Olimpíada de Tóquio: saiba quem são os brasileiros favoritos ao ouro

Judô? Vôlei? Natação? Atletismo? Futebol? De onde virão as medalhas de ouro para o Brasil?

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A boxeadora Bia Ferreira é uma das principais apostas para a medalha

Judô? Vôlei? Natação? Atletismo? Futebol? De onde virão as medalhas de ouro para o Brasil? O sonho de chegar ao topo do pódio na Olimpíada de Tóquio pode ser considerado mais próximo para alguns atletas brasileiros com trajetória de enfileirar títulos recentes. São competidores que representam verdadeiro pesadelo para os adversários. Campeões mundiais, recordistas e que fazem o Hino Nacional ser música habitual quando estão presentes.

Consultados pela Agência Brasil, profissionais especializados de veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e dos sites Olimpíada Todo Dia e Surto Olímpico, que cobrem esportes olímpicos (muito antes da tocha se acender e durante todo o ciclo de quatro anos entre os Jogos) destacam quais são os brasileiros favoritos para levarem a medalha.

Há um consenso entre os entrevistados de que a boxeadora Bia Ferreira é uma grande favorita na categoria até 60 quilos (kg). Segundo o jornalista André Rossi, a atleta, de 28 anos de idade, é a mais aposta entre os atletas brasileiros. “Não tem nenhum ultra favorito, no nível de um Phelps. Sem adversário. Entretanto, a Bia tem 28 pódios em 29 torneios. É a atual campeã mundial e pan-americana. Ganha tudo já há algum tempo. Ela tem uma adversária bem forte também, a irlandesa Kellie Harrington”. Rossi integra uma equipe de cinco pessoas do “Olimpíada Todo Dia” (OTD), que existe há cinco anos, está em Tóquio há duas semanas e vai ficar até o final da Paralimpíada.

O editor do site Surto Olímpico, Wesley Félix, concorda que Bia Ferreira é uma grande favorita. Além dela, ele entende que os últimos resultados permitem apostar que o Brasil também possa ser campeão no surfe masculino, no skate (street) feminino, na canoagem masculina e no vôlei masculino.

“São pessoas que, se não ganharem, os resultados podem ser considerados zebras. São muito favoritos ao ouro”, afirma. Ele explica que o veículo, que existe deste 2011, coloca uma lupa para prospectar o que ocorrerá nos Jogos deste ano, com base no desempenho dos esportes olímpicos deste último ciclo, que começou em 2017.

Com base nisso, ele considera que os representantes do surfe, os campeões mundiais Gabriel Medina (2014 e 2018) e Ítalo Ferreira (2019), ambos de 27 anos de idade, têm desempenhos em 2021 (são líder e vice-líder do mundial) que indicam o caminho da onda ao pódio.

 A gerente de programas esportivos da EBC, Verônica Dalcanal, acredita na medalha do surfe, que estreia nos jogos. “Eles são favoritíssimos. Vai ser muito legal essa conquista logo no primeiro ano de disputa”. Para Igor Santos, repórter da EBC que cobrirá a Paralimpíada em Tóquio, o favoritismo brasileiro está realmente no surfe masculino e no skate feminino. “Curiosamente, as modalidades que são estreantes nos jogos”, pondera. 

Para André Rossi, o título de um dos atletas de surfe dependerá também de condições meteorológicas e das ondas, em um cenário imprevisível.

O editor do Surto Olímpico ainda levanta o favoritismo de três competidoras em outra nova modalidade olímpica (saiba mais sobre os esportes novatos). Para ele, Pâmela Rosa, de 22 anos, a caçula do time Rayssa Leal, de 13, (que são líderes do ranking mundial) e Letícia Bufoni, de 28, do skate (categoria street) são nomes esperados no pódio. Porém, André Rossi pondera que as atletas japonesas na categoria são ótimas. “Então, pode dar as três brasileiras no pódio ou mesmo as três japonesas”. Para ele, a competição está em aberto.

Lincoln Chaves, que cobriu a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos de 2016 no Rio, pela EBC, reitera, inclusive, que mesmo elas sendo jovens, têm bagagem para fazer história. “Existe a pressão natural de Olimpíada. Elas são jovens esportistas, mas muito acostumadas a competições grandes”.

Com três pódios em 2016, o canoísta Isaquias Queiroz, (canoagem velocidade 1.000 metros, categoria C1), que é campeão mundial, é outro favorito ao ouro, no entender dos especialistas consultados. Ele também vai competir em dupla (C2, na mesma distância) com Jacky Goodman, mas terão concorrências que deixam a tarefa mais difícil.

Para Wesley Felix, a seleção brasileira de vôlei masculino é também “muito favorita ao ouro”. André Rossi concorda que a equipe comandada por Renan Dal Zotto, campeã da última Liga das Nações, é candidata forte para conquistar o terceiro título olímpico. “É muita tradição”.

Para Lincoln Chaves, da EBC, a conquista da Liga das Nações e a continuidade da equipe técnica e do elenco credencia a equipe para o ouro. Os entrevistados não afastam a possibilidade de um bicampeonato para o futebol masculino, mas que enfrenta concorrência principalmente da Espanha.

Para ficar de olho

Os profissionais entendem que, embora não sejam favoritos, existem outros atletas que podem surpreender e chegar ao título. “Na esgrima tem a Nathalie Moellhausen, campeã mundial, mas no ano de 2019. No ano passado, não teve mundial. É chance de medalha, até de ouro, mas também é um torneio bem imprevisível”, pondera André Rossi.

Na vela, a dupla Martine Grael e Kahena Kunze, na classe RS:FX, são citadas pelos profissionais como potenciais medalhistas. “São campeãs olímpicas e estão muito bem. Mas, claro, elas têm adversárias fortes e dependem de como o tempo estará”, afirma Rossi. Lincoln Chaves considera que a dupla é forte candidata ao bi.

No vôlei de praia, as principais chances, segundo eles, estão com a dupla feminina Ágatha e Duda, embora não descartem Ana Patrícia e Rebecca. Para o masculino, a tarefa de Evandro e Bruno Schmidt é de tentar superar os favoritos noruegueses (Sorum e Mol). 

A jornalista Marília Arrigoni, também da equipe de esportes da EBC, aposta que é necessário observar de perto também Ana Satila, na canoagem slalom, e Henrique Avancini no Mountain Bike.

Os entrevistados, aliás, consideram que Avancini seria uma surpresa, mas que não é improvável. Como não é Marlon Zanotelli, no hipismo, que entrou para o top 10 do ranking mundial.

Mesmo com os palpites, os profissionais especialistas, que acompanham esporte de perto, reiteram que previsões podem cair por terra diante do inusitado, de um vento a mais, de uma onda maior, de um segundo a menos, de concentração diferente e até de uma inspiração que nem sempre é matemática.