Mãe drogada, Abusada, Pressionada, Simone não aguentou

A estrela das Olimpíadas teve uma vida terrível. Separada da mãe viciada, abusada sexualmente por médico do Comitê de Ginástica Norte-Americano, cobrada por recordes.

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A estrela das Olimpíadas teve uma vida terrível. Separada da mãe viciada, abusada sexualmente por médico do Comitê de Ginástica Norte-Americano, vítima de preconceito racial, cobrada por recordes. Desistiu de Tóquio

24 anos, ginasta, norte-americana, negra.
Vinte e cinco medalhas em Mundiais. 19 de ouro.
Nas Olimpíadas do Rio de Janeiro entrou para a história, com quatro medalhas de ouro e uma de bronze.

Era a grande atração da Olimpíada de Tóquio.
A expectativa era para a conquista de quatro ou cinco medalhas de ouro. A imprensa norte-americana garantia que ela estava no auge da forma. E que iria aproveitar os holofotes para mostrar movimentos inéditos na ginástica olímpica. 
Iria além de onde ninguém foi. 

A pressão era imensa.

Ela chegou sorridente em Tóquio. Conversou, brincou com seus seguidores no Instagram. Comemorou o aniversário do seu namorado, que ficou nos Estados Unidos. Parecia estar no melhor momento de sua carreira.

Havia trocado a Nike, que fora sua patrocinadora por seis anos, por uma marca que prioriza as mulheres, Athleta, divisão da GAP. A troca foi milionária. E a escolha feminista.

Seria a Olimpíada de consagração.

Ela chegou a dizer ao New York Times que ela competia não só pelos Estados Unidos. Mas por todas ‘garotas negras e pardas do mundo’.

E a decepção maior ainda, quando ela começou sua participação na prova em equipes.

Ela parecia muito insegura e cometeu erros incríveis para a maior ginasta de todos os tempos. Mesmo falhando, conseguiu se classificar para a final no salto, nas barras e no solo. A dificuldade dos seus movimentos garantiu notas suficientes para seguir adiante.

Mas chegou a final. E logo depois de um salto ruim, para os seus padrões, veio a desistência. O Comitê Olímpico Norte-Americano ainda tentou disfarçar, alegando que ela estava com problemas físicos. Mas depois a verdade veio à tona. 

“Assim que piso o tatami, sou só eu e a minha cabeça a lidar com demónios. Tenho de fazer o que é certo para mim e tenho de me focar na minha saúde mental. Temos de proteger a nossa saúde e o nosso bem-estar e não fazer apenas o que o mundo quer que façamos”, disse Simone.

A desistência, em cima da hora, fez os Estados Unidos perderem o ouro, conquistado pelas russas.

Mas hoje viria a pior notícia para a organização das Olímpiadas de Tóquio. Simone Biles desistiu de competir também no individual. Ou seja, acabou a competição para ela.

“As Olimpíadas são muito pesadas. São muitas emoções envolvidas nisso. Posso falar sobre isso por uma hora. A maneira mais fácil de dizer isso é que acho que os atletas, e os atletas olímpicos de um modo geral, precisam de alguém em quem possa confiar. Alguém que possa nos deixar ser nós mesmos, ouvir e permitir que nos tornemos vulneráveis.

“Alguém que não vai tentar nos consertar. Carregamos muitas coisas e muito peso nos ombros. É um desafio, especialmente quando temos as luzes sobre nós e todas as expectativas que estão sendo jogadas sobre nós”, disse o norte-americano Michael Phelps, que conquistou 28 medalhas para os Estados Unidos. comentando a Olimpíada em Tóquio, entendendo perfeitamente a Simone Biles.