A Vida das Bonecas Vivas, de Dan Nakagawa, tem última apresentação no SESI Ribeirão Preto

Inspirado nas Living Dolls, o espetáculo de dança-teatro traz uma leitura contemporânea do butô e kabuki, tendo Helena Ignez como atriz convidada.

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Inspirado nas Living Dolls, o espetáculo de dança-teatro traz uma leitura

contemporânea do butô e kabuki, tendo Helena Ignez como atriz convidada.

O espetáculo de dança-teatro A Vida das Bonecas Vivas, concebido e dirigido por Dan Nakagawa, tem sua última apresentação no Teatro do SESI Ribeirão Preto no dia 05 de julho, quarta-feira, às 20 horas, com ingressos gratuitos. Esta é a segunda apresentação da circulação da montagem por unidades do SESI-SP, que segue até setembro.

Com estética recheada de referências do butô, do kabuki e da dança contemporânea, A Vida das Bonecas Vivas parte do movimento das Living Dolls para tratar de existências humanas à margem de uma sociedade que cerceia a diversidade e a subjetividade. A encenação surge como uma resposta-celebração para uma existência possível no mundo patriarcal e embranquecido.

A ficha técnica tem Helena Ignez como atriz convidada (participação gravada em vídeo), Bogdan Szyberde (polonês, radicado na Suécia) na provocação cênica, Lucas Vanatt como dramaturgista e Anderson Gouvea na coreografia que integra o elenco junto com Alef BarrosGui TsujiHenrique Hadachi e Vivian Petri.

A Vida das Bonecas Vivas é inspirado na comunidade global Living Dolls, na qual homens se vestem com máscaras, roupas de silicone e seios protéticos a fim de se transformarem em bonecas vivas. Surgido nos anos 80, atualmente o movimento tem mais adeptos na Alemanha, Reino Unido e EUA. A montagem investiga questões existenciais, de identidade, filosóficas e artísticas na construção psíquica da personalidade em busca de um duplo como forma de transcender a própria existência. E, pelas sutilezas, tensões cênicas e subjetivas, revela a maneira como a instauração dessa nova persona afeta a identidade e, por consequência, a dança do corpo transformado.

Em um lugar atemporal, o enredo fala de pessoas que precisam existir de forma oculta. Borrando as fronteiras entre dança, teatro e performance, Dan Nakagawa traz para o espetáculo a mesma desconstrução do olhar normatizante em relação à sexualidade, gênero, expressão artística e, principalmente, ao modo a expandir e discutir as novas formas de existência que estão além dos padrões estabelecidos. A encenação ocorre em um ambiente que imprime a ideia de sonho. Os atores-bailarinos-performers são envolvidos por atmosferas lúdicas nas quais a cor branca sugere o infinito. O figurino remete à vestimenta plastificada da cultura living dolls, trazendo uma mobilidade contida para os corpos e, ao mesmo tempo, conferindo-lhes uma estética ora lírica, ora grotesca e ora bufônica. A trilha sonora também é criação de Nakagawa para o diálogo direto com as coreografias.

O encenador afirma que o espetáculo faz uma incursão nesse universo, partindo da pesquisa dos movimentos e das gestualidades desses homens em seus trajes de borracha, como uma “segunda pele”, fisicamente restritivos, mas libertadores ao possibilitar uma nova persona. O diretor conta que buscou elementos em sua ancestralidade oriental para construir a estética das cenas. “Fui buscar caminhos na expressão e intensidade do butô, no qual o ‘estado’ de dança passa pela necessidade da morte para o renascimento, e visitei o kabuki, com sua dramaticidade fluida em canto, dança e expressiva maquiagem, para chegar com liberdade a um conceito mais pop, mais contemporâneo, nesse híbrido de dança e teatro, onde movimentos e sons geram os estados físicos no performer”, afirma Dan, e explica ainda que o texto é coreografado, que a palavra é resultado do estado físico desses performesrs em cena.

Segundo o diretor, as personagens de A Vida das Bonecas Vivas vão ao encontro de sua sombra, de seu duplo, tendo por base conceitos da psicanálise como o ‘estranho-familiar’, de Sigmund Freud, o ‘nosso outro no espelho’, de Jacques Lacan, o ‘retornar a si pela experiência do outro’, de Antonin Artaud. Ele conta que usou também como referência os trabalhos do dramaturgo e coreógrafo grego Dimitris Papaioannou, da companhia de dança Cena 11 e do performer e coreógrafo japonês Hiroaki Umeda para trazer à tona perspectivas de um renascimento identitário que transponha os limites do engessamento social e dos papéis desempenhados diariamente.

A Vida das Bonecas Vivas teve sua pré-estreia em apresentação remota pelo YouTube, no dia 19 de novembro de 2020, devido às restrições impostas pela pandemia, permanecendo online por três meses, até 05 de março de 2021.

FICHA TÉCNICA – Direção e dramaturgia: Dan Nakagawa. Provocação cênica: Bogdan Szyber. Dramaturgismo e assistência de direção: Lucas Vanatt. Atriz convidada (vídeo-gravação): Helena Ignez. Elenco – atores bailarinos e atriz bailarina: Alef Barros, Anderson Gouvea, Gui Tsuji, Henrique Hadachi e Vivian Petri. Trilha sonora: Dan Nakagawa. Coreografia e preparação corporal: Anderson Gouvea. Figurino: Alex Leandro de Souza. Cenografia, maquiagem, visagismo e contrarregragem: Rafaela dos Santos Gimenez. Direção de produção: Adriana Belic. Assistência de direção produção: Mili Slikta. Produção executiva: Arthur Maia. Núcleo Artístico: Sambecktt Arte.Cultura. Fotografia: Dani Sandrini. Social media: Platea Comunicação. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Gestão de produção e agenciamento: Belic Arte Cultura.

Espetáculo: A Vida das Bonecas Vivas

Dia 5 de julho – Quartas, às 20h

Ingressos: Grátis – Reservas pelo site www.sesisp.org.br

Duração: 80 min. Classificação: 14 anos. Gênero: Dança-teatro.

Local: Teatro. Capacidade: 367 lugares.

Sesi Ribeirão Preto 
Rua João Ignachiti, 20-364 – Jardim Castelo Branco. Ribeirão Preto/SP.

Tel: (16) 3603-7300.

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