📊 Dados alarmantes mostram aumento de 25% nas últimas décadas, com jovens e mulheres sendo os mais afetados.
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Resumo:
Em 2023, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou mais de 11.500 internações relacionadas a tentativas de suicídio, o que equivale a uma média de 31 internações por dia. O número representa um aumento expressivo em comparação com anos anteriores, especialmente entre mulheres e jovens adultos. O estado de Alagoas destacou-se com o maior crescimento percentual, enquanto algumas regiões do país registraram quedas. Setembro Amarelo, campanha voltada à prevenção do suicídio, reforça a necessidade de diálogo aberto e busca por ajuda.
31 internações por tentativa de suicídio por dia no Brasil
Os números são chocantes e revelam uma triste realidade no Brasil. O Sistema Único de Saúde (SUS) registrou, até agora, 11.502 internações ao longo de 2023 decorrentes de tentativas de suicídio. Isso significa que, todos os dias, 31 brasileiros são hospitalizados por terem tentado tirar a própria vida, uma média diária que expõe a fragilidade emocional e os desafios enfrentados por milhares de pessoas em nosso país.
Comparado a dados de 2014, houve um aumento de mais de 25%, quando foram registrados 9.173 casos. Este salto alarmante destaca a crescente necessidade de ações mais eficazes para prevenção e atendimento em saúde mental. Médicos de emergência, geralmente os primeiros a atender esses casos, enfrentam o desafio de prestar o suporte técnico necessário em momentos críticos, mas também precisam estar preparados para lidar com a vulnerabilidade emocional dos pacientes.
Regiões mais afetadas e crescimento alarmante em Alagoas
O panorama regional das internações mostra que algumas regiões e estados enfrentam uma situação ainda mais grave. Alagoas, por exemplo, teve um crescimento de 89% nas internações entre 2022 e 2023, o maior aumento registrado em todo o país. Outros estados também apresentam números preocupantes, como a Paraíba, com aumento de 71%, e o Rio de Janeiro, com 43%.
Por outro lado, algumas regiões registraram quedas nas internações por tentativas de suicídio. O Amapá lidera essa redução, com uma diminuição de 48%, seguido por Tocantins (27%) e Acre (26%). No entanto, a Região Sul enfrenta uma “tendência preocupante”, segundo a Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede). Estados como Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina registraram aumentos significativos, reforçando a gravidade do problema.
O perfil de quem tenta tirar a própria vida
Os dados revelam uma distinção clara entre os sexos quando o assunto é internação por tentativa de suicídio. Entre 2014 e 2023, o número de mulheres internadas saltou de 3.390 para 5.854. Em contraste, o número de homens caiu ligeiramente, de 5.783 para 5.648 no mesmo período. O grupo etário mais afetado é o de jovens adultos entre 20 e 29 anos, com quase 3.000 internações registradas em 2023. Entre adolescentes de 15 a 19 anos, foram 1.310 casos.
Outro dado preocupante é o aumento de internações entre crianças de 10 a 14 anos, que praticamente dobrou desde 2011. Em 2023, foram registrados 601 casos nessa faixa etária, o que exige atenção especial das autoridades de saúde e das famílias.
Setembro Amarelo: A importância de pedir ajuda
Com a chegada de setembro, o Brasil promove a campanha Setembro Amarelo, que tem como objetivo sensibilizar a população sobre a prevenção do suicídio. Este ano, o lema é “Se Precisar, Peça Ajuda”, uma mensagem simples, mas de extrema importância. O suicídio é responsável por cerca de 14 mil mortes no Brasil todos os anos, ou seja, uma média de 38 pessoas por dia tiram a própria vida.
O especialista em trauma Héder Bello ressalta que, embora transtornos mentais sejam fatores de risco importantes, outras circunstâncias, como precariedade financeira, violência, abuso e até questões ligadas à orientação sexual, podem contribuir para pensamentos suicidas. Ele reforça que é necessário encorajar as pessoas a buscar ajuda e romper com o estigma que muitas vezes impede que os indivíduos procurem apoio.
Cenário mundial e metas da ONU
O problema não é exclusivo do Brasil. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas em todo o mundo tiram a própria vida anualmente. A OMS coloca o suicídio como a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, e os impactos sociais, emocionais e econômicos desse fenômeno são devastadores para as comunidades e famílias.
A meta estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) é reduzir a taxa global de suicídio em um terço até 2030, como parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Para alcançar esse objetivo, é crucial abordar o problema de forma ampla, incluindo questões sociais, econômicas, culturais e psicológicas que influenciam o comportamento suicida.
Lembre-se: Mesmo nos dias mais difíceis, há sempre alguém disposto a ouvir e ajudar.
Jornalista Aiello