A produtividade chegou a 5,3 toneladas por hectare e é cerca de duas vezes mais do que a média colhida pelos produtores este ano
O trigo, um dos cereais mais importantes para alimentação humana e cultivado especialmente em regiões frias no mundo, está ganhando um novo e inusitado espaço de cultivo no Brasil. Por incrível que pareça é no Nordeste, uma das regiões mais quentes do País, que o cereal passa ter bons resultados!
O trigo foi colhido pela 1ª vez no Ceará nessa safra 2019/2020. Numa área experimental de 1,6 hectare rendeu uma colheita de 8,5 toneladas de trigo. A produtividade foi de 5,3 toneladas por hectare.
O resultado surpreende porque é cerca de 2 vezes o rendimento médio do cultivo de trigo no Brasil. Os líderes na produção do cereal no País são o Paraná e o Rio Grande do Sul. Respectivamente, eles são responsáveis por 48,2% e 39,6% do alimento colhido este ano. A produtividade destes estados é de 2,95 toneladas por hectare e 2,9 toneladas por hectare.
“O Brasil está produzindo trigo no Ceará e com alta produtividade, superando até lavouras do Sul”, diz Tereza Cristina, ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. “Isso mostra que precisamos estar cada vez mais antenados com a modernidade das novas tecnologias para vários produtos que podemos usar internamente e, ao mesmo tempo, gerar superávit para nossas exportações.”
Inovação
O plantio experimental é resultado de uma parceria entre a iniciativa privada e de pesquisadores da Embrapa. No primeiro teste, obteve-se como resultado uma produção mais acelerada. Do plantio até a colheita, foram necessários 75 dias em solo cearense. Normalmente, o cereal é colhido em até 180 dias no resto do País.
O resultado obtido nessa primeira experiência permite prever uma colheita maior nos próximos anos com cultivos podendo ser realizados em outro Estados como Piauí e Alagoas.
Trigo baiano
Até então, o único Estado nordestino que cultivava trigo era a Bahia. Na série histórica da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), iniciada em 1976, a primeira safra baiana foi a de 1986. Mas não passou de 200 toneladas.
A cultura foi esquecida de 1991 até 2002. O Estado produziu 2,5 toneladas por dois anos consecutivos (2003 e 2005). De 2006 a 2015, também nada se colheu. A cultura ressurgiu em 2016 com 18 toneladas de produção e chegou ao pico de 30 toneladas.
Curiosamente é o Estado de maior produtividade de trigo do País, colhendo uma média de 5,7 toneladas de grãos por hectare. O caso baiano é um bom indício de que a cultura nordestina tem muito para incrementar a produção de trigo brasileira. A temporada de 2019/2020 rendeu 6,8 milhões de toneladas, a maior colheita já vista no Brasil!