As aulas presenciais da rede municipal de ensino estão suspensas em Ribeirão Preto desde o dia 23 de março, após publicação do decreto de estado de calamidade pública que interrompeu o funcionamento dos serviços não essenciais devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A partir daquela data, as escolas municipais passaram a funcionar por meio de ensino remoto.
Com o desafio de não deixar a formação dos estudantes em segundo plano, equipes gestoras, coordenadores pedagógicos, professores, formadores do Centro Educacional Paulo Freire e a equipe da Secretaria Municipal da Educação têm unido forças para desenvolver atividades e elaborar conteúdos que sejam trabalhados em casa.
No primeiro momento, foram entregues materiais e sugestões de práticas aos alunos. Com o avanço da doença e consequente prorrogação do período de quarentena, a equipe docente de cada escola passou a planejar o conteúdo semanalmente. Na última terça-feira (2), as escolas começaram a entregar kits de materiais elaborados pelo Centro Educacional Paulo Freire e alimentos a todos os estudantes.
Com a parceria entre a Secretaria e a plataforma Google for Education, os alunos do Ensino Fundamental podem acessar os materiais por meio do recurso Google Classroom, que gerencia o conteúdo para as escolas. Também é possível estudar pelo aplicativo do Governo do Estado, o Centro de Mídias SP. Os estudantes que não têm internet ou computador para realizar as tarefas podem retirar nas escolas as versões impressas, alternativa pensada para garantir que todos mantenham os estudos.
Na EMEF Prof.ª Dercy Célia Seixas Ferrari, localizada no Jardim Juliana, a diretora Eliana Silva de Oliveira e sua equipe buscaram uma maneira de atender os alunos que não conseguem acompanhar as atividades online.
“Os pais ligam na escola e agendam um horário para, individualmente, realizar as tarefas no laboratório de informática. Deixamos um profissional disponível para tirar dúvidas e oferecer orientações. Ficamos à disposição a semana inteira, das 8h às 17h”, relata.
De acordo com Eliana, a ação garante que os cerca de 740 matriculados na escola tenham acesso às atividades. Para acompanhar o desenvolvimento da criançada, a orientação é que as tarefas sejam entregues na secretaria da escola ao final de cada semana. Foram criados grupos de WhatsApp, separados por turma, com alunos, pais e professores, sendo que a escola liga toda semana para aqueles que não têm o aplicativo.
“Fizemos uma força tarefa, nossos professores têm se desdobrado para elaborar conteúdos que prendam a atenção dos alunos, pois sabemos como é difícil manter a concentração e a disciplina estando em casa todos os dias. Nunca houve um empenho tão grande da Educação como estamos vendo agora, pois temos como meta formar o aluno como um todo, não só como aprendiz de conhecimento”, reforça.
A EMEFEM Dom Luís do Amaral Mousinho conta com 1.202 alunos matriculados e realiza uma busca ativa para identificar o perfil de cada um e saber quantos têm acesso à internet.
A diretora Janete Rita Costa Acquiraro afirma que a equipe conseguiu alcançar em torno de 70% de adesão disponibilizando o conteúdo na secretaria da escola. O conteúdo é planejado semanalmente em reuniões entre diretoria, coordenação pedagógica e professores.
“Acredito que estamos sendo até vitoriosos visto tudo o que estamos passando. Temos trabalhado em equipe mais do que em qualquer outro momento e os resultados que vimos até agora são também em virtude do acolhimento e respaldo que temos recebido da Secretaria da Educação. Uma parceria como essa é fundamental nesse momento, visto que nossa prioridade são os alunos”, diz Janete.
Apoio aos alunos e aos professores
De acordo com o diretor do CEMEI Virgílio Salata, Christian Viana, a escola tem 100% de adesão dos 755 alunos matriculados, desde o Fundamental I à Educação de Jovens e Adultos, às tarefas propostas. Além da parceria com o Google for Education, os estudantes também contam com a versão impressa dos materiais e com as apostilas que começaram a ser entregues na primeira semana de junho. O desenvolvimento de cada um será avaliado na volta às aulas presenciais.
“Criamos uma forma de garantir a orientação constante à garotada. Nos horários de aula, as dúvidas podem ser enviadas aos professores nos grupos de WhatsApp. Muitas vezes, as respostas vêm em formato de vídeo, para ficar mais didática a explicação. Mesmo no caso daqueles que pegam na escola os materiais impressos, os alunos deverão apresentar as tarefas no retorno das aulas presenciais para, assim, acompanharmos o desenvolvimento pedagógico de cada um”, afirma.
O diretor afirma, ainda, que os estudantes sem internet em casa podem entrar em contato pelo telefone da escola para informações, dúvidas e orientações. Aqueles que têm dificuldade de acesso, podem entrar em contato até mesmo pelas redes sociais da unidade.
“Nossa prioridade é atender, tanto quanto for possível, a realidade dos nossos alunos. Por meio de um planejamento coletivo entre professores e equipe gestora, produzimos nosso material próprio como se fosse aula dada em sala de aula para que aquela turma siga o planejamento anual”, conclui.