Não se pode afirmar que o inverno de 2018 será o mais frio dos últimos 100 anos no Brasil. De acordo com especialistas ouvidos pelo UOL, simulações mostram que as temperaturas devem cair em todas as regiões do país em relação a 2017. Frio extremo, se houver, deverá ser pontual.
Desde o final da última semana, tem circulado nas redes sociais a informação de que o inverno deste ano deverá ser o mais rigoroso dos últimos cem anos no Brasil. Os boatos afirmam que o responsável seria o La Niña, fenômeno de resfriamento da superfície do Oceano Pacífico.
Celso Oliveira, meteorologista da Somar, não vê dessa forma.
“Eu não entraria no mérito se vai ser o inverno mais frio em cem, 200 ou 300 anos”, afirma o especialista à reportagem. “O que se pode falar, tecnicamente, é que teremos uma estação mais fria do que no ano passado com possibilidades de picos pontuais, como em outras ocasiões.”
De acordo com Oliveira, o La Niña é de fato um dos motivos para esta previsão de queda.
“Já podemos afirmar [que será mais frio] porque o Oceano Pacífico, no ano passado, estava quente. O La Niña permite a entrada de mais frentes frias”, explica. “Além disso, temos a correlação entre as ondas de frio e a atividade solar. O Sol tem um ciclo de 11 anos em que se aproxima e se afasta da Terra. Seu auge [de afastamento] deve acontecer em uns 2 anos.”
Ainda assim, o meteorologista explica que as simulações feitas pela Somar não apontam para o frio extremo.
“O que pode acontecer é como em 2013, que na semana do dia 25 julho houve uma brusca queda, mas, como um todo não foi um inverno frio”, argumenta.
“Ou seja: quando se fala que o inverno será mais frio é uma média ou um pico durante um ou dois dias? A estação tem 90. Será no Sudeste, no Sul ou no país inteiro?”, questiona Oliveira. “Por isso é difícil [afirmar isso]. E este tipo de informação traz consequências complicadas na tomada de decisões de diversas indústrias.”
Tendências para o inverno 2018
As simulações mostram que o inverno deste ano terá um frio mais frequente, mesmo que não tão intenso. As regiões Sul e Sudeste devem ser as mais afetadas pela queda das temperaturas.
“Teremos um outono mais chuvoso, o que deve resultar em um inverno com tardes mais nubladas e úmidas e madrugadas não tão geladas”, afirma Oliveira. “Pode haver, claro, semanas com picos maiores, mas o padrão deverá ser este.”
De acordo com o especialista, tardes nubladas e frias fazem com que a sensação térmica diminua. “Não será um inverno como o que tivemos nos últimos anos, de tarde ensolaradas, secas e geladas. Neste ano, teremos aquele clima chuvoso e nublado.”
Oliveira diz que para seus clientes de malharia, por exemplo, está recomendando meia estação, com tecidos não tão pesados, mas que sustentem tardes frias.