Criado pela artista visual Weimar há nove anos, o W espaço de arte, em Ribeirão Preto (SP), extrapolou sua vocação de ateliê e galeria para se tornar uma instituição focada na pesquisa e na experiência processual de sua fundadora e dos artistas que irão expor no local. Dessa forma, foi inaugurado em 7 de novembro o CAC W – Centro de Arte Contemporânea W com a proposta inédita no interior de São Paulo de ser um espaço de experimentação e de difusão da arte nas mais variadas linguagens, incluindo vídeo, instalação, pintura, fotografia, escultura, performance, entre outros.
“Duas vontades que se casaram, minhas e da Weimar: a pesquisa, a catalogação e um estudo sistemático de sua obra e de tornar esse espaço em um local que mantivesse uma programação continua. O que se espera do CAC W é sempre o cultivo de uma experiência processual, um lugar que se abre para o mundo e que é capaz de pesquisar, observar, publicar e difundir o trabalho dos artistas”, explica o curador Josué Mattos, um dos responsáveis pelo projeto.
Ainda de acordo com Mattos, a inspiração veio de instituições encontradas na Suíça e em Portugal. No Brasil, o conceito do CAC W aproxima-se de lugares dedicados ao estudo da produção de outras artistas, como Vera Chaves Barcelos, no Rio Grande do Sul, e Tomie Ohtake, em São Paulo. “Entendemos que há polos importantes da produção artística e Ribeirão Preto faz parte disso, assim como se vê em outros países, entre eles na França. É poder viajar para uma cidade para ver uma exposição que só acontece e só é possível de ser vista ali, em uma escala mais experimental e processual”, conta.
Para Weimar, agora o público poderá ter acesso às obras de diferentes artistas e com linguagens e suportes distintos. “O CAC W vai acrescentar ao cenário artístico de Ribeirão Preto e de toda a região um intercâmbio de exposições de artistas nacionais e internacionais. Também é uma oportunidade dos visitantes conhecerem melhor meu trabalho, pois sempre estará exposta uma nova obra minha”, ressalta.
Exposições
Aberto à visitação às quintas e sextas-feiras, das 14h às 18h; sábados das 10h às 14h, o espaço apresenta até 20 de janeiro de 2017 a instalação O Baile, de Weimar (Ribeirão Preto), e a mostra Samaúma, de Miguel Penha (Chapada dos Guimarães), com seis pinturas retratando a floresta e o cerrado brasileiro.
O Baile, de Weimar, obra inédita desenvolvida para a inauguração do CAC W, consiste em um vídeo multicanal realizado a partir da edição do Grande Baile de Gala, que ocorreu na ocasião das comemorações do Centenário de Ribeirão Preto, em 1956. Em um jogo de sombras que se projetam sobre as imagens, justapostas na Sala 2 do CAC W, o visitante será confrontado a instrumentos musicais silenciados, sem os músicos que lhes davam vida.
Já a Samaúma, obra do artista Miguel Penha utilizada como título em sua exposição individual no CAC W pelas razões que fortalecem sua produção em torno da paisagem da Chapada dos Guimarães, com composições ricas em variações cromáticas, fornecem singularidades e exuberância às paisagens do artista. Pouco conhecido no circuito de artes, Miguel Penha tem recebido, no entanto, espaço em importantes centros de arte no Brasil, a exemplo do Paço das Artes e de mostras internacionais como o Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil.
A partir de agora e ao longo de 2018, o CAC W estabeleceu um calendário com artistas convidados pelos curadores Josué Mattos e Yolanda Cipriano.
“Manter mostras de arte contemporânea com horários de visitação fixa e entrada gratuita. Propor um circuito cultural ao visitante de também conhecer as mostras da Galeria Marcelo Guarnieri e do Instituto Figueiredo Ferraz, locais vizinhos ao nosso. Promover ações abertas aos interessados como conversas com os artistas que estejam expondo no CAC W assim como visitas guiadas para grupos, são alguns dos objetivos em curto prazo do nosso trabalho”, reforça Yolanda Cipriano.
Equipe CAC W
O CAC W é mantido por uma associação de direito privado, sem fins lucrativos. Conta com um centro de documentação e pesquisa em arte dos séculos XX e XXI, uma área expositiva e educativa, além de um ambiente de exibição do conjunto de obras de sua fundadora.
Weimar é artista visual. Nasceu, vive e trabalha em Ribeirão Preto. Entre as décadas de 1980 e 1990, participou do ateliê de Pedro Manuel-Gismondi. Realizou residências na Casa do Sol / Instituto Hilda Hilst, em Campinas, e em Torres Vedras, Portugal. Entre suas últimas exposições, destacam-se as individuais: Fragmentos (MARCO, Campo Grande, 2016, e MAC Jataí, 2014), Só o que não é do tempo permanece no tempo (MUnA, Uberlândia, 2013) e Fragmento / Memória / Processo (Museu de Arte de Ribeirão Preto, 2011). Participou das seguintes exposições coletivas: Algumas coisas que amanhã talvez hajam desaparecido (Ateliê Im previsto, Sorocaba, 2017), Bienal de Arte Contemporânea (SESC Distrito Federal, 2016), 41º Salão de Arte de Ribeirão Preto (Museu de Arte de Ribeirão Preto, 2016) e É sempre bom estar bem acompanhado (W – espaço de arte, Ribeirão Preto, 2013). Recebeu Prêmio Aquisição do Salão de Arte de Ribeirão Preto, nas edições de 1984 e 1986.
Yolanda Cipriano reside e trabalha em Ribeirão Preto (SP). É arquiteta, artista visual e curadora independente. Atuou como gestora do W – espaço de arte entre 2008 e 2016. É artista-fundadora do Polyedro (2015), um espaço independente de produção e difusão de arte contemporânea.
Josué Mattos é historiador da arte e curador. Graduou-se em História da Arte e Arqueologia na Université Paris X Nanterre, onde obteve o título de Master 1 e 2 em História da Arte Contemporânea. Em 2009, concluiu o mestrado em Práticas Curatoriais, na Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne. É curador e administrador do MASC – Museu de Arte de Santa Catarina e está implantando o Centro Cultural Veras, ambos em Florianópolis. Recebeu o Prêmio Marcantonio Vilaça 2017-2018 na categoria curadoria. Concebeu e assumiu a curadoria da primeira edição de Frestas – Trienal de Artes (Sesc Sorocaba). Desde 2010, realiza ateliês de acompanhamento de projetos de arte, debates e curadoria de exposições e salão de artes. É editor da Revista Binômios, projeto contemplado pelo Prêmio Redes Nacional Funarte Artes Visuais.
Serviço:
CAC W – Centro de Arte Contemporânea W
Exposições em cartaz: Samaúma e O Baile
Período: até 20/01/2017
Endereço: rua Nélio Guimarães, nº 1.300 – Ribeirão Preto/SP
Horário de visitação: quintas e sextas-feiras, das 14h às 18h; sábados das 10h às 14h
Informações: (16) 3623-2466
Entrada gratuita