Tite, 55 anos, dono de currículo vencedor e agora a frente de um novo desafio – classificar a Seleção Brasileira para a Copa de 2018. E ele já chegou demonstrando coragem e personalidade.
Em entrevista na sede da entidade, no Rio, afirmou que mantém sua opinião em defesa da transparência, democratização, excelência e modernização do futebol brasileiro, sem voltar atrás na decisão de assinar documento coletivo em dezembro, pedindo a renúncia do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero.
“Vou ter autonomia para buscar esses aspectos todos, e meu trabalho vai ser mais de campo, de análise de desempenho. Mas é por aí que continuarei lutando por esses conceitos. Mantenho a minha opinião.”
Sempre firme nas respostas, declarou que o foco do seu trabalho é a classificação para o Mundial e admitiu que há riscos de o Brasil ficar fora. “Não podemos negar isso.” Ele enfatizou que seria precipitado falar sobre o quanto deve ser aproveitado do time que vinha jogando sob o comando de Dunga.
Tite se emocionou ao falar de sua mãe, dona Ivone, e revelou que somente nesta segunda tudo ficou acertado com a CBF. “Quando Gilmar (procurador dele) me ligou hoje dizendo que estava tudo acertado, eu telefonei para minha mãe e ela me deu a bênção. Peço apenas que vocês tenham cuidado com ela.”
Ele rechaçou a ideia de uma escola gaúcha de treinadores, ao ser indagado sobre a passagem de Felipao, Mano Menezes e Dunga na equipe, e disse que a indicação de Edu Gaspar para coordenador de seleções partiu do próprio Del Nero. O técnico admitiu que estava com as pernas bambas e se esquivou de se aprofundar sobre polêmica envolvendo Neymar recentemente, na qual o atleta enviou mensagem aos demais colegas de Seleção com palavras ofensivas aos críticos da equipe.
“O lado humano potencializa o profissional. Todos querem o bem da Seleção. O Neymar, com certeza, quer isso. Temos que potencializar esse melhor caminho.”
Ele informou que para seu primeiro compromisso oficial, contra o Equador, em setembro, em Quito, vai ter a companhia do vice-presidente Antônio Nunes, e não do presidente Marco Polo Del Nero, que evita viagens para o exterior há pouco mais de um ano, desde que o FBI deflagrou operação contra a corrupção no futebol mundial.
Antes da entrevista, ao descer do gabinete da presidência para caminhar até o auditório e, em seguida, ao Museu do Futebol, Tite ainda dava sinais de que não domina o espaço físico da CBF.
Ele quase errou o caminho.
Ao se deparar com dois repórteres, dirigiu-se ao encontro deles, que, no entanto, estavam na fila do banheiro.
O técnico, ao lado de Marco Polo Del Nero, foi rapidamente advertido e seguiu o dirigente.
Em minutos, Tite e quase toda diretoria da entidade visitavam o museu, no térreo da sede da confederação.