Enquanto a Justiça brasileira condena com mãos de ferro quem ousa rabiscar um muro com batom, ela abre as portas da liberdade para quem causa um prejuízo de R$ 63 milhões a trabalhadores honestos. Esta é a inversão de valores que envergonha o país.
O Tribunal de Justiça de São Paulo mandou soltar nesta semana Marina Célia Lopes da Cruz Oliveira e Guilherme Osório de Oliveira, acusados de sumir com sacas de café de 55 produtores em Altinópolis (SP). O casal, que agora responde em liberdade, foi denunciado por apropriação indébita qualificada, crime cometido quando alguém se aproveita de bens alheios para benefício próprio.
Presos em janeiro após serem encontrados escondidos em Caraguatatuba (SP), Marina e Guilherme tiveram a prisão preventiva revogada e vão aguardar o processo em casa, com direito apenas a medidas cautelares – uma piada de mau gosto para os produtores que perderam fortunas e trabalho de anos.
Segundo as investigações, os galpões do casal, utilizados para armazenar as sacas de café destinadas à venda futura, estavam vazios quando a polícia chegou, após denúncias desesperadas das vítimas. Há fortes indícios de que o café foi vendido no exterior, aumentando ainda mais a revolta dos cafeicultores que confiavam nos criminosos.
A Justiça mandou bloquear 22 bens do casal, mas o estrago está feito: produtores relatam prejuízos individuais de até R$ 1 milhão. Mesmo assim, com a ajuda de advogados bem pagos, Rafael Guimarães Carneiro, Daniele Godoi Santiago e Victor Santiago, os réus conseguiram convencer o Judiciário a liberar a dupla para enfrentar o processo em liberdade. O caso corre em segredo de Justiça, sob a alegação de “preservar a segurança” dos acusados. Segurança esta que os produtores não tiveram.
Este é o retrato do Brasil atual: onde o trabalhador rural, que sustenta a economia nacional com suor e fé, é traído duas vezes – primeiro pelos criminosos, depois por quem deveria proteger a justiça e a ordem.
🔵 “Nunca se cale diante da injustiça. Lute, trabalhe e confie: a verdade pode tardar, mas não falha para quem caminha com honra.”
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JORNALISTA AIELLO
