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Um regime derrubado após décadas de ditadura
Neste domingo (8), as forças rebeldes jihadistas da Síria anunciaram a tomada da capital, Damasco, e a deposição do presidente Bashar al-Assad, cujo paradeiro permanece incerto. O marco ocorre após mais de 20 anos de guerra civil devastadora, iniciada durante a Primavera Árabe, que resultou em mais de 500 mil mortes.
Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, Assad teria deixado o país pelo aeroporto de Damasco antes que as forças armadas e de segurança abandonassem o local. Relatórios sugerem que ele embarcou para a base aérea russa de Hmeimim, com destino à Rússia, mas o avião desapareceu dos radares minutos após a decolagem.
Multidão celebra queda do regime
A população de Damasco saiu às ruas para celebrar a queda do Partido Baath, que governou a Síria por 50 anos. Em um gesto simbólico, manifestantes destruíram a estátua do ex-ditador Hafez al-Assad, pai de Bashar, conhecido por seu governo autoritário de quase três décadas.
Os rebeldes assumiram o controle da emissora estatal e “libertaram” milhares de prisioneiros da prisão militar de Sednaya, infame por suas condições brutais.
Nova era ou nova incerteza?
O primeiro-ministro sírio, Mohammed Ghazi Jalali, declarou estar disposto a colaborar com a transição de poder e propôs eleições livres para definir a nova liderança. Já Abu Mohammed al-Jolani, líder do grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham, instruiu seus seguidores a não interferirem em prédios públicos, que ficarão sob supervisão temporária do antigo governo.
O comandante Mazloum Abdi, das Forças Democráticas Sírias (coalizão curda), chamou o momento de “histórico” e declarou esperança em um futuro mais democrático para o país.
Impactos regionais e internacionais
A queda do regime representa uma derrota significativa para os aliados do governo sírio, Rússia e Irã, que tinham influência direta em regiões estratégicas como Aleppo e Hamã. A marcha triunfal dos rebeldes, iniciada na província de Idlib há apenas 10 dias, surpreendeu o mundo ao desmoronar as defesas governamentais em tão pouco tempo.
No entanto, o vácuo de poder pode abrir caminho para novas disputas internas entre grupos insurgentes, incluindo facções jihadistas, além de gerar tensões com potências estrangeiras.
Reflexão Final
O fim de um regime opressor é um passo importante, mas a reconstrução de um país devastado por anos de guerra é um desafio monumental. Que os próximos capítulos dessa história tragam paz e justiça ao povo sírio, que tanto sofreu sob o jugo da tirania e da violência.
JORNALISTA AIELLO