Projeto de Lei reacende debate em relação às opções de parto

Os debates reacenderam os questionamentos em relação aos prós e contras dos partos: normal ou cesárea.

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Divulgação

Deve acontecer em agosto a votação do Projeto de Lei, de autoria da deputada Janaína Pascoal (PSL-SP), que quer dar à gestante assistida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a opção de escolher a cesárea como opção de parto, mesmo sem indicação médica (PL 435/2019). Os debates reacenderam os questionamentos em relação aos prós e contras dos partos: normal ou cesárea.

Na opinião da ginecologista e obstetra Tatiana Prandini, que atua no departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, antes de discutir o modelo de parto mais adequado é preciso ampliar o debate. É necessário informar e conscientizar a população dos benefícios do parto normal e da assistência prestada pelo SUS. “Em Ribeirão Preto nossas maternidades do SUS são bem equipadas, têm equipe de saúde atualizada e tecnicamente bem treinada para uma assistência de ponta”, ressalta.

A médica explica que a questão cultural ainda é muito enraizada no que diz respeito ao parto. “No Brasil as mulheres têm uma opinião pré-concebida de que a cesárea é a melhor opção de parto. Na verdade ela deveria ser um procedimento de exceção quando fossem observados sinais clínicos de impossibilidade de parto normal.’’

Tatiana relata que no atendimento em consultório também percebe o quanto as gestantes são influenciadas pelas experiências das amigas ou familiares. Outros fatores que pesam na escolha da cesárea são: a insegurança em relação ao momento do nascimento do bebê; a pressão do empregador para que essa mulher defina logo o período de início de sua licença maternidade; os desconfortos e dores comuns no final da gestação; e as limitações físicas para realizar atividades comuns. Tudo isso contribui para que a gestante deseje acelerar e programar o nascimento do seu bebê.

“Precisamos investir em informação de qualidade, sem preconceitos e ilusões, para que as mulheres se sintam seguras para optar pelo modelo de parto que ofereça menos risco para ela e para o bebê”.

Tatiana reforça a importância da elaboração do plano de parto, da pesquisa feita pela gestante sobre os tipos de parto e da conversa com o obstetra para tirar eventuais dúvidas. O plano de parto ajuda muito na tomada das melhores decisões.

“Do ponto de vista clínico não há como negar que a cesárea oferece mais riscos à saúde da mulher, entre eles, hemorragias, infecções e complicações em gestações futuras”.

Ela explica que é preciso desmitificar algumas ideias formadas em relação ao parto. Como o próprio nome diz o parto normal segue o fluxo natural da gestação. O trabalho de parto é o sinal mais claro de que o bebê está pronto para nascer.

“As gestantes precisam conversar claramente com seus médicos, expor dúvidas e pesquisar fontes de qualidade antes de tomar qualquer decisão. Opiniões de pessoas sem expertise só trazem mais confusão e incertezas”, avalia Tatiana.

Perfil – A médica Tatiana Prandini atua no Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Integra as equipes de Gestação de Alto Risco e do Ambulatório de Patologias do Trato Genital Inferior do Hospital das Clínicas. Faz parte do corpo Clínico da Maternidade Sinhá Junqueira.

Atende em consultório na Clínica Ella.

Formou-se na Universidade de São Paulo (USP) – Campus Ribeirão Preto, em 2007. Fez residência em Ginecologia e Obstetrícia e pós-graduação em Anticoncepção.