Rússia oferece corredores humanitários de cinco cidades da Ucrânia

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A Rússia propôs o estabelecimento de corredores humanitários para permitir que civis deixem cinco cidades ucranianas, incluindo a capital Kiev, a partir das 9h (horário local) de terça-feira, dependendo da concordância da Ucrânia, informaram agências de notícias russas. Mas a maioria dos corredores seria para a Rússia ou para Belarus, algo que as autoridades ucranianas rejeitaram.

Civis deixando as cidades de Kiev, Chernigov e Kharkiv viajariam para a Rússia, alguns via Belarus, informou a agência de notícias Interfax, citando comunicado de um comitê russo encarregado da coordenação humanitária na Ucrânia.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, rejeitou propostas anteriores para a saída de cidadãos ucranianos para o que ele descreveu como “território ocupado” na Rússia e em Belarus.

As pessoas que deixassem a cidade de Sumy e Mariupol teriam, no entanto, a possibilidade de escolher entre a Rússia ou as cidades ucranianas de Poltava e Zaporizhia, respectivamente, de acordo com o comunicado mencionado pela Interfax.

A Ucrânia recebeu até as 3 da manhã (horário de Moscou) para concordar com os termos, disse a Interfax.

O embaixador ucraniano na ONU, Sergiy Kyslytsya, disse nesta segunda durante reunião do Conselho de Segurança da ONU que a Rússia havia “minado os arranjos” dos corredores humanitários ao insistir que todas as rotas passem pela Rússia ou por Belarus.

Rússia pode atacar Kiev nos próximos dias, dizem especialistas

O Instituto para o Estudo da Guerra, centro de reflexão com sede em Washington, concluiu que a Rússia está resolvendo problemas logísticos e pode atacar Kiev nos próximos dias.

“As forças russas continuam a se concentrar nos arredores leste, noroeste e oeste de Kiev para um ataque à capital nas próximas 24 a 96 horas”, diz avaliação publicada pelo Instituto.

O sucesso estará dependente da forma como os russos conseguirem “reabastecer, reorganizar e planejar”, após a invasão inicial que os especialistas acreditam que se desfez devido a previsões falhas – em que os militares não se prepararam, em primeira instância, para uma ofensiva terrestre estratégica contra uma Ucrânia determinada e hostil, diz o jornal The Guardian.

“As forças russas estão se consolidando e se preparando para novas operações nas periferias oeste e leste de Kiev, especialmente na área de Irpin, no oeste, e de Brovary no leste”, diz o instituto, que assume que as forças russas continuam os preparativos para um ataque a Kiev nos próximos dias. “Eles obtiveram ganhos limitados, mas notáveis, nos arredores do noroeste de Kiev e continum a concentrar forças para um ataque à cidade”, acrescenta.

“Nenhuma parte da operação militar parecia racional ou o que se esperaria que fizessem”, disse Michael Kofman, diretor do programa sobre a Rússia no centro de estudos CNA, lembrando que unidades levemente blindadas fizeram tentativas fracassadas de marchar para Kiev e Kharkiv nos primeiros dias do conflito. Kofman acredita que foi dito aos soldados russos que eles iriam “ajudar ucranianos a lse ibertarem”.

Nesse ataque à capital, destacou-se a coluna de veículos militares que seguia em direção a Kiev e que se estendeu por dezenas de quilômetros, ficando estagnada, com veículos sem combustível ou com problemas. Criou-se um problema de filas de veículos, com poucas estradas alternativas e com bordas enlameadas que dificultavam manobras.

Falando em evento organizado pelo centro de estudos Rusi (Royal United Services Institute), Kofman disse que acredita que “a questão de logística está supervalorizada” e que o problema enfrentado pelos invasores é mais básico: era “extremamente difícil desfazer” o congestionamento criado nas estradas.

“Os militares, muitas vezes, têm que aprender os problemas da maneira mais difícil”, afirmou..

Os especialistas consideram que o problema criado na coluna procedente do Norte não foi sentido em outros locais.

Por outro lado, as forças ucranianas não conseguiram fazer qualquer tentativa de tentar destruir a coluna, demonstrando a fragilidade das Forças Armadas, acrescenta o Guardian.

De acordo com o Instituto para o Estudo da Guerra, as forças ucranianas estão desafiando as linhas russas estendidas que vão de Sumy, ainda não ocupada pelas forças russas, até a periferia leste de Kiev.

Os peritos acreditam que os próximo dias poderão ser críticos.

Nick Reynolds, especialista da Rusi, levanta a dúvida.

“A questão é se estará em boa forma, suficiente para tentar completar o cerco a Kiev, “dado o martelar físico e psicológico que suas forças sofreram enquanto estavam em estado de desorganização”.

Conflito na Ucrânia leva Europa a reforçar orçamentos de defesa

Após a invasão russa na Ucrânia, que começou há 13 dias, os líderes europeus passaram a expressar grande preocupação com a defesa de seus territórios e com a dependência energética em relação ao gás e petróleo da Rússia.

Esses assuntos serão discutidos amanhã (10) e sexta-feira (11) em reunião do Conselho Europeu, em Versalhes, e foram comentados pelo presidente francês, Emmanuel Macron e pelo primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte.

Macron e Rutte fizeram declarações hoje (9), em frente ao Palácio do Eliseu, residência oficial do presidente francês, em Paris. Macron disse que a Europa precisa construir uma independência estratégica maior em matéria de defesa. “Estamos juntos aqui para fazer da Europa uma potência geopolítica. Essa guerra no solo europeu nos impõe avaliar as consequências agora e no médio prazo”, afirmou.

Mark Rutte, premiê holandês, afirmou que lideranças europeias precisam discutir a dependência do petróleo e do gás da Rússia. “Não vou propor a gente cortar o suprimento hoje, não é possível, porque precisamos do suprimento russo. Mas podemos fazer mais para avançar nessa agenda verde, descarbonizar nossas economias. E fazer uso do pacote verde, com  novas tecnologias, novos empregos. Isso está no cerne das nossas discussões, focar em inovação e que tenhamos autonomia”.

Rutte afirmou também a necessidade de se aumentar os gastos com a defesa. “Estamos sempre abaixo dos 2% [percentual do orçamento total destinado à defesa], então agora estamos aumentando em 25% nossos gastos com defesa. Não vamos chegar a 2% agora, mas vamos chegar lá o mais rápido possível”.

O premiê holandês disse “uma página foi virada na história europeia e que temos que trabalhar mais juntos para manter nossos países e povos seguros”.  

Os temas de defesa, segurança e independência energética estarão em debate nos próximos dias no Conselho Europeu, tanto que, em carta de convite do presidente Charles Michel aos membros do organismo, ele afirma que “a agressão militar não provocada e injustificada da Rússia contra a Ucrânia é uma violação flagrante do direito internacional e compromete a segurança europeia. À luz dos recentes acontecimentos, é mais urgente do que nunca tomarmos medidas decisivas para reforçar a nossa soberania, reduzir as nossas dependências de terceiros e conceber um novo modelo de crescimento e investimento”.

Berlim

Em Berlim, Olaf Scholz, primeiro-ministro da Alemanha, também reforçou a preocupação com a segurança e as questões climáticas na Europa. “A gente tem que ter alternativas para reduzir a emissão de carbono, para nos tornarmos neutros do ponto de vista do carbono em 20 anos, é um grande desafio”. Ele disse ainda que o país precisa diversificar as matérias-primas para as indústrias e para o suprimento de gás. A Alemanha importa da Rússia aproximadamente 50% do gás que consome. 

Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, ao lado de Scholz, disse que a crise na Ucrânia demonstra a importância da segurança energética, da aceleração para a transição verde. “A gente quer atingir a emissão zero e estamos construindo economias limpas” reforçou.

Trudeau explicou que o Canadá vai enviar para a Ucrânia equipamentos militares especializados, além 50 milhões de dólares.

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