A cada novo discurso do prefeito Ricardo Silva, Ribeirão Preto parece mais com uma capa de revista do que com a cidade real em que vivem os munícipes. O prefeito vende um paraíso cor-de-rosa enquanto a população enfrenta filas, desinformação e serviços que caem nas costas do governo federal ou estadual — e não da gestão municipal que adora posar para foto.
E os vereadores? A Câmara virou um cartório de luxo, onde meia dúzia de parlamentares bate carimbo para o Executivo sem questionar, sem fiscalizar e sem coragem. A palavra independência por ali deve ter sido arrancada do dicionário. Servem de adorno. A pergunta que ecoa pelos corredores é simples: o jogo está rendendo quanto e para quem?

Serviços “da prefeitura” que não são da prefeitura
O marketing da gestão municipal tenta empurrar como feito próprio serviços que, na prática, pertencem ao governo federal.
1. Saúde online “do Ricardo” — mas é federal
O badalado atendimento de saúde online tão anunciado pela prefeitura não é municipal. É um programa federal. O prefeito apenas repete a propaganda como se tivesse inventado a roda.
2. CAPS e o festival de desrespeito
Para ser atendido no CAPS, o cidadão precisa entrar no sistema federal. A prefeitura sequer controla o processo, mas adora tirar foto fingindo que faz tudo funcionar.
Para piorar:
- O CAPS mudou de endereço sem avisar ninguém.
- Não enviaram release para a imprensa.
- Os materiais impressos continuam com o endereço errado, fazendo gente perder viagem.
- E mesmo quando o usuário chega ao local correto, encontra um cenário indigno.
A internação, que depende do Estado, funciona assim:
10 homens + 1 criança dividindo um único banheiro, para necessidades e banho.
Ambiente insalubre, fechado, sem janelas, onde não se sabe se é dia, noite, sol ou chuva.
Os profissionais fazem o impossível com o pouco que têm. Mas a prefeitura faz o possível para terceirizar problemas e posar com medalha de ouro.
3. O REFIS “municipal” — que passa por Brasília
Até o famoso REFIS segue a regra do absurdo: para agendar e parcelar, o cidadão precisa do sistema federal.
Como Brasília não tem o cadastro da prefeitura, o contribuinte precisa enviar documentos que o município já possui online, mas se recusa a resolver localmente.
Quem paga o preço?
O munícipe. Sempre o munícipe.

A cidade está largada — e todos fingem que está tudo bem
Ribeirão enfrenta:
- Falta de política para idosos, que continuam sofrendo com descaso e demora.
- Ausência total de estratégias para moradores de rua, que vivem espalhados pela cidade enquanto as famílias tentam manter a mínima ordem no dia a dia.
- Serviços burocráticos e confusos.
- Um prefeito que vive num mundo paralelo.
- E vereadores que falam manso e agem como se fossem empregados do gabinete do prefeito.
Enquanto isso, quem paga impostos sofre. Sofre para ser atendido, sofre para se deslocar, sofre para resolver o básico, sofre para viver.
Ribeirão Preto não é o paraíso pintado por Ricardo.
Ribeirão Preto é a cidade jogada às traças — e aos trancos — enquanto governo e legislativo batem cabeça ou fingem que nada acontece.
E muitos perguntam:
Quem realmente comanda a cidade? Ricardo? Lula ? Ou ninguém?
Sempre existe um caminho melhor para quem tem coragem de enfrentar a verdade. O problema é que poucos estão dispostos a encarar o espelho.
JORNALISTA AIELLO
Especialista da área da matéria do portal em Ribeirão, o único portal independente da região que não recebe verbas públicas.


