Patrimônio de Ribeirão Preto ilumina fachada no mês Janeiro Roxo

Teatro Pedro II ilumina fachada de roxo em alusão ao mês de conscientização sobre a hanseníase

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O Theatro Pedro II de Ribeirão Preto, terceiro maior teatro de ópera do Brasil, entra na campanha “Todos contra a hanseníase”, da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH), durante o mês Janeiro Roxo, dedicado a ações de conscientização sobre a hanseníase. A doença está na lista de Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN) e os especialistas alertam para a endemia oculta de hanseníase no país. A fachada do teatro ficará iluminada de roxo até o dia 10 de janeiro.

Segundo o médico dermatologista e hansenólogo, Claudio Salgado, presidente da SBH, existem de três a cinco vezes mais casos de doentes de hanseníase no Brasil sem diagnóstico. Isso porque o bacilo causador da hanseníase afeta os nervos e os sinais são confundidos com os de doenças como infarto, diabetes, problemas ortopédicos, artrite, artrose, fibromialgia, trombose etc. O diagnóstico é clínico – o médico avalia vários sinais e sintomas no paciente e pode solicitar exames adicionais. Por ano, cerca de 30.000 novos casos são notificados.

É comum o diagnóstico tardio da doença – o paciente convive com a hanseníase por vários anos sem ser percebido. Hanseníase é uma doença infecciosa, causada por um bacilo. A recomendação das autoridades de saúde é que todos os familiares e pessoas que convivem com um paciente diagnosticado com hanseníase sejam examinados. A chance de diagnóstico chega a ser até oito vezes maior entre os comunicantes.

O presidente da SBH alerta que é preocupante o índice zero ou próximo a isso de novos diagnósticos em inúmeras localidades brasileiras. “O Brasil um país de alta endemicidade para a hanseníase e a falta de diagnóstico em muitos municípios implica em pacientes não descobertos, transmitindo a hanseníase. É o que caracteriza a endemia oculta”.

Na grande maioria das vezes, o paciente chega com relato de dores no corpo, formigamento ou dormência nos pés ou braços. As manchas esbranquiçadas ou avermelhadas na pele e que já apresentam diminuição de sensibilidade ao frio, ao calor, ao toque ou mesmo à dor – sinal importante da doença – não foram avaliadas nas inúmeras visitas anteriores a serviços de saúde públicos ou particulares. Os pacientes, geralmente, estão com hanseníase agravando dia após dia e transmitindo a seus comunicantes há vários anos – o paciente em tratamento regular não transmite mais a doença.

Theatro Pedro II

Para Nicanor Lopes, presidente da Fundação D. Pedro II, mantenedora do Theatro Pedro II, “é importante utilizarmos as ferramentas disponíveis para orientar a população sobre questões de saúde pública e o Pedro II é um instrumento cultural, educativo de inclusão e transformação social”.

O teatro foi inaugurado em 1930, sofreu incêndio em 1980 e, após cinco anos de restauração, foi reinaugurado em 1996, quando ganhou uma cúpula, com projeto assinado por Tomie Ohtake, e um lustre de cristal de 1.400 quilos. É tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo).

O Pedro II fica no Centro de Ribeirão Preto, no chamado Quarteirão Paulista.

“A utilização de um patrimônio cultural de tamanha importância na campanha ‘Todos contra a hanseníase’ acontece em um momento em que Ribeirão Preto registra aumento significativo de diagnósticos de hanseníase e a participação da sociedade civil em campanhas educativas é uma colaboração essencial no processo de aumento de diagnósticos para que consigamos chegar ao controle da doença na localidade”, diz o presidente da SBH.