6400 CIENTISTA afirmam que quarentena foi um crime

Segundo os signatários, os confinamentos produzem "efeitos devastadores" na saúde física e mental dos indivíduos e na saúde pública de curto e longo prazo.

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Imagem ilustrativa / Espécie é a mais utilizada para testes de medicamentos em todo o mundo.

Mais de 6 mil cientistas defendem que jovens ‘retomem vida normal’

Mais de 6.400 cientistas e médicos assinaram uma carta aberta pedindo que os governos do Reino Unido e dos Estados Unidos estimulem a imunidade de rebanho com a estratégia que eles chamam de “proteção forçada”.

A ideia é resguardar idosos e doentes e permitir a circulação de jovens acima de 18 anos para espalhar o vírus e elevar a imunidade na população.

O texto, que defende a proteção forçada no lugar de novos confinamentos, foi coordenado por professores de medicina da Universidade Harvard (EUA), Martin Kulldorff, e Stanford (EUA), Jay Bhattacharya , e pela epidemiologista da Universidade Oxford (Reino Unido), Sunetra Gupta.

Segundo os signatários, os confinamentos produzem “efeitos devastadores” na saúde física e mental dos indivíduos e na saúde pública de curto e longo prazo.

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“Manter essas medidas em vigor até que uma vacina esteja disponível causará danos irreparáveis, com os desprivilegiados desproporcionalmente prejudicados.”

Entre os efeitos das restrições eles listam taxas de vacinação infantil mais baixas, piora nos desfechos de doenças cardiovasculares, queda em exames de câncer e deterioração da saúde mental.

Segundo os cientistas, esse impacto levará a um maior excesso de mortalidade nos próximos anos, com os mais pobres e mais jovens carregando o fardo mais pesado. “Manter os alunos fora da escola é uma grave injustiça”, diz o texto.

Os pesquisadores dizem que o conhecimento sobre o novo coronavírus avançou, e hoje já se sabe que a vulnerabilidade à morte por Covid-19 “é mais de mil vezes maior em idosos e enfermos do que em jovens”.

Imagem: Egberto Nogueira/Ímãfotogaleria/VEJA

“Na verdade, para as crianças, Covid-19 é menos perigoso do que muitos outros danos, incluindo a gripe.”

A chamada imunidade de rebanho é atingida quando a porcentagem de imunes é grande o suficiente para bloquear a transmissão. Para o coronavírus, estima-se que ela esteja entre 60% e 70% da população, bem acima dos 10% que já contraíram o coronavírus até hoje, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Segundo os cientistas que assinam a carta, a vacina é uma forma de atingir a imunidade de rebanho, mas não é indispensável.

Como a maioria da população não corre o risco de morrer se for infectada, essa parcela deve continuar suas vidas normalmente, argumentam os cientistas.

Complicações de longo prazo provocadas pela Covid-19 não são mencionadas pela carta, batizada de Declaração do Grande Barrington, em referência à cidade em que foi escrita, no estado de Massachusetts (EUA).

Os autores sugerem que escolas e universidades devem adotar ensino presencial e retomar atividades extracurriculares, como esportes.

“Os jovens adultos de baixo risco devem trabalhar normalmente, e não em casa. Restaurantes e lojas devem ficar abertos. Artes, música, jogos e outras atividades públicas devem ser retomadas.”

A proposta ressalta que a proteção dos vulneráveis deve ser a prioridade de saúde pública. Entre possíveis medidas eles citam garantir que funcionários de casas de repouso estejam imunes ou façam testes frequentes e que todos os visitantes sejam testados.

Um sistema de apoio deve ser organizado para fornecer alimentos, medicamentos e outros itens essenciais a idosos, para que eles não deixem suas casas.

Quando possível, idosos devem encontrar os membros da família ao ar livre, e não dentro de sua casa, sugerem.

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A carta diz também que todos, jovens ou idosos, devem adotar medidas como lavar as mãos e ficar em casa quando doentes, porque isso reduz o liminar necessário para propiciar a imunidade de rebanho.

Publicado em inglês, alemão, espanhol, português e sueco, ele é coassinado por professores e cientistas de dezenas de universidades do mundo, entre elas as britânicas de Londres, Cambridge, Leicester, Edimburgo, York e Glasgow (Reino Unido), Yale (EUA), de Mainz (Alemanha), Tel-Aviv (Israel), Canterbury e Auckland (Nova Zelândia), Queens (Canadá), Instituto Karolinska (Suécia) e o Instituto Estatístico da Ìndia, e já recebeu apoio de mais de 57 mil pessoas.

A carta surge num momento em que o número de novos casos bate recordes e já começa a pressionar os sistemas de saúde. Na última semana, registrou-se 1 milhão de mortes desde o começo da pandemia.

Sob o impacto da segunda onda, governos de vários países europeus retomam restrições de mobilidade e estudam a possibilidade de reimpor confinamentos.

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Um deles é o próprio Reino Unido, que pode retomar o confinamento no norte da Inglaterra ainda nesta semana. O governo britânico chegou a adotar a estratégia de imunidade de rebanho, mas a abandonou ao longo de março.

Pesquisa realizada nesta quarta-feira no país pelo instituto YouGov, porém, mostra que 56% são contra a estratégia de “proteção forçada” sugerida pelos cientistas, enquanto 32% se dizem a favor. Entre os idosos, 65% são contra.

A discussão sobre retomar a vida normal dos mais novos surge também no momento em que o governo brasileiro permitiu que escolas mantenham aulas remotas até o final de 2021.

foto ebc