O próximo 15 de julho é celebrado o Dia do Homem, data em que faz alusão à força e resistência tão ainda enraizadas nesse público. Exemplificando essa realidade, podemos citar o personagem masculino Hulk é conhecido pela sua força extrema, grande resistência física e por ter um dos fatores de cura mais rápido e eficiente do universo Marvel. Lesões que seriam fatais a qualquer ser humano, ou até mesmo aos mais poderosos personagens, são sanadas em segundos pelo fator curativo deste super-herói.
Essa força e superação certamente causa inveja, já que em meros mortais as resistências à dor são infinitamente menores. No entanto, não precisamos ir muito longe na comparação para analisar as diferenças de enfrentamento da dor entre os humanos, quando colocados lado a lado o sexo feminino e o masculino. Neste caso, quem seria o super-herói da história? Será que os homens são realmente mais fortes e são cuidados com a saúde, se comparados às mulheres?
Visando desmitificar essa imagem, e também alertar para a inadimplência em relação aos checkups preventivos por esse público, o neurocirurgião funcional especialista em dor, Dr. Claudio Corrêa, listou algumas curiosidades relacionadas ao assunto.
1. Homem e dor: uma relação de intolerância. Quando o assunto é dor e sua tolerância, é sabido que o público feminino reage com mais “perseverança” aos quadros dolorosos do que o sexo masculino. Os homens costumam ser menos tolerantes aos fenômenos dolorosos e se recusam, com mais frequência, a procurar os recursos dos serviços de saúde, por temerem o diagnóstico e o tratamento. Ao contrário, as mulheres são habitualmente mais cuidadosas neste quesito.
2. O mito do herói e suas implicâncias emocionais. O homem foi criado para ser e parecer forte, a não chorar e seguir adiante com suas dores. Paradoxalmente, este sentimento acaba gerando conflito, pois ao mesmo tempo em que negligenciam os sinais das doenças, acabam sucumbindo emocionalmente a elas quando não mais a suportam.
Por isso, é comum ouvir brincadeiras, especialmente partindo das mulheres que exercem papel de cuidadoras em suas famílias (marido e filhos), sobre o fato de eles serem mais manhosos. De fato, muitas vezes esse fator é atestado em consultórios médicos, quando os profissionais verificam maior aversão dos homens aos tratamentos e possíveis efeitos adversos sobre a dor.
3. A importância do checkup médico. Tais características comportamentais do homem diante da dor interferem de forma significativa nas estatísticas de atendimento, onde se observa o agravamento de doenças que, em estágio inicial, seriam mais facilmente tratadas. Se falarmos em fatores preventivos então, o quadro é ainda mais problemático, pois a rotina de checkup por parte do homem é quase nula em comparação a da mulher. Por ai poderíamos citar exemplos de grande importância para o homem, especialmente após os 50 anos, que seriam os exames preventivos de câncer de próstata e de intestino. Estas doenças, quando apresentam dor, já estão em estágio avançado.
Para minimizar este quadro é importante que se aumente os investimentos em campanhas educacionais de saúde, focando nas mensagens chaves que atinjam as características mais sensíveis ao homem. Se temos uma questão cultural de formação neste processo, devemos usar de consistência e frequência de ações motivacionais para mudar as concepções e hábitos formados.
Dr. Claudio Corrêa
Com mais de 30 anos de atuação profissional, Dr. Claudio Fernandes Corrêa possui mestrado e doutorado em neurocirurgia pela Escola Paulista de Medicina/UNIFESP. Especializou-se no tratamento da dor aliado a neurocirurgia funcional – do qual se tornou referência no Brasil e no Exterior.
É também o idealizador e coordenador do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho, serviço que reúne especialistas de diversas especialidades para o tratamento multidisciplinar e integrado aos seus pacientes.
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