Rússia acusa Ucrânia de usar comunidade pacífica como escudo vivo

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Exército ucraniano é neonazista, diz Maria Zakharova

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, deu hoje (3) uma longa declaração à imprensa em que acusa a Ucrânia de ser um instrumento da política ocidental e de ameaçar diretamente a Rússia. Ela disse que o exército ucraniano é neonazista e se esconde atrás de um falso nacionalismo.

“A Ucrânia recebia armamentos do ocidente em grandes volumes, se transformando num bloco militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que ameaça diretamente a Rússia. Tudo isso acontecia diante da ausência de garantias de segurança do nosso país”, disse Zakharova, que afirmou ter documentos por escrito que comprovam que países do ocidente se negaram a dialogar com a Rússia.

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“O regime de Kiev (capital do país) transformou a Ucrânia, o povo ucraniano, em um instrumento da política do ocidente, da Otan e de todos que governam esse bloco. Não há nenhum dúvida de que no poder estão os bandidos. Os bandidos que agora recebem armas do ocidente, que usam os civis, que se escondem nas casas ao preço da vida dos seus cidadãos, cidadãos de outros países também e da sociedade civil em geral”, afirmou a porta-voz russa.

Ela disse ainda que o exército ucraniano usa vários símbolos nazistas, usando princípios nacionalistas, se escondendo atrás das costas das mulheres e das crianças, manipulando a consciência pública, com ajuda colossal dos serviços especiais dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e dos países da Otan.

“Os neonazistas, o exército ucraniano, usa uma comunidade pacífica como um escudo vivo. Isso é um fato. Eu falo da CNN, BBC e outros (veículos de comunicação). Vocês podem não mostrar isso, mas as pessoas distinguirão, vão saber diferenciar as fake news da verdade. Eles (as forças armadas da Ucrânia) não organizam saídas das cidades, eles fazem toque de recolher. Isso é uma tática usada pelos terroristas. O aumento do nível de criminalidade foi provocado especialmente pelo governo ucraniano. Armas sem qualquer controle foram distribuídas para qualquer pessoa, foram liberados criminosos das prisões que também estão recebendo armas, formando bandos e atacando as pessoas. Eles matam os seus, violam os seus. O país está cheio de ondas de assassinatos e violência”, disse Zakharova.

Rússia reivindica controle total da cidade ucraniana de Kherson

No oitavo dia da invasão da Ucrânia, as forças da Rússia reivindicam o controle total de Kherson, cidade com aproximadamente 290 mil habitantes no Sul do país. A partir de Kiev, que continua a ser alvo de contínuos bombardeios russos, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, assegura que as linhas de defesa continuam a resistir.

Kherson é a maior cidade tomada pelas tropas russas desde 24 de janeiro, o primeiro dia da invasão da Ucrânia. Gennadi Lakhouta, responsável pela administração regional, apelou aos habitantes, com recurso à plataforma Telegram, para que permaneçam em suas casas, já que “os ocupantes estão em todas as áreas da cidade e são muito perigosos”. O gabinete do presidente da Ucrânia recusou-se a comentar a aparente progressão das tropas da Rússia na cidade portuária de Kherson enquanto perdurarem os combates.

O presidente da câmara, Igor Kolykhaiev, disse que viu tropas russas em prédio da administração de Kherson.

“Não tínhamos armas e não fomos agressivos. Mostramos que estamos trabalhando para proteger a cidade e  tentar lidar com as consequências da invasão”, disse no Facebook. “Temos enormes dificuldades com o recolhimento de corpos e enterros, entrega de alimentos e remédios, recolhimento de lixo e gestão de acidentes”, acrescentou.

Ele assegurou que “não fez promessas” aos militares russos, que “simplesmente pediu que não disparassem contra as pessoas” e que fosse permitido o recolhimento dos corpos nas ruas.

Kharkiv

Em Kharkiv, no Leste da Ucrânia, segunda maior cidade do país, as ondas de bombardeios aéreos russos atingiram três escolas e a catedral. A notícia foi dada pela cadeia norte-americana CNN, após verificação de vídeos e fotografias publicados nas redes sociais. O número de pessoas que fogem da guerra já supera 1 milhão, de acordo com as Nações Unidas.

Os bombardeios russos destruíram ainda o telhado do prédio da sede da polícia regional em Kharkiv. Atingiram também a sede dos serviços de informações e um prédio da universidade local, além de edifícios residenciais.

O que se prevê ser o plano para o ataque final à capital da Ucrânia ainda não foi concretizado, quando a invasão entra em sua segunda semana.

“O corpo principal da grande coluna russa que avança para Kiev continua a mais de 30 quilômetros do centro da cidade, tendo sido atrasado por dura resistência ucraniana, problemas mecânicos e congestão”, diz o Ministério britânico da Defesa, numa atualização de dados recolhidos pelos serviços de informações.

“A coluna fez poucos progressos ao longo de três dias. Apesar de pesados bombardeios russos, as cidades de Kharkiv, Chernihiv e Mariupol continuam em mãos ucranianas”, afirma Londres.

O presidente da Ucrânia voltou, no entanto a se pronunciar. Volodymyr Zelensky acusou os russos de atingirem as únicas rotas de evacuação das cidades e prometeu exigir reparações.

Acrescentou que, apesar das dificuldades da noite, todos os ataques aéreos foram travados com sucesso.

Poucas horas antes da segunda rodada de negociações entre russos e ucranianos, com os incessantes bombardeios como pano de fundo, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, voltou a caracterizar a resposta ocidental à invasão como “histeria”.