O presidente Donald Trump segue abalando a economia global com suas políticas protecionistas. Desta vez, o republicano anunciou um aumento de 25% nas tarifas sobre todas as importações de aço e alumínio, impactando diretamente diversos países exportadores, entre eles o Brasil — o segundo maior fornecedor de aço para os EUA em 2024.
A medida é uma extensão das tarifas aplicadas por Trump em seu primeiro mandato e afeta um setor vital da indústria brasileira. Em 2023, os EUA compraram 18% de todas as exportações brasileiras de ferro fundido, ferro e aço, tornando o Brasil um dos principais alvos da nova taxação. O impacto econômico será significativo, uma vez que os EUA são o maior mercado consumidor de produtos siderúrgicos brasileiros.
Brasil inicialmente ficou fora do tarifaço, mas agora entra na mira
Nos primeiros meses do segundo mandato de Trump, as tarifas foram direcionadas ao Canadá, México e China, além da União Europeia. O Brasil, que representa 1,3% das importações americanas, ficou de fora dessa primeira rodada. Agora, no entanto, a sobretaxa também deve atingir as exportações brasileiras, prejudicando a competitividade do setor no mercado internacional.
Trump justificou a medida afirmando que qualquer aço que entrar nos EUA pagará a tarifa extra de 25%, o que ele considera essencial para proteger a indústria e os empregos americanos. A decisão, no entanto, ainda precisa de detalhes regulatórios que devem ser anunciados nos próximos dias.
Impacto no Brasil e no mundo
As tarifas representam uma grande barreira comercial, elevando os custos dos produtos importados para incentivar a compra da produção interna americana. O Brasil exporta para os EUA 12 vezes mais aço do que para a Europa e 6 vezes mais do que para a América Latina, o que significa um prejuízo expressivo para a economia brasileira.
O setor do alumínio também será afetado, apesar do Brasil ocupar apenas a 14ª posição entre os fornecedores desse metal aos EUA. No entanto, o impacto se soma a outras medidas protecionistas que dificultam a presença da indústria brasileira no mercado americano.
O irônico é que o Brasil também aplica políticas protecionistas em seu setor de aço. Em outubro de 2024, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) elevou para 25% o imposto de importação de 11 tipos de produtos de ferro e aço, sob a justificativa de combater a concorrência desleal. Ou seja, o governo brasileiro reclama das tarifas de Trump, mas aplica medidas similares em seu próprio mercado.

Reações internacionais
Ainda não houve uma manifestação oficial do governo brasileiro ou das indústrias afetadas. Já a União Europeia afirmou que não recebeu notificação oficial, mas prometeu reagir caso as tarifas avancem.
A Comissão Europeia declarou que “não há qualquer justificativa” para essa medida e que ela será combatida. “Tarifas aumentam os custos para os negócios, elevam a inflação e interrompem a eficiência dos mercados globais”, criticou a UE.
A China, por sua vez, exigiu que os EUA “corrijam sua abordagem errônea e parem de transformar questões econômicas e comerciais em armas”. Pequim fez um apelo por mais diálogo para evitar novos conflitos comerciais.
A história se repete?
As ameaças tarifárias de Trump contra o Brasil não são novidade. Em 2018 e 2019, o ex-presidente já havia prometido sobretaxar o aço e o alumínio brasileiros. Na ocasião, o então presidente Jair Bolsonaro interveio, resultando na retirada da medida após um telefonema entre os dois líderes.
Dessa vez, não há qualquer indicação de que o governo brasileiro tenha a mesma influência sobre Trump para reverter a decisão.
Por que Trump impõe tarifas?
Desde seu primeiro mandato, Trump defende que tarifas são uma forma de proteger a indústria americana, principalmente contra a China. O republicano argumenta que o aço e o alumínio baratos do mercado global prejudicam os produtores americanos e colocam em risco a segurança nacional, já que esses metais são essenciais para a indústria militar.
Na prática, as tarifas podem beneficiar siderúrgicas americanas, mas também prejudicam setores que dependem de aço e alumínio baratos, como a indústria automotiva e a construção civil. Além disso, tarifas elevadas aumentam os preços ao consumidor, estimulam retaliações comerciais e podem afetar a economia global.
O tarifaço de Trump é um jogo arriscado que pode isolar os EUA e prejudicar a economia global. O Brasil, como um dos principais exportadores de aço para o mercado americano, precisa reagir com estratégia e diplomacia. O protecionismo desenfreado pode parecer uma solução para problemas internos, mas a história mostra que ele tende a gerar mais danos do que benefícios.
JORNALISTA AIELLO


