A prevalecer o cronograma previsto, o ex-presidente Lula tende a acompanhar a sucessora, Dilma Rousseff, na descida da rampa na quinta-feira da semana que vem, dia 12 de maio.
Provavelmente, a presidente será notificada do afastamento na quinta 12, um dia depois da votação no plenário Senado. O plano é descer a rampa do Palácio do Planalto no mesmo dia, acompanhada de ministros, para encontrar uma manifestação com militantes e simpatizantes do PT a fim de reforçar o discurso de golpe.
Segundo um ministro, Lula deverá estar ao lado de Dilma. Mas há no PT quem ache que ele não deveria fazer parte dessa fotografia, que simbolizará a queda do poder.
Em 1º de janeiro de 2011, Lula desceu a rampa com popularidade recorde e sendo abraçado pelo povo.
No dia 12, será um descida melancólica.
A partir daí, a petista vai reunir na residência oficial da Presidência um pequeno grupo de aliados do qual, oficialmente, não devem fazer parte ministros com sala no Planalto.
Jaques Wagner (Gabinete Pessoal da Presidência), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e Edinho Silva (Comunicação Social) cumprirão quarentena –período remunerado em que os ministros não podem exercer atividades profissionais para evitar conflito de interesses–, mas ajudarão “informalmente” o “QG” de Dilma.
Wagner estuda voltar à Bahia no período, enquanto Edinho deve concorrer às eleições para a Prefeitura de Araraquara (SP). Berzoini deve permanecer em Brasília.
Do seleto grupo oficial do Alvorada farão parte aliados como Giles Azevedo (assessor especial da Presidência), José Eduardo Cardozo (Advocacia-Geral da União), Carlos Gabas (Aviação Civil), Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Alessandro Teixeira (Turismo), além do assessor pessoal da presidente, o jornalista Bruno Monteiro.
Dilma quer que a equipe reúna informações sobre seu governo e trace uma estratégia de enfrentamento para os até seis meses em que deve ficar afastada da Presidência enquanto o Senado julga seu impeachment.
AVIÃO DA FAB
Assessores do Planalto contam com a autorização do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para que Dilma tenha à sua disposição, durante o tempo em que permanecer afastada, um avião da FAB (Força Área Brasileira), carros, seguranças e essa equipe de assessores, com algo entre 12 e 15 pessoas.
O ex-presidente Lula e dirigentes do PT estimulam que Dilma viaje pelo Brasil –e até a outros países– para denunciar o que chama de “golpe” e a “ilegitimidade” do governo de Michel Temer (PMDB).
Dilma foi aconselhada a deixar o cargo “com dignidade” e aceitou a ideia de descer a rampa do Palácio do Planalto no dia em que deve começar a cumprir seu afastamento do cargo.
Outros detalhes do que está sendo chamado de dia D para a presidente ainda estão sendo discutidos.
A cúpula do PT deve levar militantes do partido e representantes de movimentos sociais para a frente do Palácio do Planalto, em ato de apoio à presidente.
Os petistas querem fazer do ato um momento simbólico para estimular a base social a se manter mobilizada.