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Resumo: A Polícia Civil de Mogi das Cruzes descobriu um esquema criminoso operado por membros do PCC que movimentou R$ 8 bilhões para financiar campanhas eleitorais em São Paulo. Um banco, semelhante a uma fintech, foi criado para lavar dinheiro e apoiar candidaturas, influenciando políticos locais e buscando controle na política municipal. As investigações revelam uma vasta rede de empresas de fachada e indivíduos envolvidos em atividades ilícitas, com conexões em diversas cidades paulistas. O objetivo do crime organizado era infiltrar-se na administração pública por meio de candidatos eleitos.
A Polícia Civil de Mogi das Cruzes está investigando um esquema altamente sofisticado de lavagem de dinheiro, operado por membros da facção criminosa PCC, que movimentou impressionantes R$ 8 bilhões. Segundo as investigações, esses recursos foram utilizados para financiar campanhas eleitorais em várias cidades do estado de São Paulo, estabelecendo uma perigosa conexão entre o crime organizado e a política local.
O “Banco do Crime”
O principal instrumento usado pelo PCC foi um banco clandestino, com sede em Mogi das Cruzes, que funcionava como uma fintech. A instituição financeira operava sem qualquer autorização do Banco Central, movimentando grandes somas de dinheiro para apoiar candidaturas políticas em São Paulo. Em apenas cinco anos, a instituição lavou R$ 600 milhões, com quase R$ 100 milhões sendo retirados em saques e dinheiro vivo.
Além dessa instituição, outras 19 empresas foram identificadas como envolvidas no esquema. Essas empresas eram usadas para realizar transações financeiras suspeitas, e muitas delas estavam registradas em nome de familiares e cúmplices dos membros da facção.
Infiltração Política
Entre os principais envolvidos está João Gabriel de Mello Yamawaki, um dos líderes do núcleo financeiro do PCC, conhecido internamente como “câmbio”. Ele foi preso temporariamente no início de agosto e mantinha relações com vários políticos e candidatos. A investigação revela que Yamawaki estava articulando a eleição de vereadores em cidades-chave do estado, com o objetivo de ganhar influência política.
Em Mogi das Cruzes, a cidade onde Yamawaki residia, ele tinha um relacionamento com Marie Sasaki Obam, uma ex-candidata a vereadora pelo União Brasil. Após as investigações virem à tona, Marie desistiu da candidatura. Yamawaki também utilizava o nome da filha de Marie para registrar empresas de fachada, somando R$ 100 milhões em ativos.
A Polícia Civil também identificou movimentações financeiras de R$ 30 mil entre o banco do PCC e Thiago Rocha, suplente de vereador em Santo André, que também trabalhava na Prefeitura de Mogi das Cruzes. A relação de Rocha com Yamawaki está sendo minuciosamente investigada para determinar seu papel na articulação política a favor do crime organizado.
A Expansão do Crime
O esquema não se limitou a Mogi das Cruzes. Em Ubatuba, mensagens interceptadas revelaram que Yamawaki pretendia lançar sua irmã como candidata a vereadora, buscando expandir a influência do PCC para áreas estratégicas. A facção também tem interesse em Ubatuba devido à proximidade com o Porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro, onde atividades criminosas, como o tráfico de drogas, têm mais facilidade de operação.
Além disso, em São Bernardo do Campo, uma servidora municipal está sendo investigada por envolvimento com Márcio Barboza, o “Beiço de Mula”, uma das principais lideranças do PCC no ABC Paulista. A servidora, que ocupa um cargo comissionado na Secretaria de Obras, realizou transações financeiras suspeitas com Barboza, levantando suspeitas sobre o uso de recursos ilícitos para beneficiar sua posição dentro da administração pública.
Empresas de Fachada
A investigação apontou que Yamawaki controlava uma vasta rede de empresas de fachada registradas no nome da filha de Marie Sasaki Obam. Essas empresas estão espalhadas por Mogi das Cruzes, Palmas (TO), e São Paulo, e somam mais de R$ 100 milhões em valores movimentados. Entre as atividades dessas empresas, estava a operação de uma ONG chamada Instituto Nacional de Cidadania e Aprendizagem, que atualmente está com a página fora do ar.
Impacto e Consequências
As descobertas da polícia revelam uma rede complexa de corrupção e influência política, onde o crime organizado busca expandir seu poder por meio de políticos eleitos. A operação bloqueou contas bancárias e apreendeu documentos que podem levar a novas prisões e revelações nos próximos dias.
As investigações continuam, com a polícia focada em descobrir o grau de envolvimento dos candidatos apoiados pelo PCC e em como a facção conseguiu se infiltrar nas administrações públicas. Esse caso coloca em xeque a integridade do processo eleitoral e levanta sérias preocupações sobre a presença do crime organizado na política brasileira.
“A justiça só existe onde há verdade. A verdade é a arma mais poderosa contra o crime e a corrupção.”
Jornalista Aiello.