Depoimento de Moro: 15 meses se tornaram 15 dias de pastel de vento

Moro disse que cabe a Bolsonaro explicar motivo de interferência, que segundo a constituição é direito do presidente eleito fazer

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Em 8 horas de depoimento a Policia Federal, Moro apresentou apenas o que já havia vazado para rede Globo.

Em seu depoimento prestado no sábado, o ex-ministro Sergio Moro afirmou aos investigadores que cabe ao presidente Jair Bolsonaro esclarecer os motivos de suas tentativas de interferência na Polícia Federal e reiterou as acusações feitas em seu pedido de demissão, no último dia 24. Os diálogos entregues pelo ex-ministro à PF se referem apenas ao período dos últimos 15 dias em que manteve contato com Bolsonaro.

Moro confirmou que uma das preocupações do presidente eram inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) e entregou cópia da conversa, revelada pelo “Jornal Nacional”, na qual Bolsonaro cita que a investigação contra seus aliados seria “mais um motivo” para a demissão do então diretor-geral da PF Maurício Valeixo.

Ao prestar depoimento, Moro entregou seu celular para a PF extrair cópias das conversas relevantes para a investigação.

O ex-ministro, entretanto, não guardava diálogos antigos, por ter receio de ser alvo de novos ataques hacker. Por isso, as conversas entregues por Moro se referiam apenas aos últimos 15 dias, quando ele já acumulava atritos com Bolsonaro e sofria pressão para demitir Valeixo. Além da conversa com o presidente, a PF também copiou as conversas mantidas por Moro com a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), que tentou convencê-lo a aceitar a demissão de Valeixo.

O material será periciado pela PF.

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O que Moro chama de interferência, O ex-presidente da República Michel Temer explica

“O presidente da República tem o direito de nomear, legalmente estabelecido, não só pela Constituição, pois ele [Bolsonaro] fala muito da lei, mas a própria Constituição estabelece que o presidente da República nomeie os cargos da administração pública federal, como também por lei, que vislumbrando este dispositivo constitucional, estabelece que ele é que nomeia o diretor da Polícia Federal”, afirmou o ex-presidente.

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