O nível do Rio Mogi Guaçu está 1,5 metro acima da média histórica em Pirassununga.
As chuvas de maio foram 66% superiores à média e contribuíram para a cheia, explicou o pesquisador Fábio Sussel, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta).
O rio conta com cerca de 150 espécies diferentes de peixes e é considerado um dos principais berçários de água doce do país.
O nível mais alto do que o normal é bem-vindo para os ambientalistas porque deixa o rio mais preparado para a piracema, época de reprodução dos peixes que começa no mês de novembro. A cheia favorece os peixes a subirem o rio.
“É fundamental esse processo de migração para o completo êxito da natureza. Ao que tudo indica teremos uma boa piracema no ano que vem”,
afirmou Sussel.
REDUÇÃO DE QUEIMADAS – A chuva inesperada também favorece a terra às margens do rio e a vegetação, protegendo a mata de um inimigo típico dessa época.
“Com o solo úmido, o índice de queimadas é menor, o que favorece a fauna e a flora”, explicou o biólogo.
“Para quem pesca fica ruim porque nessa época a pescaria tem que ser rio baixo e água limpa e ele está cheio e sujo. Por outro lado, o bom é que adianta a subida do peixe, então vamos começar a pegar mais cedo este ano”,
disse.
ESTIAGEM – Em outubro de 2014, o rio chegou ao seu pior nível em 50 anos, com apenas 20% do volume esperado para a época, e deu lugar a um mar de pedras. Onde antes corria muita água era difícil achar até mesmo uma poça.
A falta de chuva ameaçou a piracema no local e colocou em risco de extinção 14 espécies. Como o nível da escadaria chegou a ficar muito baixo, os peixes não conseguiam subir o rio.
Mas em novembro a situação começou a mudar. O mês registrou 223 milímetros de chuva e aumentou em cerca de 60 centímetros o nível do Mogi Guaçu. O aumento na vazão permitiu a passagem dos grandes peixes e a desova, o que facilitou a piracema.