Preparado? nova pandemia já é considerada inevitável’, diz diretora da OMS

Para Mariângela Simão, é apenas questão de tempo para surgir novo desastre. Um grande negocio para poucos.

0
555

Para Mariângela Simão, é apenas questão de tempo para surgir novo desastre.

Em entrevista à RFI, a diretora-geral adjunta da Organização Mundial de Saúde, Mariângela Simão, afirmou que a OMS prepara uma “tratado sobre pandemias” e que um novo fenômeno pandêmico é apenas “uma questão de tempo”. Segundo Mariângela Simão, uma nova pandemia é “inevitável” e a questão é “quando ela vai acontecer”.

Simão diz que a OMS terá uma Assembleia Mundial de Saúde em novembro em que será discutida a possibilidade de desenvolver um “tratado para pandemias”. A decisão, segundo ela, ainda não foi aprovada, mas o tema circula entre os países, “não só por reforçar o papel da OMS em uma situação de emergência de interesse público como essa”, mas também porque “cria uma série de formalidades que os países e o setor privado têm que tomar no caso de uma emergência como uma pandemia mundial”, explica.

foto ebc

A OMS já se prepara para uma nova pandemia? “Vai ter uma próxima pandemia”, diz Simão. “Isso é uma coisa que a gente já sabe e que é inevitável. É uma questão de quando vai acontecer”, diz.

“Essa pandemia, depois da gripe espanhola, foi a mais impactante e é também uma constatação: acho que o mundo precisa acordar porque a gente vê que não foram apenas os países em desenvolvimento que fora afetados. Afetou o mundo todo, ninguém estava preparado”, considera. “A Assembleia Mundial de Saúde agora em novembro estará discutindo a possibilidade de desenvolver um tratado para pandemias”, conta a diretora-geral adjunta da OMS.

A reunião ainda deve ser um momento para discutir questões atuais sobre as variantes do coronavírus e a distribuição da vacina. “Acho que tem duas coisas, um lado é em relação a esse coronavírus específico que é o Sars-Cov-2 e as variantes, algumas variantes de preocupação, como o caso da Delta, que está presente em 188 países”, analisa. “Então a preocupação e o empenho [da OMS] em aumentar a cobertura vacinal é global mas em todos os países e não apenas em alguns, para evitar que novas variantes preocupantes surjam”, diz Simão.

Vacinação intranasal
Em relação à vacina intranasal, incentivada por especialistas pela facilidade de aplicação (que talvez diminuísse algumas resistências) mas também por proteger a porta de entrada do vírus, a diretora é cautelosa na hora de avaliar esse tipo de imunização.

“A gente ainda não tem nenhuma vacina nasal aprovada globalmente para a covid. Acredito que algumas possam estar em fase 3, a última fase antes dela ser autorizada emergencialmente em algum país. Faz sentido se pensarmos num tipo de produto ideal, seria ótimo uma vacina que pudesse ser administrada via nasal, mas ainda não estamos lá”, afirma.


Vacinação das crianças

“Não tem vacina aprovada ainda para criança então não pode ter uma política nacional usando vacinas que não foram aprovadas para idade abaixo de 12 anos”, lembra a diretora. “Nós só temos uma vacina aprovada para uso em adolescentes a partir de 12 anos. Tem vários estudos em andamento, mas nenhuma delas foi aprovada ainda pela OMS para uso em crianças”, aponta Simão.

Vacina anticovid anual?
Para Mariângela Simão, ainda não existem indicações claras da OMS de que a vacina anticovid possa virar uma vacina anual. “No entanto, é possível que isso aconteça. Esse é o comportamento desse tipo de vírus, da família dos coronavírus, de se tornarem endêmico. O importante é ter sempre em mente que o mais importante é evitar que as pessoas mais suscetíveis morram por conta desse vírus e que a economia pare como parou”, afirma.

“Inequidade vacinal”
Sobre a desigualdade no acesso às vacinas para diferentes populações de todo o planeta, ela lembra que “trata-se de uma inequidade vacinal, a gente tem uma enorme distância entre a cobertura média vacinal em alguns continentes, e, por exemplo, o continente africano. A média global hoje é de 32%, mas as médias, como se sabe, são ‘burras’, porque existem os extremos. O território da União Africana tem hoje menos do que 4% de coebrutra vacinal”, sublinha Mariângela Simão.