Por Profa Dra Ingrid Luiza Neto, docente do curso de Psicologia do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF)
Escolher qual profissão seguir não é tarefa simples. Uma das grandes dificuldades nesse processo é o aumento da quantidade de profissões disponíveis para o candidato escolher, em um mercado de trabalho cada vez mais exigente e competitivo. Além disso, quando o candidato apresenta diferentes áreas de interesse (gostar de música e de química ao mesmo tempo, por exemplo), deverá refletir sobre quais dessas atividades gostaria de fazer profissionalmente, tendo que lidar com as perdas resultantes de suas escolhas. Ao escolher trabalhar com música, a princípio o indivíduo terá de abrir mão de seu interesse pela química.
Mas o fato é que, apesar das dificuldades inerentes à escolha de qual profissão seguir, tendemos a nos envolver em atividades que sejam compatíveis com nossas habilidades. Pessoas que buscam profissões que estejam alinhadas a seus interesses e à sua personalidade, tendem a ser mais satisfeitas profissionalmente e a mudar menos de carreira.
Alguns estudos da psicologia revelam que os interesses são uma expressão da personalidade e que pessoas que seguem uma mesma profissão tendem a apresentar características da personalidade semelhantes. Tais estudos consideram que existem seis tipos de personalidade vocacional: Realista, Investigativo, Artístico, Social, Empreendedor e Convencional (RIASEC), conforme figura a seguir:
Figura 1. Tipos de personalidade vocacional RIASEC
Veja abaixo algumas das características comuns a cada tipo de personalidade vocacional e alguns cursos correlatos:
(R)ealista: preferência por atividades práticas e concretas, como o uso de máquinas, ferramentas e materiais. Pessoas com personalidade realista tendem a ser introvertidas e a atribuir pouca importância aos valores estéticos. Apresentam maior capacidade matemática e mecânica que capacidade verba; e perceptiva.
Exemplos de cursos: áreas da Engenharia
(I)nvestigativo: interesse e curiosidade por atividades analíticas e intelectuais, buscando soluções para problemas comuns e satisfação em atividades acadêmicas. Tendem a ser introvertidos, críticos e perfeccionistas, preferindo profissões mais científicas e teóricas. Apresentam boa capacidade de organização, independência e originalidade.
Exemplos de cursos: Direito, Ciências Biológicas, Ciências Farmacêuticas
(A)rtístico: gosto por atividades livres e não sistematizadas, visando desenvolver competências inovadoras e criativas, como a linguagem, a arte e a música, com tendência à abertura a novas experiências. Pessoas com personalidade artística enfatizam sentimentos, emoções, intuições e imaginação, apresentando aptidões verbais, motoras e perceptuais.
Exemplos de cursos: Arquitetura, Artes Cênicas, Música
(S)ocial: busca pelo contato com outras pessoas, demonstrando extroversão e tendendo a evitar situações que exijam força física. Demonstram responsabilidade e sensibilidade, e grande capacidade verbal e interpessoal. Os sociais preferem trabalhar em atividades comunitárias e têm menor habilidade matemática do que verbal.
Exemplos de cursos: Serviço Social, Sociologia, Psicologia, Pedagogia
(E)mpreendedor: atração por situações de poder, que associam-se à liderança e ao empreendedorismo, evitando atividades muito reflexivas e teóricas. Apresentam necessidade de domínio, boa expressão verbal e capacidade persuasiva.
Exemplos de cursos: Relações Públicas, Gestão Hoteleira e Turismo
(C)onvencional: preferência por atividades como manipulação de dados, que têm relação com competências de organização e disciplina. Indivíduos com personalidade convencional tendem a evitar situações livres e exploratórias, sendo caracterizados por falta de flexibilidade e de criatividade.
Exemplos de cursos: Economia, Contabilidade e Administração
De maneira geral, os estudos têm encontrado uma relação significativa entre tipos de personalidade e escolhas de carreira entre estudantes de graduação, sugerindo que os estudantes tendem a obter maior satisfação ao escolherem carreiras que mais se relacionem com suas características pessoais.
Por fim, e antes que você reflita sobre qual o seu tipo de personalidade e se você escolheu o curso certo, vale ressaltar que todos nós apresentamos características das seis dimensões. Apesar de existir uma predominância de uma dessas dimensões sobre as demais, que caracteriza o tipo de personalidade que cada um de nós apresenta na maior parte do tempo, podemos apresentar características realistas, investigativas, artísticas, sociais, empreendedoras ou convencionais, a depender da situação ou contexto.
Se você se interessou pelo tema, se está em fase de escolha do curso certo para você, ou em processo de mudança de curso, recomenda-se que reflita profundamente sobre seus interesses, gostos e preferências. Autoconhecimento é a palavra chave nesse momento. E lembre-se que, nessa tarefa de olhar para si, a ajuda de um profissional da psicologia pode ser muito bem-vinda!
Referências:
Holland, J. L. (1985). Making vocational choices: A theory of vocational personalities and work environments (2nd ed.). Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall.
Kemboi, R. J. K.; Kindiki, N.; & Misigo, B. (2016). Relationship between personality types and career choices of undergraduates Students: A case of Moi University. Kenya Journal of Education and Practice, 7 (3), 102-112.
Magalhães, M. O.; & Gomes, W. B. (2007). Personalidades vocacionais e processos de carreira na vida adulta. Psicologia em Estudo, 12(1), 95-103.
Mansão, C. S. M.; & Noronha, A. P. P. (2011). Avaliação dos tipos profissionais de Holland: Verificação da Estrutura interna. Psicol. Trujillo, 13(1), 46-58.
Santos, I. M. G. (2012). Os interesses e as escolhas profissionais de acordo com os 6 tipos de personalidade propostos por Holland (RIASEC) numa amostra de estudantes do ensino superior em Cabo Verde. (Dissertação de Mestrado), Faculdade de Psicologia: Universidade de Lisboa.
Valore, LA. (2008). A problemática da escolha profissional: Possibilidades e compromissos da ação psicológica. Em Cidadania e participação social, A.F. SILVEIRA, et al. (pp 66-76). Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais.
###
Sobre o UDF – Criado em 1967, o Centro Universitário do Distrito Federal (UDF) é a primeira instituição particular de ensino superior da capital do Brasil. Instituição tradicional no ensino de Direito, o UDF conta também com uma Escola de Engenharia e de Saúde e oferece cursos de pós-graduação lato e stricto sensu presenciais e a distância, além de programas de extensão voltados à comunidade externa, ao todo reúne mais de 11 mil alunos. Integra a Cruzeiro do Sul Educacional S/A, formada também pela Universidade Cruzeiro do Sul e Universidade Cidade de São Paulo (São Paulo/SP), pela Universidade de Franca (Franca/SP), pelo Centro Universitário Módulo e pela Faculdade Caraguá (Caraguatatuba – SP), pela Faculdade São Sebastião (São Sebastião/SP) e pelo Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP); um grupo de ensino superior de atuação nacional que reúne instituições academicamente relevantes e marcas reconhecidas em seus respectivos mercados. Visite: www.udf.edu.br