As conversas, divulgadas, mostraram insatisfação com a demora da Interpol em emitir um alerta vermelho contra o jornalista e Allan dos Santos

As novas mensagens entre juízes instrutores do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do STF, revelaram comentários polêmicos que geraram críticas intensas da oposição, especialmente de políticos de direita.

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As novas mensagens entre juízes instrutores do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do STF, revelaram comentários polêmicos que geraram críticas intensas da oposição, especialmente de políticos de direita. As conversas, divulgadas pela Folha de S. Paulo, mostraram insatisfação com a demora da Interpol em emitir um alerta vermelho contra o jornalista e influenciador Allan dos Santos, que é simpático ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Em uma das mensagens, um juiz sugeriu contratar jagunços para capturar Santos e colocá-lo em um avião de volta ao Brasil.

Essas declarações provocaram reações indignadas de figuras políticas como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que acusou o uso do tribunal como um instrumento de perseguição política. O ex-presidente Bolsonaro também criticou as falas, comparando a situação ao que se vê em regimes autoritários.

As críticas focam nas possíveis violações do devido processo legal e no uso indevido de poder, destacando uma crescente preocupação com o equilíbrio entre as ações judiciais e os direitos fundamentais no Brasil.

LEIA AS MENSAGENS DO GABINETE DE MORAES

Na conversa de novembro de 2022, Vieira falou, em áudio, sobre a inclusão do nome de Allan dos Santos na Difusão Vermelha da Interpol. “A questão do alerta vermelho é uma longa história, mas em resumo é o seguinte: o pedido do alerta vermelho já foi feito há mais de ano, só que ele [o pedido] está em Lyon [França], que é a sede da Interpol. E o pessoal de lá até agora não atendeu, simplesmente se recusou a pôr e de nada adiantaram os pedidos reiterados feitos pela Interpol aqui do Brasil”, declarou.

Conforme Vieira, o escritório da Interpol na França deu a entender “que a questão poderia ter viés político”. Disse: “Nós estamos pedindo, eles não colocaram. Isso fez com que, aliás, o Allan dos Santos não fosse preso até agora”. “O escritório central da Interpol, em Lyon, não coloca o nome dele no alerta vermelho. Os EUA não respondem ao pedido de extradição, que já foi feito, com base até na prisão preventiva dele decretada. A situação é essa”, declarou Vieira. Marco Antônio Vargas disse que nem iria “responder ao ministro” sobre a questão envolvendo a Interpol, pois Moraes

Vieira, então, declarou: “Sim, conhece essa história em detalhes. Não se conforma, com toda a razão. Mas nada podemos fazer quanto a essa questão da Interpol, assim como com a questão da extradição. Tudo o que podíamos fazer foi feito, seguimos todo o trâmite. Mas a Interpol em Lyon engavetou o pedido de alerta vermelho e os EUA não resolvem a questão da extradição. Difícil”. Em outra mensagem, Vargas classificou como “sacanagem” as atitudes dos EUA

Mas a Interpol em Lyon engavetou o pedido de alerta vermelho e os EUA não resolvem a questão da extradição. Difícil”. Em outra mensagem, Vargas classificou como “sacanagem” as atitudes dos EUA e da Interpol. “Com certeza. Por isso esse idiota do Allan dos Santos se sente livre para fazer o que faz”, afirmou Vieira

“Dá vontade de mandar uns jagunços pegar esse cara na marra e colocar num avião brasileiro”, disse Vargas. Vieira voltou a criticar os EUA. Em áudio, declarou: “Se eles [norte-americanos] quiserem te mandar embora porque não gostaram dos seus olhos, eles inventam um pretexto qualquer e colocam você no 1º avião de volta e deportam, extraditam, dão pé no traseiro, o nome que você quiser, mas eles fazem o que eles bem entenderem com quem eles quiserem. Do contrário, não há governo no mundo que determine o que eles têm que fazer”

Continuou: “Eles têm o tempo deles, os interesses deles, esse é o problema todo, essa é a questão”. E completou: “Se, para nós, o Allan dos Santos tem alguma importância, para eles a importância é zero. Então, eles não vão comprar uma dor de cabeça com o governo do Brasil, em que pese o governo do Brasil ser de outra orientação. Talvez a partir de 1º de janeiro [de 2023, com a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT)] a coisa mude, não sei”. Procurado pela Folha, o gabinete de Alexandre de Moraes disse que “todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos

nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria Geral da República”. Em março deste ano, as autoridades norte-americanas comunicaram que seguiriam parcialmente com o pedido de extradição. Integrantes do governo dos EUA solicitaram mais informações sobre os crimes que Allan é investigado. Em documento ao Ministério da Justiça, as autoridades norte-americanas dizem “compreender” a importância do tema e se comprometem em analisar com celeridade depois do envio dos materiais.”

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