Prefeito de Porto Feliz sugere ‘mais leitura’ a quem ignora o tratamento precoce

“Vale ressaltar que, entre todos os pacientes da cidade que fizeram o tratamento precoce, ninguém morreu”

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O médico Antônio Cássio Habice Prado resolveu há quatro anos lançar-se candidato a prefeito de sua cidade natal: Porto Feliz (SP).

Com o sonho de construir uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no município do interior paulista com pouco mais de 50 mil habitantes, ele se filiou ao PTB e teve êxito nas urnas em 2016. O que se repetiu em 2020, tendo sido reeleito com 92% dos votos válidos.

Mais do que realizar o sonho e entregar UTIs na cidade, dr. Cássio, como é reconhecido pelo público porto-felicense, teve, assim como todos os políticos espalhados Brasil afora, de encarar o desafio da pandemia. E conseguiu se destacar positivamente.

Investindo em atendimento inicial e tratamento precoce, ele observa a baixa letalidade da covid-19 no município: na casa 0,7%. Dos 2.710 diagnosticados, somente 20 morreram.

“Mais leitura e estudo”, sugere o dr. Cássio a quem ainda é contra o tratamento precoce como forma de combate à covid-19

Atente-se para o fato de todas as 20 mortes em Porto Feliz terem sido de pessoas que se recusaram a aceitar o tratamento precoce, definido a partir de protocolo formado pelos medicamentos hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina.

Essa circunstância faz o dr. Cássio propor uma atividade a quem ignora até hoje o tratamento precoce da covid-19.

“Sugiro mais leitura e estudo”, afirma durante entrevista a Oeste.

Além da sugestão, o prefeito de Porto Feliz detalha sua atuação no combate ao novo coronavírus, explica como funciona o protocolo anticovid-19 adotado na cidade e comenta suas ações como médico que decidiu seguir carreira política. Confira, abaixo, a íntegra da entrevista com o dr. Cássio Prado, prefeito reeleito de Porto Feliz.

Um médico no combate à covid-19

Como médico e prefeito, qual foi sua reação quando se confirmou o primeiro caso de covid-19 em Porto Feliz?

Minha reação aconteceu muito antes do primeiro caso, em 28 de março. Em fevereiro, reestruturamos todo o serviço de saúde e criamos três unidades para atendimento exclusivo de sintomáticos respiratórios, chamadas de sentinelas. Compramos insumos e medicamentos para meses. Adquirimos um tomógrafo novo de alta velocidade, pois o equipamento antigo e o aparelho de raios X não tinham muito valor para diagnóstico precoce.

divulgação

Elaboramos fluxo de atendimento ambulatorial e hospitalar com exames e tomografia em todos os pacientes suspeitos. Eu já tinha construído e inaugurado, em janeiro de 2019, a UTI da Santa Casa, com dez leitos. E ainda criamos oito leitos de isolamento de pessoas com covid-19. Também adequamos uma enfermaria com 20 leitos para pacientes com covid-19, área essa isolada do restante do hospital.

Desde o primeiro caso no município, o senhor tem investido em kits com hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina. Em meados de julho, já tinham sido entregues 1.500 kits. Agora, em dezembro, como está esse trabalho?

Elaboramos protocolo de atendimento e tratamento precoce no inicio de abril. Definimos os medicamentos que já usávamos desde março, com excelentes resultados. Já estamos na décima edição desse protocolo.

foto internet

“Vale ressaltar que, entre todos os pacientes da cidade que fizeram o tratamento precoce, ninguém morreu”

Esses kits contra a covid-19 se destinam a que pessoas? São entregues a todos ou só a quem apresenta sintomas ou testa positivo para a doença?

Aqui não há distribuição de kits, mas sim atendimento precoce e tratamento com consulta médica. Focamos a realização de exames e tomografia em todos os pacientes, com acompanhamento de 24 a 48 horas. Com esse acompanhamento, encaminhamos, quando necessário, pacientes ao hospital.

Com a estratégia pelo tratamento precoce, como está a relação de contaminados e mortos pelo novo coronavírus em Porto Feliz?

Desde março, tivemos 20 mortes por covid-19, numa cidade em que 2.710 pessoas testaram positivo no PCR. Letalidade de 0,7%, sendo que todos os que morreram não tinham realizado tratamento precoce.

Se considerarmos os mais de 6 mil casos tratados com diagnóstico clínico e tomográfico, nossa letalidade cai ainda mais: 0,3%.

Até hoje há quem, mesmo sem formação na área médica, afirme que remédios como a hidroxicloroquina não têm comprovação de eficácia contra o novo coronavírus. O que o senhor tem a dizer a essas pessoas?

Vale ressaltar que, entre todos os pacientes da cidade que fizeram o tratamento precoce, ninguém morreu. Sugiro mais leitura e estudo aos que, ainda depois de nove meses, não acreditam [no tratamento precoce], não utilizam [medicamento como a hidroxicloroquina] e põem os pacientes em grave risco com a conduta “dipirona, casa e espere falta de ar!”.

Política sanitária & Eleições 2020

Qual o balanço que o senhor faz das políticas sanitárias adotadas por sua gestão em Porto Feliz em relação ao combate à covid-19?

Nosso balanço é positivo, confirmado pelos números com baixa letalidade e morbidade. Até o momento, não tivemos casos de complicações pós-covid-19.

Diante da pandemia, o senhor se candidatou à reeleição e venceu com 92,1% dos votos válidos. Agora reeleito, quais serão os principais desafios daqui para a frente?

O principal desafio será manter a equipe e convencer médicos no pronto-socorro a realizar o protocolo corretamente, pois acredito que uma vacina confiável e segura ainda vai demorar a chegar ao Brasil e, claro, a Porto Feliz.
“Construir uma UTI era o meu sonho”

Como está o município diante das definições vindas do governo do Estado de São Paulo?

A cidade está funcionando normalmente. Reforçamos, no entanto, as orientações para que se procure imediatamente o posto sentinela ou pronto-socorro logo após a apresentação dos primeiros sinais de covid-19 para o início do tratamento.

Por que o senhor resolveu entrar para a política partidária em 2016? Por que decidiu, há quatro anos, candidatar-se a prefeito pela primeira vez?

Entrei na politica para resolver problemas reais. Construir uma UTI era o meu sonho e, assim, colocar a saúde e o hospital da cidade num patamar de excelência. Foi o que fiz.