Os bebês reborn, bonecas que imitam recém-nascidos com detalhes impressionantes, têm gerado debates acalorados sobre saúde mental, ética e consumo. Maior problema será quando os “pais” perceberem que seus “filhos” deixaram de respirar.
Com preços que variam de R750aR750aR 9,5 mil – incluindo modelos em incubadoras –, esses objetos despertam fascínio e preocupação. Abaixo, exploramos os principais aspectos desse fenômeno:
1. Mercado em Ascensão: Arte, Custo e Processo de Criação
As bonecas reborn são produzidas artesanalmente, partindo de kits desmontados que são pintados à mão para replicar veias, texturas de pele e até marcas de nascença. O cabelo é implantado fio a fio, e o peso simula o de um bebê real 48. Artesãs como Suzana Feitoza (Santos/SP) personalizam cada detalhe sob demanda, cobrando até R$ 1,9 mil por unidade, enquanto lojas especializadas oferecem enxovais completos com certidões de nascimento e “vacinas” simbólicas.
Preços estratosféricos:
- Básico: R$ 750 (bonecas simples com acessórios mínimos).
- Premium: Até R$ 9,5 mil para modelos em incubadoras, com mecanismos de respiração e batimentos cardíacos simulados.
2. Simulação de Realidade: Certidões, Vacinas e “Partos”
A experiência de compra muitas vezes inclui elementos teatrais:
- Certidões de nascimento personalizadas: Vendidas separadamente por R$ 14,90 em formato digital, permitindo que clientes batizem as bonecas.
- Kits médicos fictícios: Enxovais com “teste do pezinho” e carteiras de vacinação, apesar de não terem validade real.
- “Partos empelicados”: Cerimônias onde a boneca é “nascida” envolta em uma bolsa amniótica, atraindo colecionadores e curiosos.
3. Saúde Mental: Terapia ou Risco?
Uso terapêutico:
- Luto e traumas: Psicólogos destacam que os reborns podem ajudar na elaboração de perdas gestacionais ou no cuidado de idosos com Alzheimer, oferecendo conforto simbólico.
- Redução da solidão: Para mulheres que enfrentam infertilidade ou isolamento, o ato de cuidar da boneca pode gerar rotina e propósito.
Riscos emocionais:
- Substituição de vínculos reais: Quando o apego à boneca leva ao isolamento social ou à crença de que ela é real, especialistas alertam para agravamento de depressão e ansiedade.
- Casos extremos: Influenciadoras como Yasmin Becker viralizaram ao simular emergências médicas com bonecos, levantando questões éticas sobre a banalização de recursos de saúde.
4. Debate Ético: Fantasia vs. Realidade
- Hospitais e emergências: Preocupa a possibilidade de bonecos reborn ocuparem espaços destinados a crianças reais, como em casos de atendimentos simulados.
- Fetichização da maternidade: A psicóloga Laís Mutuberria critica a exploração comercial de vulnerabilidades emocionais, especialmente quando não há acompanhamento profissional.
5. A Visão dos Especialistas: Equilíbrio é Chave
- Neuropsicólogo Frank Duarte: “O uso de reborns deve ser temporário e supervisionado, nunca um substituto permanente para relações humanas”.
- Psiquiatra Jorge Jaber: “Se a prática traz bem-estar sem prejudicar a funcionalidade diária, não há patologia. O problema surge quando vira uma obsessão”.
Conclusão: Entre o Cuidado e o Delírio
Os bebês reborn refletem dilemas contemporâneos: o desejo de maternar, a busca por pertencimento e a luta contra a solidão. Enquanto artesãs transformam vinil em “vida” e terapias inovadoras surgem, a linha tênue entre fantasia e realidade exige cautela. Como alerta a psicóloga Carla Campos: “O imaginário cura, mas sem limites, aprisiona”.
🌟 Valorize relações reais, mas respeite as metáforas que aliviam dores invisíveis.
ASSINATURA:
JORNALISTA AIELLO DRT 3895/SP – Em Ribeirão 10 anos celebrando a cultura que fortalece nossas raízes
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