Vergonha internacional: Lula é declarado persona non grata por Israel: 🇮🇱🇧🇷

Governo de Netanyahu repudia comparação do presidente com o Holocausto e convoca embaixador.

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Governo de Netanyahu repudia comparação do presidente com o Holocausto e convoca embaixador.

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Resumo:

  • Lula comparou a ação de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto.
  • Israel declarou Lula persona non grata.
  • Embaixador brasileiro foi convocado para explicações.
  • Relações diplomáticas entre Brasil e Israel ficam estremecidas.

Matéria:

A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparando as ações de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto nazista gerou uma forte reação do governo israelense, que o declarou persona non grata.

O termo persona non grata, em latim, significa “pessoa não agradável” ou “não bem-vinda”. Na diplomacia, a expressão se aplica a um representante estrangeiro que não é mais bem-vindo em missões oficiais em determinado país.

Em comunicado, o ministro de Relações Exteriores israelense, Israel Katz, afirmou que Lula não será bem-vindo em Israel até que se retrate por suas palavras.

A decisão foi tomada após encontro com o embaixador do Brasil em Israel no Yad Vashem, o memorial oficial de Israel em Jerusalém para lembrar as vítimas do Holocausto.

Lula fez a declaração durante uma entrevista em Adis Abeba, na Etiópia, onde participou de uma reunião da cúpula da União Africana.

O presidente já havia falado sobre a situação dos palestinos em seu discurso no evento, mas a declaração durante a entrevista gerou uma forte reação do governo israelense.

A BBC News Brasil procurou a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e o Ministério de Relações Exteriores brasileiro para um posicionamento sobre as declarações do chanceler israelense, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

Por que a fala causou tanta controvérsia?

O genocídio de mais de 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial é um tema bastante sensível.

A fala de Lula gerou uma forte reação de instituições judaicas, que afirmam que comparar a situação dos palestinos afetados pelos ataques de Israel com o genocídio de judeus feito pelos nazista é uma forma de “banalizar o Holocausto”.

A Conib (Confederação Israelita do Brasil) emitiu uma nota de repúdio à fala de Lula, na qual defendeu as ações de Israel.

“Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país, matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua carta de fundação a eliminação do Estado judeu”, diz o comunicado da entidade.

“Essa distorção perversa da realidade ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes”, afirmou.

O presidente do Museu do Holocausto em Jerusalém, Dani Dayan, afirmou que a fala de Lula é “vergonhosa” e uma “combinação de ódio e ignorância”.

Ministros do governo defenderam Lula nas redes sociais.

“Todo meu apoio às preocupações do presidente Lula em relação ao conflito que vem cruelmente atingindo civis na Faixa de Gaza, vítimas do governo de extrema-direita de Israel”, escreveu Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) na rede social X.

“A fala do presidente Lula sobre o que está acontecendo em Gaza é corajosa e necessária. Já são mais de 20 mil mortos palestinos através de ataques promovidos por Israel. Que esse posicionamento incentive outros países a condenarem a desumanidade que estamos vendo dia após dia”, disse Sônia Guajajara (Povos Indígenas), também no X.

Qual foi a resposta de Israel?

O atual primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, emitiu um comunicado criticando a fala de Lula e convocou o embaixador brasileiro em Israel para uma reunião nesta segunda-feira (19/2).

“A comparação entre Israel e o Holocausto dos nazistas e de Hitler está ultrapassando a linha vermelha”, afirmou Netanyahu em um comunicado. “Israel luta por sua defesa e garantia do seu futuro até a vitória completa.”

Ele disse ainda que a “banalização do Holocausto é a uma tentativa de prejudicar o povo judeu e o direito de Israel de se defender”.

Durante o encontro nesta segunda, o ministro Israel Katz afirmou que a comparação feita por Lula “é um grave ataque antissemita”