Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa era de que no Brasil fossem diagnosticados quase 600 mil novos casos de câncer só em 2017. Entre os mais comuns nos homens está o de próstata, com mais de 61 mil novos registros, e nas mulheres o de mama, com quase 58 mil. Por sua vez, as neoplasias de pele que não são melanoma equivalem a pelo menos 175 mil dessas ocorrências.
A mesma realidade é encontrada em todo o mundo, justificando a criação de datas voltadas para a conscientização da população acerca da importância de um diagnóstico precoce e de qualidade, bem como acesso ao tratamento. No dia 04 de fevereiro é marcado o World Cancer Day (Dia Mundial do Câncer), iniciativa da União Internacional pelo Controle do Câncer (UICC na sigla em inglês). Em 2018 se encerra a campanha global “Eu posso, nós podemos”, voltada às ações que podem ser tomadas em nível individual e coletivo contra a doença.
Uma pessoa pode ter uma suspeita de câncer em virtude de achados específicos, como nódulos perceptíveis no autoexame das mamas, ou sintomas mais inespecíficos, como fraqueza e mal estar, que exigem uma bateria de exames, além do olhar treinado de médicos especialistas para um diagnóstico correto. Independentemente do sintoma inicial, essa suspeita de câncer só será definida com precisão depois de passar por uma análise anátomo-patológica de qualidade, sendo este o exame diagnóstico mais específico na maioria dos casos.
Por trás do diagnóstico
Ainda desconhecidos pela população, existem especialistas que são responsáveis pelo pontapé inicial na luta contra o câncer, mas que geralmente não aparecem nas campanhas: os médicos patologistas, que precisam de pelo menos 3 anos de especialização após o curso de medicina e constantes atualizações internacionais. Eles podem até não ver os pacientes por inteiro, mas passam horas no microscópio examinando suas amostras de tecidos e órgãos suspeitos para alguma doença. Quando um câncer é detectado, os médicos patologistas descrevem seu tipo, se possuem características de agressividade, se foi totalmente retirado e, por vezes, informam até achados que indicam alterações genéticas nos pacientes. São essas as informações que são descritas em um laudo anátomo-patológico, que é utilizado pelos médicos assistentes para definir o tratamento mais adequado.
“São todos termos bem técnicos para análises que, em resumo, ajudam a indicar os rumos que serão tomados para o combate da doença. Em geral, é possível que a medicina personalizada seja o caminho para o tratamento da maior parte dos pacientes.”, explica o Dr. Clóvis Klock, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP).
Entender as particularidades de cada tipo de câncer é fundamental para realizar um rápido diagnóstico com o tratamento mais preciso. Os câncers de mama e de próstata estão entre os casos mais comuns no Brasil e são exemplos de situações em que exames preventivos devem ser feitos evitando a redução das chances de cura. Um exame preventivo alterado, como um nódulo na mama identificado no autoexame ou uma área endurecida identificada no toque de próstata, não indica a presença de câncer, mas sim a necessidade de determinar se o achado representa doença maligna ou apenas uma alteração do tecido normal. “Quando há a incerteza é que entra em cena o médico patologista, pois só esse especialista é capaz de determinar o caráter da lesão. No auge da dificuldade é que submetemos aos exames mais profundos e especializados para o auxílio”, ressalta o presidente da SBP.
Sobre a SBP
Fundada em 1954, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) atua na defesa da atuação profissional dos médicos patologistas, oferecendo oportunidades de atualização e encontros para o desenvolvimento da especialidade. Desde sua instituição, a SBP tem realizado cursos, congressos e eventos com o objetivo de elevar o nível de qualificação desses profissionais.