Após 4 consultas e diagnóstico de gases paciente morre

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A informação consta do inquérito policial a que a família do paciente de 55 anos tiveram acesso esta semana.
As investigações estão a cargo da Corregedoria da Polícia Civil – o profissional também atua como legista.

O órgão profissional prevê que sua investigação termine em um mês. A Secretaria Municipal de Saúde comunicou que não vai comentar o caso e que já tomou as medidas necessárias.
Após um ano e meio pela Prefeitura, que apontou indícios de imprudência e imperícia no atendimento a Fernando Garcia.

O motorista foi atendido quatro vezes na UPA entre 28 e 29 de setembro de 2014.
Diagnosticado com gases, teve um rim extraído ao ser encaminhado ao Hospital das Clínicas, onde morreu em 4 de outubro do mesmo ano, em decorrência de um choque séptico causado por complicações de uma infecção urinária.

A família acusou a unidade de pronto atendimento de negligência. Na época, o secretário municipal de Saúde, Stênio Miranda, disse que a conduta dos profissionais tinha sido “oportuna”, mas chegou a transferir seu gabinete para a UPA.

Plantão de 36 horas
Cópias do inquérito policial mostram que, em depoimento prestado à polícia, um dos médicos da UPA confirmou ter trabalhado por 36 horas consecutivas entre 28 e 29 de setembro. A mesma documentação traz escalas da Prefeitura que comprovam a alegação.
A relação mostra que o profissional foi escalado para entrar às 7h do dia 28, um sábado, e somente encerrou o expediente às 19h do domingo, 29.

“Recomendamos sempre que os médicos não ultrapassem 24 horas trabalhando porque, dentro desse período fazendo atendimento contínuo, você tem um desgaste físico, emocional e psicológico muito grande, podendo ter um ilícito ético que, possivelmente, seria evitado se estivesse descansado”,

afirma Eduardo Luiz Bin, conselheiro do Cremesp de Ribeirão.

Segundo ele, é preciso avaliar se o médico permaneceu um dia e meio na UPA por decisão própria ou por outras razões, como a ausência de outro profissional na escala.

“Se, nesse caso, não houve comparecimento de um médico e o outro teve se estender dentro desse plantão, ele não será penalizado pelo conselho, mas sim quem o encaminhou ou quem faz a escala de plantão. Se for por interesse próprio dele, que quis continuar dando esse plantão, ou pegou plantão de outro colega para ganhar mais, ele assume o risco”,

afirmou o conselheiro.

Indícios de imprudência
Concluído em novembro do ano passado, o relatório de uma comissão sindicante instaurada pela Prefeitura em novembro de 2014 chegou às mãos dos familiares esta semana.
Diante de fichas de atendimento, prontuários e cópia da escola de funcionários, o grupo concluiu que existem indícios de imprudência e imperícia no serviço médico prestado ao motorista.

“As condutas adotadas nos atendimentos não foram provavelmente as mais adequadas para o caso, pois são relevantes os fatores agravantes apresentados para o caso”,

documenta.

O resultado da sindicância recomenda a melhoria na produção dos prontuários dentro da UPA e a orientação sobre a responsabilidade para o preenchimento das fichas.

Filho do motorista, critica o atendimento, desde a falta de um diagnóstico à forma como as fichas foram preenchidas.

“Eu espero, por parte do Cremesp, a resposta. Espero que eles sejam verdadeiros como a Prefeitura, que assumiu que houve imprudência no atendimento do meu pai, que o prontuário do meu pai não foi feito adequadamente”,

afirmou.