😠 Autoridades fecham os olhos para creches de idosos, casas de repouso e atendimento domiciliar precário, não votam não valem a preocupação dos politicos.
Resumo inicial
Em Ribeirão Preto, a baixa taxa de natalidade e o envelhecimento acelerado da população deveriam motivar investimentos urgentes em serviços para a terceira idade. No entanto, prefeito e vereadores seguem construindo creches infantis enquanto ignoram totalmente a criação de “creches para idosos”, casas de repouso de longa permanência e um atendimento domiciliar decente para acamados. A omissão do poder público, aliada à falta de engajamento das igrejas e instituições do terceiro setor, transforma nossos idosos em invisíveis.
Negligência institucionalizada
A Constituição Federal e o Estatuto do Idoso impõem ao poder público a responsabilidade de assegurar dignidade e qualidade de vida aos mais velhos. Mesmo assim, nossa Prefeitura e Câmara Municipal optam por mirar nos votos fáceis das famílias jovens e fecham os olhos para quem mais precisa hoje. É uma escolha política: priorizar novos canteiros de obras para creches infantis, fechar os ouvidos ao clamor de quem dedicou a vida à cidade e agora sobrevive à espera de um cuidado básico.
Sem casa de repouso, sem esperança
Não existe sequer um plano municipal para viabilizar casas de repouso de longa permanência sob gestão pública. As poucas instituições privadas têm filas de espera imensas e mensalidades que beiram o proibitivo. A sociedade assiste calada, e vereadores sequer discutem propostas para ampliar vagas ou criar contrapartidas orçamentárias que garantam acolhimento digno. Enquanto isso, nossos idosos vivem em lares apertados, sozinhos ou sobrecarregando famílias já exaustas.
Atendimento domiciliar que mal caminha
Para quem não pode sair de casa, a falsa promessa de “atendimento domiciliar” traduz-se em visitas esporádicas, profissionais despreparados e demora de semanas — às vezes meses — até a primeira consulta. A saúde pública municipal trata acamados como protocolos burocráticos, não como vidas com história. Se pedimos um retorno rápido, a resposta é sempre: “não há equipe disponível”. E o idoso, muitas vezes em sofrimento, aguarda no abandono.
Igrejas e terceiro setor: omissão duplamente cruel
É lamentável que, além do poder público, nem mesmo igrejas e ONGs se mobilizem. Onde estão as pastorais da pessoa idosa? Por que entidades filantrópicas preferem “baixar custo” em projetos comunitários a investir em lares assistidos? Se as instituições religiosas não enxergam nosso idoso, resta perguntar: para quem servem, afinal? A responsabilidade social é de todos, mas nosso terceiro setor tem agido como espectador.
É hora de cobrar resultados
O silêncio de prefeito e vereadores ecoa em corredores vazios de casas de repouso e nos corredores de um pronto-socorro lotado de idosos sem atendimento em casa. AIELLO, este descaso não pode passar em branco. Exigimos que a Câmara Municipal apresente, em 30 dias, projetos de lei criando:
- Creche para idosos — espaço de convivência, estímulo físico e mental;
- Casas de repouso públicas — vagas subsidiadas para quem não pode pagar;
- Atendimento domiciliar eficiente — equipes dedicadas e agendadas em até 48 horas.
Especialista da área da matéria do portal em Ribeirão, o único portal independente da região que não recebe verbas públicas.
“Não há obra social maior do que cuidar de quem construiu nossa cidade. Chega de olhar para o futuro sem respeitar o passado!”

alguns motivos que ajudam a entender essa situação:
- Leis e obrigações constitucionais
– As prefeituras têm o dever de oferecer educação infantil (creches) e ensino fundamental (escolas) por força da Constituição e de leis federais. Essas normas cobram a criação de vagas para crianças de 0 a 5 anos e para o ensino até os 15 anos. Como não há nada equivalente exigindo “creches para idosos”, o poder público direciona seus recursos para escolas e creches infantis. - Planejamento e orçamento público
– Obras de creches e escolas entram em planos plurianuais e orçamentos que são aprovados com longo prazo (normalmente quatro anos). Mesmo que nasçam menos crianças, essas construções já estavam previstas e contratadas. Alterar esse planejamento no meio do caminho pode significar multas, perda de verbas federais e outras complicações. - Votos e política
– Eleitores tendem a valorizar mais investimentos em educação infantil e básica. Famílias com crianças dependem diretamente dessas vagas, e isso representa uma parcela relevante de votos. O eleitor idoso, em geral, conta com sistemas de saúde e benefícios sociais, mas raramente cobra diretamente “creches para idosos”. - Inércia demográfica
– Embora a taxa de natalidade caia, ainda existe um volume grande de crianças nascidas nos anos anteriores que requer escolas. A população de 6 a 14 anos ainda é considerável, e as turmas envelhecem ano a ano. Só com o tempo essa demanda reduzirá; até lá, as vagas continuam necessárias. - Responsabilidade municipal x estadual/federal
– A gestão de educação infantil é municipal, enquanto muitos serviços de saúde e cuidado a idosos (como longas estadias em instituições) são gerenciados pelo estado ou pelo setor privado. Assim, a prefeitura acaba focando no que é atribuição direta dela. - Cultura e visibilidade social
– Cuidar de crianças gera forte mobilização comunitária: a falta de vagas em creches gera protestos de pais e mães. Já a carência de locais para idosos costuma passar mais despercebida e receber menos pressão pública organizada.
Em resumo, a insistência em construir novas creches e escolas públicas decorre de obrigações legais, planejamentos orçamentários rígidos, interesses políticos eleitorais e da percepção social sobre quem “faz mais barulho” na hora de cobrar serviços. Para que o poder público passe a olhar mais para espaços de convivência e cuidado de idosos, seria preciso iniciativa de lei municipal, pressão da sociedade civil organizada de terceira idade e realocação de recursos orçamentários, o que hoje ainda não acontece de forma consistente.
JORNALISTA AIELLO
