* por Érica Pereira
Quando pensamos em maneiras de preservar o meio ambiente e ainda contribuir com o desenvolvimento social do Brasil, diversas iniciativas são discutidas. No entanto, uma atividade que merece atenção especial é o extrativismo sustentável, cujo objetivo é trazer renda para as famílias que vivem em áreas com poucas oportunidades de mercado – como a região amazônica – que não é necessário depender apenas da agricultura familiar e da pesca.
A proposta principal é estimular atividades que contribuam com o equilíbrio dos ecossistemas, principalmente a coleta sustentável de sementes oleaginosas, que reduz a pressão sobre os recursos naturais. Dessa maneira, é possível respeitar as sazonalidades e também beneficiar as comunidades extrativistas com uma fonte de renda extra no período de entressafra ou de defeso, por exemplo.
Para se ter uma ideia da efetividade desse modelo de negócio, um estudo realizado pela parceria entre a Beraca, a Universidade de São Paulo (USP) e a Columbia University, de Nova York, concluiu que, em um município com histórico de atividade madeireira ilegal, a cada R$ 1,5 investido no extrativismo sustentável, são retirados R$ 3,6 da mão de obra de serrarias ilegais.
No entanto, além de estimular a coleta de frutos e sementes de forma consciente, é necessário criar mecanismos capazes de proporcionar uma melhora na condição de vida. Do contrário, se houver apenas a preocupação com o meio ambiente e deixar a questão socioeconômica de lado, a necessidade pela sobrevivência, mais cedo ou mais tarde, fará com que a pessoa volte a atuar de maneira ilegal.
A alternativa, então, é promover parcerias entre diferentes instituições, como empresas, comunidades, cooperativas, governos, ONGs e órgãos de pesquisas. Apenas por meio de um trabalho conjunto, é possível obter uma cadeia de valor da biodiversidade capaz de garantir a perenidade e o aperfeiçoamento da atuação da Beraca em linha com a sustentabilidade: o valor agregado do próprio negócio; a melhoria do bem-estar de populações localizadas em áreas remotas; e a conservação do meio ambiente.
O mais relevante disso tudo é enxergar que existem inúmeras possibilidades de transformar a realidade do planeta e contribuir de maneira efetiva com a sua conservação – ou seja, o engajamento da sociedade é apenas uma delas. Ao acreditar que o importante é sempre fazer algo que tenha um verdadeiro sentido, é possível contribuir para que o desenvolvimento econômico e a conservação de biomas naturais caminhem na mesma direção.
* Érica Pereira atua na área de Sustentabilidade da Beraca, líder global no fornecimento de ingredientes naturais provenientes da biodiversidade brasileira para as indústrias de cosméticos, produtos farmacêuticos e cuidados pessoais.