A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, desistiu de viajar a Nova York para discursar na Organização das Nações Unidas (ONU) e chefiar a delegação brasileira na 69ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW). Nos bastidores, o cancelamento da viagem levanta suspeitas sobre o temor de represálias devido às tensões políticas entre Brasil e Estados Unidos e ao crescimento do movimento conservador no país norte-americano.
RISCO POLÍTICO E CLIMA HOSTIL
O governo Lula organizava a participação de Janja como líder da comitiva brasileira, mas sua desistência fez com que a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, assumisse o posto. Fontes do governo apontam que a decisão foi tomada com base em um “diagnóstico de alto risco” da viagem, sugerindo que Janja poderia enfrentar manifestações hostis de opositores do governo Lula nos EUA.
Com a posse de Donald Trump e o fortalecimento do conservadorismo, figuras ligadas à direita brasileira, como Eduardo Bolsonaro, Paulo Figueiredo e Allan dos Santos, têm feito campanha para pressionar a Casa Branca a punir autoridades brasileiras que, segundo eles, atuam contra a liberdade de expressão.
Em um episódio recente, Janja ofendeu o bilionário Elon Musk durante o G20, chamando-o de “idiota”. O ato causou repercussão negativa, gerando distanciamento até dentro do próprio governo. Lula, na ocasião, se viu obrigado a desautorizar sua declaração.
DESGASTE POLÍTICO E GASTOS QUESTIONÁVEIS
As constantes viagens internacionais de Janja têm sido alvos de críticas devido aos altos gastos públicos. Apesar de não ocupar cargo oficial no governo, ela tem assumido funções de representação com uso de dinheiro público. Seu papel informal no governo já foi questionado pela Transparência Internacional e por políticos da oposição, como a deputada Rosângela Moro, que propôs um projeto de lei para obrigar a publicidade das agendas e despesas da primeira-dama.
A ausência de Janja nos Estados Unidos também simboliza um revés diplomático para o governo Lula, que já enfrenta tensões com a administração Trump. O cancelamento, além de indicar um possível receio de confrontos, reforça o desgaste da primeira-dama, cuja popularidade despencou junto à de seu marido.
CONCLUSÃO
Diante da desistência de Janja, fica a pergunta: teria ela temido represálias políticas nos Estados Unidos? A falta de transparência sobre os reais motivos da decisão e o histórico de confrontos com nomes influentes da direita mundial alimentam especulações sobre sua real influência no governo. Enquanto isso, os brasileiros seguem arcando com os custos de suas viagens e agendas que, muitas vezes, parecem ter mais caráter pessoal do que institucional.
JORNALISTA AIELLO
Especialista da área da matéria do portal Em Ribeirão, o único portal independente da região que não recebe verbas públicas.


