e violência sexual contra a mulher nos prontos-socorros e clínicas. Segundo o médico e presidente da FEHOESP, Yussif Ali Mere Jr, todo o segmento de atendimento à saúde deve estar preparado para atender e acolher as mulheres vítimas de casos de violência.
Este tipo de crime sofre subnotificação por parte das mulheres agredidas por medo, vergonha ou ignorância dos seus direitos. Segundo estimativas do Ministério da Saúde, entre 10% e 20% apenas dos casos de violência contra a mulher são denunciados às autoridades competentes. O último Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2017) registrou quase 50 mil estupros no país em 2016, um aumento de 3,5% em relação ao ano anterior. Calcula-se que esse número represente apenas 10% do total de casos que realmente acontecem, ou seja, o Brasil pode ter quase meio milhão de estupros a cada ano.
Transtornos à saúde
O assédio sexual pode desencadear problemas de saúde, sociais e comportamentais. Mas as pessoas reagem de forma diferenciada a um assédio. O médico Yussif Ali Mere Jr chama atenção para estudos que mostram que o assédio pode causar transtornos mentais, físicos e sociais. “A mulher assediada pode ter depressão e estresse pós-traumático. Outras consequências da violência sexual incluem a gravidez indesejada, as doenças sexualmente transmissíveis, maior propensão ao uso de álcool, drogas e suicídio”, alerta.
No âmbito familiar, a violência sexual pode gerar problemas familiares e sociais, abandono dos estudos, perda do emprego, separação conjugal, entre outras. Para o presidente da Federação, o combate à violência começa com a garantia de uma rede de apoio às vítimas. ”Elas precisam de suporte emocional adequado, dado por profissionais bem preparados e, ao mesmo tempo, precisam de meios legais eficientes que as protejam, sendo a denúncia desses crimes o melhor caminho para mudar a atual situação de impunidade”, destaca o médico.
Assédio sexual não é punido
Na opinião de especialistas, o assédio sexual não é punido no país por falta de lei específica e, mais que isso, por falha na formação de juízes no entendimento da gravidade da violência de gênero. De acordo com o presidente da Federação, ignorar o impacto, o trauma e os danos da violência sexual são reflexos de um comportamento machista e patriarcal da própria sociedade e do sistema judiciário.