Recentemente, a fábrica de brinquedos espanhola Miniland ganhou o prêmio de “melhor brinquedo escolhido pelo júri do ano de 2020” com a sua coleção de bonecos com síndrome de Down. A iniciativa foi reconhecida por promover a diversidade, que gera identificação, e estimular a necessidade da integração de indivíduos com trissomia 21 em todas as esferas da vida – como lazer, artes, educação e profissional.
De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, estima-se que no Brasil quase 300 mil pessoas têm a trissomia do cromossomo 21, uma síndrome genética, e não uma doença, caracterizada pela presença de três cromossomos 21 em todas ou na maior parte das células de um indivíduo. Estabelecido pela Down Syndrome International (DSI), e reconhecido pela ONU (Organização das Nações Unidas), o Dia Internacional da Síndrome de Down (21/03) tem o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a dignidade de pessoas com essa condição e defender sua inclusão e seu bem-estar.
Um olhar atento para as crianças com síndrome de Down pode contribuir significativamente para seu desenvolvimento e qualidade de vida. Segundo Rosiane Almeida, professora de Enfermagem da Estácio, com empenho e orientação é possível driblar as dificuldades do atual cenário e manter em casa as atividades essenciais à evolução dos pequenos.
“O desenvolvimento não depende apenas de profissionais capacitados e terapias. A família é fundamental nesse processo, deve participar do dia a dia e estimular a criança. Pais ou demais familiares que cuidam de crianças com síndrome de Down devem dar continuidade, dentro de casa, às instruções que a equipe multidisciplinar emprega presencialmente”, descreve a profissional.
Rosiane Almeida explica que são inúmeras as atividades possíveis de serem feitas em casa de acordo com cada idade, não apenas para promover o progresso da criança como para fortalecer os laços afetivos: fazer sons com diferentes instrumentos ajudam no desenvolvimento da linguagem; olhar nos olhos estabelece vínculos; ler histórias fazendo coreografias e usando as mãos do bebê; colocar a criança de barriga para baixo no chão e apoiar o peito em um rolo de espuma ou feito de toalha estimula a engatinhar; brincadeiras despertam capacidades como interação, atenção, memória, imaginação, organização, limites, entre outras.
Tecnologia supera dificuldades impostas pelo atual cenário
Segundo Rosiane Almeida, os recursos tecnológicos têm sido uma significativa ferramenta de apoio e também de atendimento. “Atualmente, existem redes que contam com a participação de diversas comunidades de apoio à trissomia 21, na qual são compartilhadas dicas e informações, além de palestras, seminários, transmissões online com especialistas. É uma interação importante, em que é possível conectar as famílias aos profissionais de apoio”, destaca.
Rosiane Almeida, destaca que o acompanhamento pode trazer resultados significativos. A mãe do Théo, que tem síndrome de Down, recebe frequentemente vídeos feitos por mães para mostrar a evolução dos pequenos. “É muito gratificante ver esses vídeos e notar que as crianças estão sendo super bem desenvolvidas. São mães extremamente dedicadas, que buscam conhecimento e conseguem estimular os filhos de uma maneira surpreendente. Por isso gosto de frisar que nós, profissionais, temos uma função importante no tratamento e reabilitação dessas crianças, mas nosso principal dever é orientar e conscientizar as famílias do seu papel nessa trajetória”, pontua a especialista.
Sobre Rosiane Almeida
Docente de graduação em Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição e Odontologia.
Especialista em Saúde da Criança e Adolescente, especialista em Saúde da Mulher, especialista em Psicomotricidade e Desenvolvimento Humano.