Foram definidas neste sábado (19) as comitivas que vão disputar a grande final da queima do alho na Festa do Peão de Barretos. A seletiva foi aberta com o toque do berrante de Alceu, 38 vezes campeão de berrante no torneio de Barretos, e contou com 17 comitivas onde somente três garantiram vaga na decisão. Os grupos classificados foram: Comitiva Molina, de Franca-SP, com 28,8 pontos; Comitiva São Jorge, de Alexânia-GO, com 28 pontos; e Comitiva Molina, de Carapicuíba-SP, que teve 27,5 pontos.
O Concurso oficial acontece no próximo sábado (26), no Ponto de Pouso. Ao todo serão 20 comitivas na disputa. As três classificadas na seletiva e outras 17 que garantiram vaga somando mais pontos ao longo do ano no circuito nacional da queima do alho, disputado em várias etapas em cidades do país.
O coordenador do Concurso de Queima do Alho, João Paulo Martins, revelou que a grande final vai contar com uma comitiva montada para que o público veja e entenda como é a tradição sertaneja. “Isso (as comitivas), o Berrante e a viola que deu início a Festa (do Peão de Barretos) em 1956”, afirmou.
Segundo o coordenador, a luta agora é conseguir o reconhecimento oficial da cultura da queima do alho.
“É uma satisfação para nós do clube Os Independentes. O intuito nosso é selar a queima do alho como patrimônio cultural imaterial nacional. Só falta a assinatura da Unesco. Quanto mais nós mantemos essa chama acesa, é que a gente vai conseguir isso”, concluiu.
Regras e história
O juiz de prova Chico Melo explicou que a disputa da queima do alho é definida em duas etapas. A primeira é avaliada a traia, que é a montaria, os cargueiros, todos os adereços da comitiva e os compartimentos que são carregados no lombo do burro. A segunda etapa é a degustação da chamada comida de estrada. O cardápio é composto por arroz carreteiro, feijão gordo, paçoca e carne na chapa.
Chico diz que o cardápio, as vestimentas e até o nome das comitivas são levados em conta para a participação no circuito. Segundo ele é uma forma de manter a tradição de muitas décadas em que os boiadeiros e fazendeiros traziam suas boiadas até a região de Barretos para o antigo frigorífico Ângulo, onde os animais eram abatidos. Na cidade também tinha uma ferrovia onde alguns animais eram embarcados e levados para abatedouros em outros estados.
“Aqui tem a história, essa estrada é um verdadeiro corredor boiadeiro”, afirmou. Ele conta que na espera para embarcar ou para abater a boiada, as comitivas cozinhavam a comida de estradão, cardápio da queima do alho. O membro de uma comitiva ia visitar outra e acabava provando a comida. “Um experimentou a comida do outro e falava: na minha comitiva a comida é boa, você precisa ver. Aí começou a disputa”, contou.