O Descaso da Beneficência Portuguesa: Quando o Lucro Vale Mais que a Vida
Em Ribeirão Preto, a cena é vergonhosa e desumana: pacientes “internados” nos corredores da Beneficência Portuguesa enfrentam uma situação que envergonharia até o mais insensível dos gestores públicos. Sem alimentação adequada para pacientes e acompanhantes, esses indivíduos ficam à mercê da boa vontade de parentes, que precisam entregar alimentos aos porteiros, torcendo para que cheguem ao destino correto.
Entre os casos, destaca-se o de um idoso com mais de 90 anos, enfrentando problemas renais, pressão oscilante e diabetes. Sem identidade revelada, ele precisa de acompanhamento constante, mas a acompanhante, assim como outros, sofre com a negligência do hospital. Não há nem mesmo camisolas para os pacientes, segundo informações repassadas pelos próprios funcionários.
Corredores Sem Dignidade
O local onde os pacientes são colocados é insalubre e impróprio: luzes permanecem acesas o tempo todo, privando-os de descanso; privacidade não existe; cadeiras desconfortáveis são o único “conforto” oferecido aos acompanhantes. Esse idoso, por exemplo, está no corredor desde a meia-noite do dia 20 e, já passadas mais de 10 horas, segue sem qualquer melhoria na sua situação.
Regulação Que Não Funciona
O paciente veio da UPA do Sumarezinho, após regulação feita pelo sistema, e foi transportado pelas ambulâncias do SAMU. No entanto, a regulação indicava que a Beneficência Portuguesa tinha vaga disponível, mas, ao chegar, o paciente foi largado em um corredor. A indignação é evidente: se era para ficar nessas condições, teria sido mais humano mantê-lo na UPA, onde havia alimentação, controle ambiental e maior dignidade.
Beneficência Que Não Beneficia
A ironia do nome da instituição é dolorosamente clara. Não há “beneficência” alguma. Todos os pacientes que ali se encontram pagaram, ao longo da vida, impostos e contribuições esperando um atendimento de qualidade no SUS, mas o que recebem é um tratamento indigno e cruel.
Falta de Empatia e Gestão Pública
É revoltante que vereadores, secretários e o próprio prefeito permaneçam confortavelmente alheios a essa realidade. Enquanto se mantêm isolados em suas bolhas de privilégios, os usuários do SUS enfrentam o abandono e o desprezo. Talvez, se fossem obrigados a depender do sistema público, a realidade fosse diferente.
O Preço do Descaso
Pacientes que já estão fragilizados têm seu estado de saúde agravado em condições como essas. A luz fria e constante, a falta de privacidade e a ausência de cuidados básicos não só desrespeitam a dignidade humana, mas também colocam vidas em risco.
É hora de Ribeirão Preto exigir respostas. O que vale mais: o dinheiro ou a vida?

Ribeirão Preto: Entre a Grandeza Econômica e o Peso Político
População: Crescimento Sem Infraestrutura?
Com quase 700 mil habitantes, Ribeirão Preto se posiciona entre as cidades mais populosas do estado de São Paulo. Mas será que o crescimento populacional acompanha o desenvolvimento urbano? A sobrecarga em serviços essenciais é um reflexo de um planejamento ineficaz.
PIB e Renda Per Capita: Dinheiro Não Garante Bem-Estar
Com um PIB per capita de R$ 55.484,91, Ribeirão Preto parece próspera. No entanto, essa riqueza está longe de ser distribuída de forma justa. A desigualdade social é palpável, especialmente nos extremos da cidade.
Saúde em Crise: Números Não Salvam Vidas
Apesar de contar com 95 estabelecimentos de saúde, a fila para atendimento especializado é interminável. A pergunta que fica: de que adianta números altos se a população continua sofrendo com falta de acesso e qualidade nos serviços?
Educação de Elite, Mas Para Poucos
A Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP é um orgulho, mas quem realmente se beneficia? Enquanto a elite acadêmica se destaca, a maioria da população enfrenta dificuldades para acessar um ensino superior de qualidade.
Câmara de Vereadores: Representação ou Excesso?
Com 22 vereadores, Ribeirão Preto levanta questionamentos sobre eficiência legislativa. Em cidades como São José do Rio Preto, que tem população similar, a estrutura política é mais enxuta, gerando menos custos e, talvez, maior eficácia.
Salários de Políticos: Prioridade Invertida
Os salários de vereadores e prefeito são um tapa na cara do trabalhador. Com R$ 20.597,25 para vereadores e R$ 34.384,86 para o prefeito, fica claro que as prioridades estão desalinhadas com as necessidades reais da população. Enquanto isso, cidades de porte semelhante pagam bem menos, como em São José do Rio Preto, onde vereadores ganham R$ 17.500.
Ribeirão Preto: Uma Cidade Para Quem?
É evidente que Ribeirão Preto enfrenta uma crise de prioridades. A economia pulsa, mas o povo sofre. A elite política e econômica segue beneficiada, enquanto o trabalhador comum luta para sobreviver. Quando essa discrepância será finalmente corrigida?

