Maurício Valeixo afirmou hoje em seu depoimento que:
“Quando houve o convite e as conversas que se seguiram com o ex-ministro, trataram sobre as indicações dos cargos de chefia, os quais entendia que as definições deveriam se dar no âmbito da Polícia Federal. Que houve concordância sobre isso por parte do dr. Sergio Moro”, disse.
“Na gestão do depoente, a escolha de superintendentes era tratada em reuniões de diretoria, nas quais os diretores eram consultados; Que não havia nenhum critério objetivo pré-estabelecido, no entanto era considerado o histórico de trabalho, funcional, do avaliado; Que não havia necessidade de aprovação por parte do Ministro da Justiça para a escolha de algum superintendente; Que nunca foi indicado pelo dr. Moro qualquer nome para a função de superintendente”, afirmou o delegado.
Em seu depoimento, Maurício Valeixo foi questionado sobre o que considera interferência política na Polícia Federal.
Segundo ele, seria quando há uma “indicação com interesse específico numa investigação específica”. Mas que, sob seu ponto de vista, isso nunca aconteceu.
Ao depor, o próprio Sergio Moro disse que Bolsonaro tratou de eventuais demandas de relatórios de inteligência, pela primeira vez, na reunião do dia 22 de abril. Ele se demitiu dois dias depois.
Ex-diretor-geral demitido pelo presidente prestou depoimento por mais de 6h para inquérito sobre supostas interferências de Bolsonaro na Polícia Federal
O delegado também relatou no depoimento que recebeu, na noite de 23 de abril, um telefonema do próprio Bolsonaro. Valeixo relatou que, na conversa, o presidente comunicou sua exoneração do cargo de diretor-geral da PF.
Nesse telefonema, Valeixo afirmou que Bolsonaro lhe informou que sua exoneração sairia “a pedido”, como se ele próprio tivesse pedido demissão. O então diretor-geral da PF relatou que não apresentou objeção ao fato de constar “a pedido” na exoneração.
O ex-diretor-geral foi ouvido na Superintendência da PF em Curitiba, onde está passando férias após sua saída do cargo.