O conhecido muralista brasileiro Eduardo Kobra entrega amanhã, terça-feira, 23 de fevereiro, dois painéis, cada um com 1m80 por 1m80, realizados sobre a esperança no desenvolvimento das vacinas. Um painel será entregue ao Instituto Butantã, que amanhã faz 120 anos de existência, e o outro para a “Fiocruz”. “Essas duas telas, produzi no começo do ano passado, quando estávamos ainda no início dessa terrível pandemia. As obras expressam a esperança na produção de uma vacina. E agora, em 2021, passei a pensar sobre qual destino deveria dar para essas duas obras. Resolvi homenagear todos os cientistas brasileiros e duas grandes entidades que estão lutando dia e noite em prol da vida. Estou me referindo ao Instituto Butantan, que esta semana celebra 120 anos, e a Fiocruz, no Rio de Janeiro, para que fiquem expostos nas sedes das instituições como uma lembrança e homenagem permanente a todos os funcionários e cientistas que trabalham arduamente em prol da vida”, diz o artista.
“Respirar”
Recentemente, Kobra transformou um cilindro de oxigênio, em desuso, de 1m30, em uma obra de arte, exemplar único, chamada “Respirar”. É a primeira ação do recém-criado Instituto Kobra, que tem como base a premissa de que a arte é um instrumento de transformação. Kobra pintou o cilindro como se fosse um recipiente transparente, com uma árvore plantada dentro. Inicialmente o artista colocaria a obra em um leilão e doaria 100% do valor a instituições que estão sofrendo com a falta de oxigênio. “A mensagem central é a importância da vida. Que o sopro da minha arte ajude a levar um pouco de oxigênio para os hospitais mais necessitados e, ao mesmo tempo, provoque a reflexão sobre a importância de usar máscaras, lavar as mãos constantemente, manter o isolamento social e, claro, de preservar a natureza, que é um patrimônio de toda a humanidade”, diz o artista.
Através da ONE, do Grupo VG, parceiro para onde Kobra desenvolve todas as peças do Grafite Garden, o movimento UniãoBR tomou conhecimento da iniciativa e resolveu adquirir a obra “Respirar’, unindo cotas de seis famílias. A obra foi adquirida por 700 mil reais. Os recursos obtidos com a venda da peça serão aplicados integralmente na instalação de duas usinas de oxigênio que serão entregues à Secretaria Estadual da Saúde do Amazonas.
Na prática, isso significa que serão 20 leitos de UTI’s beneficiados 24h por dia, numa ação perene, que ficará como legado para a cidade. Em um dia, a usina vai gerar 480 horas de oxigênio. Em um mês, serão 14.400 horas. “A título de comparação, um cilindro abastece um leito de UTI com oxigênio por até 10 horas. Ou seja, para fazer uma entrega equivalente à usina, seriam necessários mais de 1.400 cilindros por mês. Com 700 mil conseguiríamos comprar 350 cilindros, o que equivaleria a 3.500 horas”, conta o muralista.
O cilindro está em exibição em São Paulo no piso térreo do Shopping Iguatemi, até 28 de fevereiro, para que o público possa ver e se engajar. É possível fazer doações através de um QR Code para que novas usinas sejam levadas à região Norte. Após a exposição, a obra será levada para o Hospital Israelita Albert Einstein, também em São Paulo.
Campanhas em 2020
No ano passado, Kobra utilizou seu talento para uma campanha que ajudava famílias desassistidas, com situação de vulnerabilidade ainda mais agravada pela pandemia do Covid-19. Fez o painel “Coexistência”, onde mostrava crianças de cinco religiões – budismo, cristianismo, islamismo judaísmo e hinduísmo – em oração e vestindo máscaras. Uma Serigrafia da obra foi sorteada entre as pessoas que fizeram doações. Com o valor arrecadado, R$ 450 mil, foram produzidos e distribuídos 20 mil kits.
Pouco depois, com o leilão da tela “Ao Líbano com Carinho”, conseguiu arrecadar 50 mil dólares para as vítimas da explosão ocorrida na zona portuária de Beirute, capital libanesa. “A obra mostra duas mãos, que simbolizam as mãos da humanidade, levantando o cedro do Líbano, que é um símbolo de paz, de fraternidade, de união e respeito”, disse o artista, que utilizou a bandeira do Líbano como a base para a pintura. “O vermelho representa o sangue derramado pelas pessoas que se feriram ou morreram nas lutas para livrar o país das forças externas; o branco representa a permanente busca pela paz e a beleza das montanhas cobertas pela neve; e o cedro, árvore presente em boa parte do país, é um símbolo de força e eternidade”, explicou Kobra.
Instituto Kobra: a arte como instrumento de transformação social
Nasce agora, em fevereiro de 2021, o Instituto Kobra, entidade que acredita na arte como instrumento de transformação social de adolescentes e jovens em estado de vulnerabilidade no Brasil. Fundada e presidida pelo artista Eduardo Kobra, a instituição parte da própria biografia de seu criador para fundamentar a importância e o papel da cultura como agente transformador de vidas e realidades.
O Instituto Kobra deverá promover ações, prioritariamente em comunidades periféricas, levando manifestações artísticas — não só das artes plásticas e do grafite, mas também da música, do teatro e da literatura — àqueles que costumam ter menos acesso a museus e centros culturais.
Uma experiência embrionária foi o projeto Galeria Circular, realizado em 2019. Transformado em galeria itinerante de arte, um ônibus adaptado percorreu 12 bairros da região metropolitana de São Paulo apresentando 14 obras de Kobra que estiveram ou ainda estão expostas em diversos locais pelo mundo. O artista idealizou e participou de todos os dias do projeto, interagindo muito com o público.
O Instituto Kobra surge também para funcionar como um espaço para promoção de causas por meio da arte — principalmente aquelas que fazem parte dos princípios do muralista, como a defesa do meio ambiente, o discurso pacifista, a pauta antirracista, o respeito entre os povos e a luta pela liberdade.
Neste sentido e considerando o momento sensível atravessado pelo País no combate à pandemia de covid-19, a primeira ação concreta da instituição foi usar sua arte para levar oxigênio para hospitais do Amazonas. Eduardo Kobra transformou um cilindro inutilizado em uma obra de arte (confirme citado no início do release).
Mas o Instituto Kobra não se resumirá a ações desse tipo. No projeto estão previstas outras maneiras de promover a cultura, com palestras e oficinas e realização de pinturas públicas em comunidades mais vulneráveis.
Além do próprio Eduardo Kobra, a entidade viabilizará a presença de outros muralistas e grafiteiros, brasileiros e estrangeiros, que, por meio de intercâmbios culturais, irão levar sua arte, seu conhecimento e suas histórias de vida a esses jovens de periferia.
A sensibilidade do muralista para o tema vem do berço. Kobra nasceu em 1975, no Jardim Martinica, bairro pobre da zona sul paulistana. Da mesma maneira como a arte mudou sua vida, ele acredita que a cultura em geral pode ser uma ferramenta de transformação social para muitos jovens brasileiros.
Para viabilizar esses projetos, o Instituto Kobra está aberto a firmar parcerias com empresas e outras entidades que queiram promover ações culturais junto a adolescentes e jovens de periferia.
Por conta do estado de pandemia, o Instituto Kobra definiu que, neste primeiro momento, todas as suas atividades devem ser estruturadas online. Quando – espera-se que em um futuro próximo – a situação atual for superada e eventos públicos puderem tornar a ocorrer com segurança, atividades presenciais serão divulgadas.
Trabalhos recentes e outros murais
Mural Escadateca
O muralista brasileiro Eduardo Kobra, 45 anos, voltará em breve a Sorocaba, interior de São Paulo, para pintar a parte final do grande mural Escadateca, que fez em uma empena do Colégio Ser! (à rua Doutor José Aleixo Irmão, 301, no Alto da Boa Vista). Com 22 metros de altura por 11 de largura, o mural, que pode ser visto também, inteiro, por quem está fora da escola, na rua mostra um menino subindo uma estante em uma biblioteca à procura de um livro. Para o mural, Kobra, que pintou acompanhado por dois artistas de sua equipe, Agnaldo Brito e Marcos Rafael, utilizou 350 latas de spray e 20 galões de esmalte.
É o 17º. trabalho do conhecido artista urbano Kobra com temáticas ligadas à literatura e livros em geral. “Não tive uma educação acadêmica, mas sou autodidata e os livros me ajudaram desde sempre. Pesquiso muito as biografias dos ‘personagens’ que destaco em minhas obras e, também, sobre as cidades que visito: busco imagens, fotografias e textos. Por isso, tenho procurado trazer nos murais a importância dos livros para a cultura do País e à formação e crescimento das pessoas”, conta o muralista.
Antes de iniciar o mural Escadateca, que foi realizado em cerca de 30 dias, com muitas dificuldades devido às chuvas intensas durante o período, Kobra utilizou as redes sociais e pediu para que as pessoas sugerissem livros. “De acordo com a pesquisa ‘Retratos da Leitura no Brasil”, o País perdeu 4,6 milhões de leitores nos últimos quatro anos. Isso não é nada bom: já somos um povo que lê pouco e os números indicam que esse hábito está diminuindo. Atualmente, apenas 52% da população brasileira têm o costume de ler. Estou preparando um painel para destacar a importância dos livros, das obras da literatura brasileira. Quero sua ajuda para saber quais livros devo destacar. Comente aqui: qual seu livro brasileiro favorito? Qual obra mais marcou sua infância? Vamos fazer esse mural juntos?”, escreveu o artista no instagram.
O muralista recebeu cerca 4.000 mil sugestões de títulos nacionais. Os 100 livros mais indicados, além de cerca de 50 escolhidos pelo próprio artista, serão colocados no mural. “O mural já foi entregue, mas estamos voltando para escrever os nomes dos livros que faltam”, conta o artista, que acrescenta: “o menino subindo a escala, à procura do livro, também simboliza a ascensão que a busca do conhecimento possibilita nos mais diversos sentidos. Não é fácil, mas é uma viagem fascinante que podemos buscar e alcançar”, afirma.
Cerca de 100 títulos já estão pintados na obra, como “Os Sertões”, de Euclides da Cunha; “Vidas Secas” e “Angústia” de Graciliano Ramos; “Dom Casmurro”, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Quincas Borba” e “O Alienista”, de Machado de Assis; “Iracema” e “Luciola”, de José de Alencar; “O Quinze”, de Rachel de Queiroz; “O Tempo e o Vento”, de Érico Veríssimo; “A Hora da Estrela” e “A Paixão Segundo G.H”, de Clarice Lispector; “Capitães de Areia”, de Jorge Amado; “Sagarana” e “Grande Sertão Veredas”, de Guimarães Rosa; “Nova Reunião”, com 23 livros de Carlos Drummond de Andrade; “200 Crônicas Escolhidas”, de Rubem Braga; “Eu Passarinho”, de Mário Quintana; “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna; “Estorvo e Budapeste”, de Chico Buarque”; e “Flicts” e “O Menino Maluquinho”, de Ziraldo.
Entre outros livros que entrarão na obra, Kobra destaca “Marcelo, marmelo, martelo”, de Ruth Rocha; “O fantástico mistério de feiurinha”, de Pedro Bandeira; “Raul da Ferrugem Azul”, de Ana Maria Machado;; “histórias mal-assombradas do tempo de um espírito da floresta” e “histórias mal-assombradas do tempo da escravidão”, com texto de Adriano Messias e com ilustração de Andréa Corbani; “Felicidade Crônica”, de Martha Medeiros; “Becos da memória”, de Conceição Evaristo; “Contos Negreiros”, de Marcelino Freire; Opisanie Swiata”, de Veronica Stigger. “O Centauro no Jardim”, de Moacyr Scliar; “Millôr Definitivo – A Bíblia do Caos”, de Millôr Fernandes, “A Terra dos Mil Povos – História indígena contada por um índio”, de Kaká Werá Jecupé; “O Karaíba – Uma história do Pré-Brasil”, de Daniel Munduruku; “Ideias para Adiar o Fim do Mundo”, de Ailton Krenak; “Fiel”, de Jessé Andarilho; “Capão Pecado”, de Ferréz; “Flores de Alvenaria”, de Sérgio Vaz; “Canto dos Malditos”, de Austregésilo Carrano Bueno; e Cem dias entre céu e mar” e “Paratii – Entre Dois Polos”, de Amyr Klink. “Ainda estou escolhendo algumas biografias, que são livros fundamentais para meu trabalho e alguns cronistas, como Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino e Luís Fernando Veríssimo, que lemos tanto na escola” diz.
Esse mural é o primeiro de Kobra em 2021. No final do ano passado, pintou na altura do km 44 da rodovia Presidente Castelo Branco o mural “A Linha da Vida”, com 600 metros quadrados. A obra traz oito personagens. Começa com uma criança e termina com uma senhora de cerca de 80 anos de idade.
A Arte de Conservar
Em dezembro de 2020, Kobra entregou em São Paulo a revitalização do mural “A Lenda do Brasil”, de 41 metros por 17,5 metros, feito em homenagem ao piloto Ayrton Senna, na empena de um prédio na rua da Consolação, 2608 (esquina com a av. Paulista, em frente à Praça José Molina), em São Paulo. O trabalho inaugurou o projeto “A Arte de Conservar”. De acordo com o artista, as próximas obras a serem restauradas são “Oscar Niemeyer”, na região da av. Paulista, também em São Paulo, e “Etnias – Todos Somos Um”, no Boulevard Olímpico, no Porto Maravilha, no Rio de Janeiro.
O mural “A Lenda do Brasil”, que mostra o piloto de capacete e olhar expressivo, é uma das principais obras de Kobra, que tem Senna como uma de suas grandes referências. “Embora eu não seja ligado aos esportes, Senna sempre foi um dos meus maiores ídolos e uma inspiração para mim, com seu exemplo de determinação e superação. Além disso, transformou o ato de dirigir carros de corrida em, além de um esporte, uma verdadeira arte, que encantava e inspirava a todos”, afirma Kobra, que já pintou 12 murais, além de uma tela, sobre o tricampeão mundial de F-1 (nascido em 21 de março de 1960, em São Paulo). Em setembro de 2019, Kobra realizou um mural. no autódromo de Ímola, Itália, onde o piloto morreu ao bater sua Williams nos muros da curva Tamburello, no GP de San Marino no dia 1º. de maio de 1994. Em março de 2020, inaugurou o mural “Superação” no autódromo de Interlagos, em São Paulo.
“Este é um dos primeiros movimentos de restauração, revitalização e preservação de murais, que já são patrimônios das cidades e merecem receber os mesmos cuidados que os prédios, os monumentos públicos e qualquer obra de arte”, afirma o artista, que acrescenta: “a velha ideia de que a arte de rua é descartável e efêmera deve ser mudada.”
O artista urbano revela que com as novas técnicas, os murais podem resistir bem mais à passagem do tempo. “A durabilidade de um mural depende de fatores como as condições climáticas – calor, frio, chuva -, a poluição e se foi realizado em uma parede nova ou mais antiga. Agora podem ser tomados cuidados essenciais para que os murais durem mais, como um melhor preparo da parede, o uso de seladora e de tintas acrílicas como base e a aplicação de verniz ao final do trabalho”, afirma.
Para a fase inicial do projeto, Kobra procurou pela Audi do Brasil, empresa que tem uma ligação histórica com o tricampeão mundial. Foi Senna que trouxe a marca alemã para o mercado brasileiro, em 1993. A empresa abraçou a ideia, assim como em 2015, ano em que iniciava a operação de sua fábrica no País. “
“A Mão de Deus”
O artista urbano entregou no dia 15 de novembro do ano passado seu primeiro mural, “A Mão de Deus”, na região do Minhocão, em São Paulo. O trabalho tem 33 metros de altura por sete metros de largura, na empena de um prédio situado à rua Traipu, nº. 50. De acordo com o artista, é a mais autobiográfica de todas as suas obras. “O mural é inspirado em um momento muito difícil para mim, que começou a ser superado quando senti a mão de Deus. Foi algo que me ajudou e que me ampara até hoje”, diz.
Kobra afirma que o mural, é particular, mas também universal. “Serve para todas as pessoas, de qualquer fé, que passam por dificuldades como depressão, solidão, dificuldades econômicas, bebidas e drogas”. E complementa: “espero que nesses tempos de pandemia e mesmo depois que tudo isso terminar, o mural também inspire as pessoas a resgatarem a bondade e serem mais acolhedoras e solidárias uma com as outras”.
Sobre Eduardo Kobra
Recentemente, Eduardo Kobra, 45 anos, entregou em Santos, no litoral de São Paulo, o mural “Coração Santista”, de 800 metros quadrados. A obra foi inaugurada no dia 23 de outubro, data do aniversário de 80 anos de Edson Arantes do Nascimento, Pelé. No mural, há quatro cenas, todas situadas dentro dos arcos (ou círculos) das muretas de Santos, um dos mais conhecidos símbolos da cidade: Pelé (o grande homenageado do mural), o Bonde, a Bolsa do Café e Um Estivador no Porto de Santos.
Pouco antes, o muralista lançou um painel sobre o Líbano, país marcado pela recente tragédia ocorrida em Beirute. A tela foi leiloada e foram feitas serigrafias para serem sorteadas entre pessoas que fizessem doações para o Líbano (o valor total a arrecadação será divulgado ainda em novembro). Também durante a pandemia, Kobra fez o painel “Coexistência”, onde mostrava crianças de cinco religiões – budismo, cristianismo, islamismo judaísmo e hinduísmo – em oração e vestindo máscaras. Uma Serigrafia da obra foi sorteada entre as pessoas que fizeram doações. Com o valor arrecadado foram produzidos e distribuídos 16.620 kits.
Em setembro, o artista urbano finalizou um mural dentro da Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo. O mural faz parte de um projeto idealizado por ele para a revitalização da escola, onde ocorreu um massacre em março de 2019, quando dois ex-estudantes armados invadiram o espaço. Além do mural pintado por Kobra dentro do pátio da escola, alunos participaram de um concurso através da Secretaria de Estado da Educação, com o tema “Paz nas Escolas” e enviaram desenhos. As obras escolhidas foram pintadas no muro em frente à fachada da escola. Para as pinturas nas outras três laterais do muro, foram convidados diversos artistas urbanos.
Kobra é um expoente da neo-vanguarda paulistana. Começou como pichador, tornou-se grafiteiro e hoje se define como muralista. Seu talento brota por volta de 1987, no bairro do Campo Limpo com o pixo e o graffiti, caros ao movimento Hip Hop, e se espalha pela cidade e pelo mundo. Com os desdobramentos que a arte urbana ganhou em São Paulo, ele derivou – com o Studio Kobra, criado em 95 – para um muralismo original – inspirado em muitos artistas, especialmente os pintores mexicanos e norte-americanos, beneficiando-se das características de artista experimentador, bom desenhista e hábil pintor realista. Suas criações são ricas em detalhes, que mesclam realidade e um certo “transformismo” grafiteiro.
Muitos críticos afirmam que a característica mais marcante de Kobra é o domínio do desenho e das cores. Mas o que é fundamental para o artista é o olhar. Kobra foi desde cedo apresentado às adversidades da vida. Viu amigos sucumbirem às drogas e à criminalidade. Alguns foram presos. Outros perderam a vida. Foi o olhar que o salvou.
Kobra é autor de projetos como “Muro das Memórias”, em que busca transformar a paisagem urbana através da arte e resgatar a memória da cidade; Greenpincel, onde mostra (ou denuncia) imagens fortes de matança de animais e destruição da natureza; e “Olhares da Paz”, onde pinta figuras icônicas que se destacaram na temática da paz e na produção artística, como Nelson Mandela, Anne Frank, Madre Teresa de Calcutá, Dalai Lama, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, John Lennon, Malala Yousafzai, Maya Plisetskaya, Salvador Dali e Frida Kahlo.
Em meio ao caos urbano, buscou resgatar o patrimônio histórico que se perdeu. Em um contexto repleto de desigualdade social e injustiças, buscou se inspirar em personagens e cenas que servem de exemplo para um mundo melhor.
Hoje, os murais de Kobra estão em cerca de 35 países e em diversas cidades e estados brasileiros – como “Etnias – Todos Somos Um”, no Rio de Janeiro, “Oscar Niemeyer”, em São Paulo; “The Times They Are A-Changin” (sobre Bob Dylan), em Minneapolis; “Let me be Myself” (sobre Anne Frank), em Amsterdã; “A Bailarina” (Maya Plisetskaia), em Moscou; “Fight For Street Art” Basquiat e Andy Warhol), em Nova York; e “David”, nas montanhas de Carrara. Em todos os trabalhos, o artista busca democratizar a arte e transformar as ruas, avenidas, estradas e até montanhas em galerias a céu aberto. Inquieto, estudioso e autodidata, também faz pesquisas com materiais reciclados e novas tecnologias, como a pintura em 3D sobre pavimentos. Em 2018, pintou 20 murais nos Estados Unidos, 18 deles em Nova York.
Cada vez mais conhecido, Kobra fica, é claro, orgulhoso quando vê uma multidão que observa um de seus murais, mas costuma dizer que o que o comove de verdade é descobrir alguém que para no meio da correria da cidade para observar, mesmo que por um minuto, os detalhes dessa obra. Apesar dos murais monumentais, Eduardo Kobra faz sua arte para despertar a consciência e a sensibilidade de cada um de nós.
Veja algumas das obras de Kobra no Brasil e no Exterior
Exterior:
1 – O Beijo, na High Line, em Nova York, EUA
2 – Arthur Rubinstein, em Lodz, na Polônia
3 – Artistas, em Wynwood, Miami, Flórida, EUA
4 – A Bailarina (Maya Plisetskaya), em Moscou, Rússia
5 – Malala, em Roma, Itália
6 – Olhar a Paz, em Los Angeles, Califórnia, EUA
7 – Sarasota Antiga, em Sarasota, Flórida, EUA
8 – Abraham Lincoln, em Lexington, Kentucky, EUA
9 – Fight for Street Art (releitura da cena clássica de Andy Warhol e Jean Michael Basquiat), em Williamsburg, Brooklyn, EUA
10 – Alfred Nobel, na cidade de Boras, Suécia
11 – MariArte, em San Miguel de Allende, México
12 – Ritmos do Brasil, em Tóquio, Japão
13 – O Beduíno, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos
14 – Mural ainda sem nome, Papeete, Taiti
15 – Bob Dylan, The Times They Are a-Changin. Minneapolis, Minnesota, EUA
16 – Hamlet, West Palm Beach, Florida, EUA
17 – Einstein vai à Praia, West Palm Beach, Flórida, EUA
18 – Give Peace a Chance, Wynwood, Miami, Flórida, EUA
19 – Stop Wars, Wynwood, Miami, Flórida, EUA
20 – The Fallen Angel (O Anjo Caído), Wynwood, Miami, Flórida, EUA
21 – Muddy Waters, Chicago, Illinois, EUA.
22 – Rio, Tóquio, Japão
23 – Armstrong (nome não definitivo), Cincinnati, Ohio, EUA
24 – Dante Alighieri, Ravenna, Itália
25 – Let me be myself, Amsterdã, Holanda
26 – Ziggy Stardust (sobre David Bowie), Jersey City, New Jersey, EUA.
27 – Sonho de um Menino, Dubai, Emirados Árabes Unidos.
28 – Mandela (ainda sem nome definitivo), em Blantyre, Malawi
29 – Desmond Tutu (ainda sem nome definitivo), em Blantyre, Malawi
30 – Dalí, em Múrcia, Espanha
31 – Davi, em Carrara, Itália
32 – Cacique Raoni (ainda sem nome definitivo), em Lisboa, Portugal.
33 – Etnias – Todos Somos Um (talvez ainda receba um novo nome), em Sandefjord, Noruega.
34 – Locomotiva, em Londres, Reino Unido
35 – Família Monet (dois murais que conversam entre si), em Boulogne-sur-Mer (Bolonha-sobre-o-Mar), na França.
36 – Imagine, em Bristol, Inglaterra.
37 – Em 2018 o artista fez 20 murais nos EUA, 18 deles em Nova York.
38 – Ayrton Senna, Ímola, Itália.
Brasil
1 – Oscar Niemeyer, Praça Oswaldo Cruz, av. Paulista, em São Paulo, São Paulo
2 – A Arte do Gol (projeto Muro das Memórias), av. Hélio Pellegrino com av. Santo Amaro, em São Paulo, São Paulo
3 – Belém Antigo, esquina da rua Castilhos França com a rua Portugal, em Belém, Pará
4 – Candango, no Complexo Bancário, em Brasília.
5 – Chico e Ariano, na avenida Pedroso de Morais, Pinheiros, em São Paulo, São Paulo.
6 – Novos Ventos, nos tanques da Linde Gases, na rodovia Cônego Domênico Rangoni, no trecho do sistema Anchieta-Imigrantes, que liga Cubatão a Guarujá, São Paulo.
7 – Mural da av. 23 de Maio (projeto Muro das Memórias), próximo ao viaduto Tutóia, em São Paulo, São Paulo.
8 – Murais do Parque do Ibirapuera, ao lado do MAM, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP.
9 – Pensador, Senac Tatuapé, em São Paulo, São Paulo.
10 – Muro das Memórias Caixa d’água, Senac Santo Amaro, em São Paulo, São Paulo.
11 – AltaMira (projeto Greenpincel), rua Maria Antônia, São Paulo, São Paulo.
12 – Muro das Memórias, Senac Tiradentes, em São Paulo, São Paulo.
13 – Gonzagão, Recife, Pernambuco.
14 – Viver, Reviver e Ousar, Igreja do Calvário, em Pinheiros, São Paulo, São Paulo.
15 – Brasil!, muro da usina termelétrica de Macaé, Rio de Janeiro.
16 – Sem Rodeio (Projeto Greenpincel), av. Faria Lima, em São Paulo, São Paulo.
17 – Muro das Memórias Senac Tiradentes, av. Tiradentes, em São Paulo, São Paulo.
18 – Racionais MC’s, Capão Redondo, São Paulo, São Paulo
19 – Genial é Andar de Bike, Oscar Freire, São Paulo, São Paulo
20 – A Lenda do Brasil, rua da Consolação, São Paulo
21 – Etnias – Todos Somos Um, Boulevard Olímpico, Porto Maravilha, Rio de Janeiro, RJ
22 – Sobre Bike e mobilidade (nome ainda indefinido), rua Tavares Cabral, São Paulo, SP.
23 – Mural do Chocolate, km 35 da rod. Castelo Branco, em Itapevi, São Paulo;
24 – Escadão das Bailarinas, em Pinheiro, São Paulo, São Paulo
25 – Mario Quintana, Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
26 – Ayrton Senna – Superação, em Interlagos, São Paulo.
27 – Escola Professor Raul Brasil (ainda sem nome definitivo), em Suzano, São Paulo.
28 – Coração Santista, em Santos, São Paulo.
29 – A Mão de Deus, São Paulo, São Paulo
30 – A Linha da Vida – km 44 da rod. Castelo Branco, São Paulo
31 – Escadateca, em Sorocaba, São Paulo.