Novembro Azul alerta para diagnóstico e tratamento do câncer durante a pandemia

Ações on-line vão chamar a atenção dos homens para a saúde, já que 50 mil brasileiros deixaram de receber o diagnóstico de câncer na pandemia

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Neste ano em que os olhares estão voltados para a pandemia pelo novo coronavírus, muitas doenças continuam existindo e afetando a vida de milhares de brasileiros, entre elas o câncer de próstata. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), somente para 2020 são esperados 65.840 novos casos, porém podem não ser diagnosticados a tempo por conta do isolamento social.

De acordo com uma pesquisa da farmacêutica Janssen, no Brasil houve uma queda de 70% das cirurgias oncológicas e de até 90% das análises de biópsias, estimando-se que 50 mil brasileiros deixaram de receber diagnóstico de câncer nesse período.

Em relação à próstata, dados do laboratório Mont’Serrat (RS) mostram uma queda de 38% nos pedidos de PSA no período de março a junho de 2019 comparados a março a junho de 2020. Outro grande laboratório de alcance nacional apresentou queda de 18% no mesmo período de comparação.

Pensando nessa realidade que envolve a importância da obtenção do diagnóstico precoce e da continuidade do tratamento, mesmo em tempos pandêmicos, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) realiza no mês de novembro mais uma edição do Novembro Azul, que visa conscientizar os homens sobre a sua saúde.

De acordo com o presidente da SBU, Prof. Antonio Carlos Lima Pompeo, é muito importante que os homens tenham acesso à informação se são do grupo de risco, quando devem procurar o médico e quais problemas podem acometê-los por meio de campanhas educativas como o Novembro Azul.

“A SBU realiza ações de esclarecimento da população sobre o câncer de próstata desde 2004 em novembro, pois dia 17 de novembro é o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata”, diz.

“Graças à ampla divulgação que a mídia tem dedicado ao assunto, particularmente na campanha do Novembro Azul, cada vez mais temos observado que os homens sentem-se motivados a procurar o urologista para a realização do exame periódico da próstata. Mas ainda existe um caminho muito longo a ser percorrido até que o preconceito e o constrangimento sejam vencidos e a doença não diagnosticada precocemente resulte na morte de tantos homens”, diz o urologista Geraldo Faria, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo.

Dentro desta perspectiva de diálogo com a sociedade, foi programada uma série de ações on-line e presenciais de esclarecimento do público. Acontecerão lives nas redes sociais do Portal da Urologia (@portaldaurologia), contando com a participação de especialistas e convidados. Serão produzidos programas semanais de podcasts para a Rádio SBU abordando o tema. As redes sociais, assim como o Portal da Urologia (www.portaldaurologia.org.br), também terão conteúdos voltados ao público, com objetivo de explicar, desmistificar e trazer informações de qualidade sobre o câncer de próstata.

Monumentos, órgãos públicos e privados espalhados pelo Brasil serão iluminados de azul, como o Palácio do Planalto (DF), o Pão de Açúcar (RJ) e o Palácio da Guanabara (RJ). O secretário-geral da instituição, Dr. Alfredo Canalini, ressalta que a campanha tem aspectos positivos que vão além do alerta para a necessidade do diagnóstico precoce do câncer de próstata.

arquivo pessoal

“É um processo que lentamente vêm mudando o comportamento do homem em relação aos cuidados com a saúde masculina como um todo. Desde 2008, através da publicação do Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, o governo federal reconhece a necessidade de investir no atendimento dos homens, que têm expectativa de vida inferior aos das mulheres que, desde há muito tempo, têm o hábito de rotineiramente fazerem exames preventivos”, apontou.

Câncer e outras doenças da próstata

Do tamanho de uma castanha e localizada abaixo da bexiga, a principal função da próstata é produzir uma secreção fluida para nutrição e transporte dos espermatozoides. Ao longo da vida a glândula pode desenvolver três doenças: a prostatite (inflamação), a hiperplasia prostática benigna – HPB (crescimento benigno) – e o câncer.

A prostatite chega a atingir cerca de 30% dos homens. Pode causar ardor ou queimação ou um desconforto durante o orgasmo, esperma de cor amarelada, vontade frequente para urinar etc. A principal causa para a doença são uretrites, como a gonorreia, após relacionamentos com parceiras com infecções ginecológicas e ainda após relação anal sem preservativo.

O coordenador da área de Hiperplasia Benigna da Próstata da SBU, Dr. Ricardo Vita, explica que a doença pode atingir cerca de 50% dos homens acima de 50 anos e provoca aumento da frequência urinária diurna, diminuição da força e do calibre do jato urinário, demora para iniciar a micção, sensação de urgência para urinar, entre outros sintomas.

“Além de prejudicar a micção, a HBP pode afetar o funcionamento da bexiga e dos rins, demonstrando a importância de se fazer uma identificação precoce dos sintomas, bem como o tratamento imediato”, destaca.

O câncer, por sua vez, não costuma apresentar sintomas em fases iniciais, quando em 90% dos casos pode ser curado se diagnosticado precocemente. Ao apresentar sintomas significa já estar numa fase mais avançada e pode causar vontade de urinar com frequência e presença de sangue na urina ou no sêmen.

“Não existe modo melhor de enfrentarmos uma doença do que diagnosticá-la no início, as opções e a efetividade dos tratamentos aumentam, podendo-se obter a cura. A introdução dos exames de detecção precoce do câncer prostático, há mais de vinte anos, resultou em queda da mortalidade pela doença em vários países”, avalia o diretor do Departamento de Uro-oncologia da Sociedade Brasileira de Urologia, Dr. Rodolfo Borges.

Alguns fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de próstata são: histórico familiar de câncer de próstata em pai, irmão ou tio e homens da raça negra. A recomendação da SBU é que os homens, a partir de 50 anos, e mesmo sem apresentar sintomas, devem procurar um profissional especializado, para avaliação individualizada tendo como objetivo o diagnóstico precoce do câncer de próstata.

Os homens que integrarem o grupo de risco (raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata) devem começar seus exames mais precocemente, a partir dos 45 anos. Após os 75 anos, somente homens com perspectiva de vida maior do que 10 anos poderão fazer essa avaliação.


AGENDA:

RÁDIO SBU – às segundas-feiras

02/11 O que provoca o câncer de próstata? Como cuidar da saúde masculina?

09/11 – O toque retal ainda é necessário ou basta o exame de sangue?

16/11 – Tenho câncer de próstata. E agora?

23/11 – Já fiz o tratamento do câncer de próstata. Estou curado?

30/11 – O câncer de próstata se espalhou: o que fazer?

LIVES NO INSTAGRAM – às 19h

03/11 – Saúde da próstata – Dra. Karin Anzolch entrevista Dr. Dimas Aguiar Melão

04/11- O que é o Novembro Azul: o ator Mannuel Costa entrevista o Dr. Alexandre Pompeo

10/11- Tratamento do câncer de próstata e a vida após a doença – Dr. Ricardo Vita entrevista Dr. Daniel Freitas Soares

17/11 – Câncer de próstata e distúrbios sexuais e infertilidade – Dr. Alfredo Canalini entrevista o Dr. Ariel Scafuri

24/11 – Câncer de próstata em pessoas negras, obesas e parentes de primeiro grau – Dr. Roni Fernandes entrevista o Dr. Gilberto Almeida  

arquivo pessoal