Relatório aponta que técnica de enfermagem contraiu o vírus duas vezes; é o segundo caso comprovado de reinfecção no mundo
“Em conclusão, o presente relato confirma que, ainda que extremamente rara, a reinfecção por SARS-CoV-2 e o adoecimento por Covid-19 em mais de uma ocasião são eventos possíveis. Essa constatação traz implicações clínicas e epidemiológicas que precisam ser analisadas com cuidado pelas autoridades em saúde”, afirma o artigo, em síntese, escrito por sete profissionais.
Pouco tempo
“Não estou dizendo que a reinfecção não possa ocorrer, nem que nunca ocorrerá, mas nesse curto espaço de tempo é improvável”, explica Florian Krammer, virologista da Icahn School of Medicine at Mount Sinai, em Nova Iorque. Afinal, mesmo as mais leves infecções devem deixar pelo menos uma imunidade alta, no curto prazo, contra o vírus no organismo do paciente, explica a especialista. Nesse quadro, estaria a paciente de Osaka.
De acordo com a explicação de Krammer, o provável é que os pacientes “reinfectados” ainda apresentassem baixos níveis do novo coronavírus no organismo, quando receberam alta do hospital, e os testes não conseguiram detectar essa presença.
Vida longa
Em relatório divulgado pela publicação JAMA Network, pesquisadores da Wuhan University defendem que pacientes podem ter resultados positivos para o vírus muito tempo depois de terem se recuperado. No estudo, quatro profissionais médicos expostos ao vírus na cidade chinesa de Wuhan, permaneceram positivos para a infecção do novo coronavírus entre cinco a 13 dias, depois de ficarem assintomáticos, ou seja, depois de não apresentarem mais sintomas clínicos. Isso não significa, necessariamente, que eles ainda transmitiam o vírus SARS-CoV-19.
O resultado pode ser explicado porque a análise é feita através do PCR, um teste altamente sensível. Por isso mesmo, os pesquisadores acreditam que o exame esteja apenas captando fragmentos do novo coronavírus. Por exemplo, os exames de PCR podem detectar remanescentes do vírus do sarampo meses depois que as pessoas que tiveram a doença, comenta Krammer.