Tratamento precoce ganha força com a criação de grupo de apoiadores do novo protocolo

O protocolo médico ganhou apoio com a criação de um conselho científico com nomes de peso que defende a ação terapêutica.

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O tratamento precoce contra a Covid-19 com o coquetel de remédios, que inclui a hidroxicloroquina, tem trazido bons resultados e ganhou força com a criação de grupo de apoiadores do novo protocolo, segundo uma reportagem de Adriana Dias Lopes, da Veja, publicada em 22 de julho de 2020.

Segundo a Veja, o protocolo médico ganhou apoio com a criação de um conselho científico com nomes de peso que defende a ação terapêutica.

Capitaneado pelo empresário Carlos Wizard Martins, o grupo reúne cerca de 10.000 profissionais dos mais variados estados e hospitais brasileiros, imbuídos nos estudos e na divulgação do procedimento por todo o país.

As diretrizes da equipe rapidamente viraram fenômeno na internet. Com o nome “Covid tem tratamento sim”, a plataforma virtual que os representa teve 4 milhões de acessos em apenas 3 semanas de funcionamento.

Wizard Martins disse à Veja que perdeu um sobrinho de 48 anos com Covid-19, mesmo após procurar auxílio médico no início dos sintomas, pois o mandaram para casa. Pouco tempo depois a doença se agravou de forma drástica.

O novo grupo multidisciplinar tem clara noção do tiroteio e montou um bom repertório a favor da distribuição da cloroquina logo no início dos sintomas, mesmo diante de argumentos contrários de reputadas instituições médicas e científicas, informou a Veja.

Um estudo com a hidroxicloroquina recém-divulgado pelo Sistema de Saúde Henry Ford, em Detroit, Michigan, nos EUA, entidade sem fins lucrativos, apresentou bons resultados.

Foram analisados 2.541 pacientes.

Entre os que tomaram hidroxicloroquina em no máximo 48 horas depois da infecção, o índice de morte foi de 13%. Entre os que não receberam, 26,4%. O método do estudo, no entanto, foi alvo de críticas, já que o grupo não tratou os pacientes aleatoriamente, mas os selecionou para vários tratamentos com base em critérios preestabelecidos.

“Sei que o melhor caminho são os estudos prospectivos e randomizados, mas a observação de casos também oferece um patamar de evidência científica, e isso não pode ser negado, dada a urgência”, explicou a médica Dra. Nise Yamaguchi à Veja.

Testemunhos de cura

A reportagem relata diversos testemunhos de pacientes curados de covid-19, após o tratamento precoce, que inclui a hidroxicloroquina.

“Fui o primeiro infectado na família, em março. Sentia uma dor tão forte que não dava para tocar no corpo. Fui internado. Em seguida foi minha mulher, Cristiane, que nunca sentiu sintoma algum. Meu irmão foi o terceiro e teve poucos sinais. Eles só foram atrás de ajuda médica depois de acompanharem o meu caso. Fomos medicados com três remédios, incluindo a cloroquina, logo no início. Deu certo”, disse um dos entrevistados pela Veja.

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“Comecei a sentir os sinais da infecção em 18 de junho: garganta irritada, dor no corpo e febre. Procurei o hospital porque estamos em uma pandemia, mas esses sintomas podiam ser muito bem de gripe. Me perguntaram se eu queria tomar as medicações e aceitei. Fiz o teste no mesmo dia. Quando o resultado positivo chegou, quase duas semanas depois, eu já estava restabelecida”, disse outra paciente curada e entrevistada pela Veja.

“A cloroquina não deve ser levada ao palanque”

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A Veja relata que o tratamento com a hidroxicloroquina recebeu o aval da FDA, a rigorosa agência americana de aprovação de substâncias, para tratar a Covid-19 em caráter emergencial.

Em junho, a autorização foi suspensa com a justificativa, não comprovada, de que “o medicamento apresenta riscos, sem nenhum benefício aparente”.

Em maio, a Organização Mundial da Saúde interrompeu o uso da hidroxicloroquina em seus testes, depois da publicação de um trabalho na revista científica The Lancet que tentou desqualificar a hidroxicloroquina como um medicamento eficaz no tratamento precoce da Covid-19.

No entanto, um mês depois a revista tirou a pesquisa do ar, após fraudes terem sido descobertas no estudo. A medicação ganhou antipatia de parcelas de cidadãos à esquerda ao ser defendida ardorosamente pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que afirmou ter tomado o remédio profilaticamente, assim como o Presidente Bolsonaro, posteriormente.

Segundo os médicos, o melhor a fazer, portanto, é subtraí a hidroxicloroquina (HCQ) de toda conotação partidária. A HCQ não deve ser levada ao palanque, reportou a Veja.

No Brasil, cerca de 3 milhões de comprimidos foram distribuídos no país, fabricados pela Fundação Oswaldo Cruz e pelo Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército.

Porto Feliz

Em Porto Feliz, município com 52.000 habitantes no interior do Estado de São Paulo, a prática do tratamento precoce tem dado resultados positivos. Segundo a Veja, desde 21 de março, logo nos primeiros casos da doença, a prefeitura adotou um protocolo ainda mais radical.

Todos os que apresentam sintomas suspeitos da infecção, mesmo sem a confirmação da doença, são medicados com três rótulos: além da hidroxicloroquina e do antibiótico azitromicina, a ivermectina, medicamento para vermes, que poderia frear a replicação do vírus.

O tratamento não é compulsório.

E antes de serem submetidos ao tratamento, os moradores passam por exames de controle, incluindo a tomografia. Dos 397 casos registrados até 15 de julho, houve 10 mortes — nenhum dos mortos havia sido tratado precocemente, de acordo com a Veja.

“Muitos pacientes, aparentemente infectados, ficam sem o diagnóstico pela falta de testes. O número de infectados pode ser muito maior”, disse a intensivista Ana Paula Malo dos Santos à Veja.

A ivermectina, medicação contra vermes, é usada na cidade profilaticamente, com bons efeitos, relatou a Veja. As cerca de 5.000 pessoas que tiveram contato com doentes de Covid-19 e receberam o medicamento não se infectaram.

“Essas medicações não são a solução da pandemia, mas são ferramentas relevantes, e não usá-las seria omissão”, disse o cardiologista Dante Senra, intensivista do grupo de Wizard Martins. “Procure seu médico de escolha e não seu político de escolha.”

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Fonte: VEJA de 22 de julho de 2020, edição nº 2696.