Morta pela histeria pandêmica: A jovem assassinada pela GCM de Rio Claro

Gabrielli Mendes da Silva, de 19 anos, morta com um tiro no peito, não virará mártir de nada. Mais uma vítima colateral dessa utopia asséptica

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Assassinato de Gabrielli Mendes da Silva, de 19 anos.

Ela morreu ao levar um tiro no peito disparado por um guarda municipal durante uma ação para dispersar uma aglomeração numa “festa clandestina”. durante uma ação da Guarda Municipal de Rio Claro.

Difícil expressar, aqui, a monstruosidade disso

E, no entanto, essa monstruosidade conta com a chancela não só do poder público como também de parte da imprensa e até de cidadãos “esclarecidos” que juram estar agindo no melhor interesse da população “ignorante”.

Afinal, vivemos uma pandemia, uma peste, um necrogoverno, uma catástrofe “sem precedentes” (essa geração acha que tudo é sem precedentes) na qual vale qualquer coisa, até tirar a vida de uma adolescente, para… Para quê mesmo? Evitar contágio? Achatar a curva? Poupar recursos do SUS? Qual a justificativa da vez?
Banalização da vida

A morte de Gabrielli seria apenas mais uma morte entre tantas num país que parece ter aprendido a conviver com a violência cotidiana da pior forma possível: banalizando a vida.

Curioso perceber como inventamos qualquer tipo de desculpa para justificar o injustificável.

Vidas são tiradas pelos motivos mais prosaicos. Neste caso muito concreto, a justificativa foi aquilo que já chamei aqui de “fascismo sanitário”: a ideia, nascida da ignorância, de que é possível acabar com uma pandemia dispersando aglomerações.

Os detalhes da história, contados com a frieza cínica e autoindulgente do jornalismo, compõem uma imagem na qual se misturam o despreparo do guarda municipal, que pretendia dar tiros com bala de borracha, mas se emgananou todo com a arma, e o dedurismo de alguém que, talvez incomodado com o barulho, talvez muito preocupado com as estatísticas da Covid-19, ligou para a polícia da cidade de 180 mil habitantes para denunciar a “festa clandestina”.

“Que ameaça real pode representar uma menina de 19 anos a um marmanjo armado a ponto de este mesmo marmanjo eliminá-la com um tiro no peito?

E hoje a vítima foi uma pessoa que vemos com desconfiança, num ambiente “ilegal”

Mas quem garante que amanhã a tragédia não se repetirá depois que um cidadão obediente ao fascismo sanitário denunciar uma “aglomeração ilegal” diante de um altar ou uma “festa clandestina” de aniversário, com decoração de Toy Story ou coisa assim?

foto internet

Cumprindo ordens

O guarda municipal envolvido na tragédia que tirou a vida da filha de alguém foi preso e responderá a um processo por homicídio culposo, sem intenção de matar. Afinal, tudo não passou de um acidente e, no mais, ele estava obedecendo ordens e muito provavelmente fazendo cumprir mais um decreto redigido por um burocrata entediado da prefeitura de Rio Claro.

E o tempo passará e a pandemia um dia terminará. E o guarda municipal, provavelmente de volta às ruas, voltará a impor a lei e a ordem da vez. Talvez até lá se proíba o cigarro ao ar livre. Será que, nesse caso, o guardinha também alegará estar cumprindo ordens e sacará sua arma para matar o fumante delinquente?

Enquanto isso, Gabrielli Mendes da Silva, 19 anos, morta com um tiro no peito, não virará mártir de nada.

Não haverá protestos mundiais em torno de sua vida precocemente interrompida.

Uma vez enterrada, ela provavelmente será esquecida, apenas mais uma vítima colateral dessa utopia asséptica na qual se transformou o enfrentamento da Covid-19.”

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